Análise ao Samsung Galaxy S4

O mais recente smartphone topo de gama da Samsung, o Galaxy S4, o quarto sucessor de uma família que tem conquistado fãs e clientes desde o lançamento do Galaxy S original, e que serviu para mostrar que era possível ter smartphones Android "de referência" já chegou ao nosso país. É um modelo que marca a entrada numa nova era que pareceria impossível há um par de anos... de smartphones com uma resolução FullHD igual à que temos nos televisores de 50 e 60", e com todo o restante hardware a acompanhar.

Vamos então espreitá-lo mais de perto, e ver o que a Samsung conseguiu "espremer" dentro do novo Galaxy S4.


O Galaxy S4

Fugindo às embalagens tradicionais, o Galaxy S4 é fornecido numa caixa "normal", mas com desenhos a imitar materiais naturais (e com a preocupação de referir que até a tinta utilizada na impressão é ecológica).

Mas... não é na caixa que estamos interessados, mas sim no seu recheio. O Galaxy S4 vem acompanhado pela bateria (2600mAh), carregador e cabo USB, e os earphones. Temos também os pequenos folhetos de instruções, impressos ao mesmo estilo natural da caixa.

O design não apresenta surpresas, e será do agrado de todos os que apreciassem o estilo do seu antecessor, o Galaxy S3. Embora seja maioritariamente de plástico, tem um toque e uma textura bastante agradável, e a moldura com aspecto de metal (na realidade é plástica) serve para adicionar um toque extra de elegância. Também na parte frontal, dominada pelo seu ecrã de 5", temos o resto da superfície com uma textura idêntica por trás do vidro... que o ajuda a quebrar a monotonia das frentes completamente despidas.

Igualmente surpreendente é o facto de o Galaxy S4, mesmo com o seu ecrã de maiores dimensões, acabar por não ser muito maior que um Nexus 4, e sendo até ligeiramente mais pequeno que o S3! Se dúvidas houvesse quanto ao esforço da Samsung em conter ao máximo o volume do S4... fica aqui a resposta dada.


O Galaxy S4 vem equipado com um ecrã Super AMOLED FullHD (que continua a usar o padrão pentile mas desta vez com subpixeis em losango), e quanto aos CPUs pode ter um Snapdragon 600 (Krait) quad-core com Adreno 320, ou um Exyno 5 octa-core da Samsung com uma PowerVR SGX 544MP3, dependendo dos mercados. Por cá, o modelo oficialmente disponível vem equipado com o Snapdragon. Tem 2GB de RAM, 16GB de Flash (dos quais apenas cerca de 9GB estão disponíveis), câmaras de 13MP e 2MP, e tudo o mais que se pode esperar num smartphone topo-de-gama, e que aqui inclui até emissor infra-vermelhos, sistema de detecção de gestos, e um touchscreen capaz de detectar os toques "sem tocar".

A nível do posicionamento da coluna de som, comete o erro infelizmente habitual, de ficar na parte traseira, onde é abafado pela nossa mão, ou pela superfície onde estiver pousado.


A câmara

A Samsung tem apostado na qualidade da câmara, e no seu novo modelo de referência não poderia fazer outra coisa que não utilizar a melhor tecnologia ao seu alcance. A câmara de 13MP do Galaxy S4 permite-nos tirar fotografias que não irão desapontar.

Mesmo em situações de baixa luminosidade (tudo às escuras, apenas com a luz que vinha do monitor).

Ou em situações de luz e sombra (aqui com o HDR a dar uma ajudinha):

(Se tudo correr bem, daqui por mais umas semanas verão os resultados desse sistema que está ali na foto... var ser o time-lapse mais longo que alguma vez já fiz! ;)

E também desde as fotos mais próximas:

... às mais distantes.

Refira-se que existem "milhares" de opções com que brincar na câmara (efeitos, filtros, ajustes, modos que apagam os elementos indesejados, etc). E há que salientar a velocidade com que o processamento é feito. Mesmo em fotos desta resolução, o processamento "HDR" é praticamente instantâneo.

No vídeo... comporta-se decentemente, mas aqui não há sistema que possa competir com a estabilização óptica que outros equipamentos oferecem.




