Os Galaxy S são modelos icónicos da Samsung que tiveram uma grande responsabilidade em fazer com que o Android se assumisse como uma plataforma "de respeito". Em 2010 o Galaxy S original mereceu um "escaldante", e não deixa de ser curioso constatar o quanto as coisas mudaram em apenas 4 anos, e como este novo Galaxy S5 está "anos luz" à sua frente.
O Galaxy S5
O mais recente Galaxy S5 vem equipado com um Snapdragon 801 quad-core a 2.5GHz, 2GB de RAM, 16/32GB de flash, ecrã Super AMOLED de 5.1" Full HD, câmaras de 16MP (com vídeo Ultra HD) e frontal de 2MP (com vídeo Full HD), sensor de impressões digitais, sensor de frequência cardíaca, WiFi ac, bateria de 2800mAh, tem peso de 145g e espessura de 8.1mm, e é à prova de pó e água.
A opção estética por uma tampa traseira "picotada" e um aro de aspecto cromado com dupla curva dependerá do gosto de cada um, mas pessoalmente preferia o aspecto do Galaxy S4 (que se posto lado a lado deste S5, até poderá parecer mais moderno).
A tampa traseira amovível e as portas da ficha USB contam com as devidas protecções para garantir que o mesmo consegue resistir aos mergulhos até 1m de profundidade durante um máximo de 30 minutos... desde que tenham a tampa bem colocada e as respectivas portas das fichas devidamente fechadas. Na prática, faz com que não devam usar o S5 como um dispositivo subaquático, mas dando confiança suficiente para o poderem usar à chuva e sem grandes receios que um qualquer acidente o faça cair na água momentaneamente.
O ecrã Super-AMOLED
Longe vão os tempos em que o padrão pentile de 800x480 causava alguns dissabores. Agora o S5 vem equipado com um ecrã full HD que é considerado dos melhores ecrãs da actualidade, e é impossível não ficar maravilhado pelas suas cores vibrantes.
A diferença do que é possível apresentar numa página do browser do S5 e do Nexus 5 é substancial, mesmo tendo a mesma resolução, em boa parte devido à manutenção das teclas "fora do ecrã" no S5.
[S5 à esquerda, Nexus 5 à direita]
Não vou mentir - vocês já sabem que eu sou particularmente esquisito com a definição dos ecrãs - e a verdade é que ainda "noto" que os pixeis não têm aquela nitidez dos subpixeis RGB de um ecrã LCD quando se olha para texto preto sobre um fundo branco. Mas é a um nível que não causa qualquer incómodo real, e que se desvanece por completo em imagens e vídeos. Para além do mais é amplamente compensado pelo que se ganha no contraste, vivacidade das cores, e até nos níveis de brilho.
Para quem gostar de ler "às escuras", irá apreciar que o modo de brilho mínimo no Galaxy S5 é bem mais baixo que o habitual brilho mínimo num LCD, mas sem que isso afecta as cores ou qualidade da imagem.
Fotos e vídeo
O Galaxy S5 vem equipado com uma câmara traseira de 16MP e uma frontal de 2MP. Na câmara traseira encontramos um sem fim de funcionalidades, como gravação de vídeo 4K a 30fps, 1080p a 60fps, 720p a 120fps, vídeo HDR, dual-video e opções suficiente para que se entretenham durante semanas a explorar tudo.
É até possível criar "passeios virtuais" que criam uma experiência ao estilo Google Street View, onde podemos andar a passear por um mundo virtual.
Em funcionamento
Quem estiver habituado ao TouchWiz da Samsung não terá qualquer dificuldade a ambientar-se ao Galaxy S5, e quem vier de outros Androids também o fará com bastante facilidade. No meu caso, sendo eu um fã do Android "puro", não posso dizer que me sinta atraído pelo TouchWiz, embora reconheça que nalguns aspectos até possa ser mais funcional que o Android base.
Mas também é inegável que a Samsung necessita de por muita coisa em ordem, já que o TouchWiz acaba por ser uma autêntica salgalhada que mistura diferentes estilos visuais, umas vezes mais parecendo o Android, outras vezes mais parecendo um Tizen, e outras vezes... nem se sabe bem o quê. Com a chegada do Android L o Google quer passar a ter um estilo visual mais unificado, vamos esperar que a Samsung aproveite a oportunidade para também o fazer com o seu TouchWiz.
Quanto ao sensor de impressões digitais, integrado no home button, é daqueles que obriga a "passar o dedo". O sistema funciona bastante bem, e para fazer com que falhasse tive mesmo que me "esforçar" (passar dedo demasiado depressa/devagar, em sentido contrário, atravessado, etc.) O seu maior problema é mesmo o de se tornar impossível desbloquear o smartphone com uma só mão.
