2014/08/20

Brasil quer que a Apple e Google removam app Secret dos smartphones dos utilizadores


Estamos num momento histórico que nos pode mostrar a fragilidade dos sistemas actuais de controlo das apps, quando os mesmos são utilizados para impor as vontades de um estado sobre os seus cidadãos. Parece que o Brasil não quer que os seus cidadãos tenham apps que revelar segredos, e quer obrigar a Apple e o Google a que removam a app Secret da suas lojas... e dos smartphones dos seus utilizadores.

O Secret é apenas uma das apps que têm surgido recentemente e que permitem revelar segredos de forma anónima, e que por isso se podem tornar incómodas para políticos e outras pessoas que receiem ver os seus segredos expostos na praça pública - embora, interesse relembrar, que isso poderia sempre acontecer, de mil e uma outra formas, que não através desta app.

Por isso mesmo se torna ridículo e "inacreditável", que uma decisão deste tipo possa vir a ser tomada, e que para além da remoção da app das respectivas lojas do Google e Apple, estes serviços fossem obrigados a removê-los remotamente dos smartphones dos utilizadores que já as tivessem instalado.

Actualização: Apple já removeu a app da sua App Store.

Na verdade, até fui procurar se a notícia não teria tido origem num qualquer site de notícias satíricas - mas infelizmente parece ser mesmo verdade (e pelo que pude perceber, no Brasil parece não haver direito ao anonimato, e por isso as apps deste tipo poderem ser consideradas "ilegais").

Mesmo assim... será que se deverá aceitar algo deste tipo?

5 comentários:

  1. Isso não faz sentido nenhum, tiram uma instalam duas.
    Era o que faltava um governo decidir que apps posso instalar ou não.

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  2. Na verdade não é o governo brasileiro que quer retirar a app das lojas. Acontece que um rapaz foi alvo de quatro publicações no Secret, que traziam fotos deste nu, e diziam que ele era portador do vírus HIV e participava de orgias com seus amigos. O quarto foi feito após ele escrever em um perfil que procuraria levar o caso à Justiça. Então essa possível proibição da aplicação é apenas um dos pedidos do queixoso ao tribunal. Não se trata de uma acção governamental e sim de alguém que na impossibilidade de responsabilizar criminalmente os autores da publicação (devido ao anonimato dos mesmos) responsabiliza o serviço em si. Tendemos a achar que a liberdade permite tudo, mas na verdade o anonimato por vezes dá azo à impunidade.

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  3. De vez em quando leio os comentários a notícias de jornais e dá para ver o ódio e frustração de muita gente. Para mim é quase um choque anafilático. "Quê?! Se calhar lido com alguns deles e os gajos são assim?!". O que vale é que costumava ir à bola e por vezes, a mesma pessoa, era uma besta a ver a bola e, fora dali, era normal. Tenho esperança que os comentários, de bestas, sejam de pessoas normais quando largam os comentários.

    Essas bestas, se arranjarem uma app que lhes garanta que podem destilar o ódio e maledicência, sem ser responsabilizados porque não é possível identificá-los, pode ser uma coisa muito séria.

    Isto para dizer que há a face iluminada da lua (ninguém deve calar a verdade que deve ser dita - por acaso acho que nem todas as verdades devem ser ditas, quando não são benéficas para ninguém e, pelo contrário, podem prejudicar, às vezes irremediavelmente, alguém) e a face oculta da lua (a quantidade de f.d.p. que por aí há é mais que muita).

    [Os jornais têm uns infelizes que filtram os comentários, antes ou depois de serem publicados, a quem presto a minha solidariedade, porque alguém tem que fazer isso - ou então acabam-se os comentários].

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  4. Havia uma coisa que me estava a fazer espécie: como é que o Secret é "secreto" se, estou totalmente convencido disso, nos EUA não são permitidos sistemas de comunicação (telefónico/SMS, mensagens instantâneas, mail e afins) sem que o operador/prestador de serviço de internet assegure que está em condições de entregar às autoridades competentes o conteúdo dessas comunicações.

    Afinal o Secret cumpre essa regra. É anónimo, no sentido em que não carece de identificação, e "secreto", no sentido em que os utilizadores não podem obter essa identificação, mas se um juiz o pedir o serviço entrega a informaçào sobre utilizadores como qualquer serviço de mensagens instantâneas (Tem também um serviço de reclamações em inglês.)

    Agora, se houver queixa judicial fora dos EUA, o juiz desse país tem que pedir a um juiz dos EUA que proceda junto do Secret, e que é demorado.

    Face a isso, um juiz brasileiro, não o Governo, mandou retirar dos stores de apps, da Apple, Google e Microsoft, a Secret e outra, sob pena de multa diária.

    Curtida a coisa. Mais em:
    http://blogs.estadao.com.br/link/justica-determina-a-suspensao-do-secret-no-brasil/

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  5. A Apple cumpriu ... em parte: retirou a Secret da Apple Store brasileira. Faz sentido :)

    http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/08/secret-e-retirado-de-loja-de-aplicativos-da-apple-no-brasil.html

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