Já o sensor de frequência cardíaca na parte de trás, acaba por ser uma autêntica brincadeira, que para além de nos pedir que fiquemos quietos e em silêncio(!) dá leituras altamente variadas mesmo em medições consecutivas. Admito que com um pouco mais de treino se consigam obter resultados mais fiáveis, mas o facto de apenas registar a frequência cardíaca quando nos lembrarmos de a ir medir faz com que o seu interesse seja bastante relativo.
Para os fãs da autonomia, o S5 vem com um modo de ultra-economia que o transforma num smartphone simplificado e com ecrã em modo monocromático... e que poderá ser o ideal para quem tenha que passar longas temporadas longe de uma fonte de energia.
Quanto ao resto... o S5 comporta-se como se esperaria de um qualquer topo de gama actual.
O Gear Fit
A acompanhar o S5 tivemos a oportunidade de testar também o Gear Fit. Esta "smart" bracelete acaba por ser mais curiosa que os smartwatches da moda, pois não só se torna mais compacta como tem um ecrã OLED curvo que lhe dá um aspecto mais incomum.
Quando fizemos este teste o Gear Fit ainda estava em pleno processo de "acabamentos", tendo acabado de receber a actualização que lhe dava a capacidade de apresentar os dados no ecrã de forma vertical (anteriormente obrigava a dotes de contorcionismo para que se pudesse ler e mexer no que era apresentado), e isso demonstra bem que grande parte do que tem que ser feito é precisamente a nível do software.
O Gear Fit conta também com um sensor de frequência cardíaca na parte traseira, mas está igualmente sujeito às mesmas falhas do que temos no S5. As medições variam bastante, especialmente se não gostarem de ter o Fit bem apertado no pulso.
O Fit pode ser usado para nos apresentar as notificações que escolhermos, e também como sensor de actividade. No entanto isso é algo que obriga a que se tenha que estar continuamente a dar início das actividades pretendidas: vou caminhar, vou dormir, vou fazer isto, vou fazer aquilo... algo que em vez de nos simplificar a vida... me parece complicá-la. Para que estes equipamentos conquistem o público será necessário arranjar formas de fazer tudo isto sem estar continuamente a importunar o utilizador.
Outra falha que terá que ser resolvida é a ausência da regulação automática do brilho, que nos obriga a estar continuamente a ajustar o mesmo. E se optarem por deixá-lo sempre no máximo, então preparem-se para ficarem "cegos" quando se forem deitar à noite, e ao tirarem a t-shirt fizerem o gesto de girar o pulso, fazendo o Fit ligar automaticamente o ecrã... mesmo quando está em frente aos olhos. Mesmo que não tenham um sensor de luminosidade, pelo menos poderia oferecer um modo "dual-brightness" em função da hora do dia/noite.
Mas mesmo com estas falhas, o Gear Fit é bastante interessante, e esperemos que com as actualizações se torne ainda melhor. No entanto, a não ser que precisem desesperadamente de um, será recomendável esperarem que a Samsung aprimore o produto por mais uma ou duas gerações.
Apreciação final
A evolução dos smartphones nos últimos anos tem tido um ritmo tão elevado que já estamos naquele ponto em que um novo topo de gama começa a necessitar de "novidades" (seja elas quais forem) para tentar justificar a troca do modelo que vem substituir. O Galaxy S5 é um excelente smartphone, mas isso não faz que quem tenha um Galaxy S4 (por exemplo), passe automaticamente a estar "mal servido" só porque saiu este novo modelo.
É certo que é necessário acompanhar as evoluções, e este S5 vem com um ecrã melhorado (embora se tenha mantido com a mesma resolução Full HD do S4); e o sensor de impressões digitais será interessante para aumentar a segurança no acesso ao dispositivo e às diferentes apps que dele tirarem partido (como o PayPal). Já no caso do sensor de frequência cardíaca, não há como evitar o sentimento de que apenas lá foi colocado "para dizer que tem", não trazendo nenhuma vantagem real para os utilizadores (deixem isso para os wearables que o conseguirem fazer convenientemente de forma contínua).
Pelo lado positivo, poucos meses após o seu lançamento, já podemos encontrar o Galaxy S5 a preços bem mais apelativos que os preços iniciais, sendo agora possível encontrá-lo por cerca de 450 euros. Ainda assim, há outros modelos no mercado que oferecem hardware idêntico por preços substancialmente mais baratos, e outros que por preço idêntico oferecem hardware que poderá ser mais interessante - pelo que o S5 não tem a vida facilitada. Mas há também que contar com o facto de se tratar de um Samsung, e da marca ter uma legião de fãs dos seus modelos Galaxy S que tendencialmente poderão colocar o S5 no topo das suas preferências - e se for esse o caso, certamente não se irão sentir defraudados das suas expectativas.
Samsung S5 + Gear Fit
Prós
- Ecrã Full HD Super AMOLED
- Câmara com vídeo 4K
- À prova de água
- Gear Fit com formato original
Contras
- TouchWiz que parece uma "manta de retalho"
- Sensor de frequência cardíaca deixa bastante a desejar
- Preço face a concorrentes com hardware idêntico ou superior
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