O Ecrã Full HD

Não haja ilusões... é o elemento mais chamativo do no Galaxy S4, e que se sobrepõe a todas as restantes melhorias esperadas (câmara, CPU, etc). O ecrã de 5" FullHD é uma maravilha de se olhar, e que nos apresenta imagens com nitidez surpreendente, e também com mais "espaço". Colocado lado a lado com o Nexus 4 (ele próprio equipado com um ecrã HD 720 que não é de desprezar), é notória a diferença na quantidade de informação que é apresentada - e que é ampliada ainda mais pelo facto da Samsung continuar a usar teclas touch dedicadas e um botão físico de "home", em vez de usar o espaço no ecrã como o Google recomenda para os novos Android.


É preciso ser muito "picuinhas" para se ir espreitar mais de perto e ver os efeitos do padrão Pentile com os subpixeis em losango. Mas o que é certo é que estão lá, e continuam a dar o efeito "estranho" ao texto - desde que aproximem o nariz do ecrã, claro! :)

Nas coisas que realmente importam, como luminosidade, ângulos de visão, e legibilidade quando utilizado ao Sol, está ao nível do que se poderia esperar de um equipamento de topo.

(Mesmo assim, o Nexus 4 e o seu LCD não se comportam nada mal...)



Em Funcionamento

Como é habitual, o S4 vem equipado com um Android modificado pela Samsung e com o interface TouchWiz. (Curiosamente, o Google anunciou no Google I/O que irá ter disponível um Galaxy S4 com Android "limpo".)

É daquelas coisas que irá depender bastante dos gostos, sendo que para quem nunca tiver usado Androids, tanto faz que seja uma coisa ou outra. (O pior caso será para quem estiver habituado a usar um Android puro, ou outro sistema - CyanogenMod, HTC Sense, etc.) Mas, é precisamente no TouchWiz que estão muitas das novidades que a Samsung preparou para o S4 e que - arrisco-me a dizê-lo - são quase em demasia!

Temos o multitasking, temos os gestos, temos os dedos a pairar sobre o ecrã, temos o controlo pelos olhos/cabeça... é tanta coisa que nos arriscamos a nem saber bem o que é que se pode fazer, ou onde encontrar as definições para activar/desactivar tudo isto.

Depois de alguns dias de experimentação sem preconceitos, posso dizer-vos que - para a utilização que faço - não vejo interesse em muitas destas opções. Mas, neste aspecto tenho também que conceder que é melhor ter tudo isto disponível - mesmo que não se use - do que precisar usar algo e não ser possível.

O hovering do dedo no ecrã, que permite fazer previews nalgumas apps, é algo impraticável no dia a dia (é difícil manterem o dedo à distância correcta, sendo que mais facilmente tocam no ecrã ou se afastam demasiado); as funcionalidades que dependem dos olhos... é mesmo coisa só para mostrar aos amigos; e mesmo os gestos feitos sobre o ecrã... imagino que possam ser usados em situações muito específicas (por exemplo, se estiverem com as mãos sujas)... mas são atraiçoados por funcionarem em poucas apps e... serem muito limitados: de que serve poder fazer-se scroll sem se tocar no ecrã, se depois no final da página tiverem que clicar num link para prosseguirem... e obrigando a que toquem no ecrã?


Todas estas coisas têm também um efeito colateral indesejável....

Como se pode ver por qualquer programa de benchmark, o desempenho do Galaxy S4 está "numa classe à parte" (pelo menos até esta nova geração de CPUs se começar a popularizar). Isto significa que não se podem admitir atrasos ou hesitações seja lá em que circunstâncias for... Mas infelizmente, continuamos a dar com casos em que o S4 parece perder "uns tempinhos" a fazer-se sabe-se lá o quê.

Não confundir isto com lentidão! O S4 é brutalmente rápido em tudo o que faz... Mas... há pequenas coisas que não são tão rápidas como se desejaria, e que por vezes parecem engasgar ligeiramente (e se voltarem a repetir, já são feitas sem atrasos).

Nos fóruns há quem se queixe de sintomas idênticos e onde se apontava a culpa para as funcionalidades de eye tracking, air gestures, e afins. Desliguei todas as opções e a coisa realmente pareceu melhorar. Ainda assim, é um pouco frustrante que certas operações, como o sair da lista de apps para o ecrã principal, sofra de um atraso substancial face ao que se tem num Android de origem como o Nexus 4. Há situações onde o tempo perdido com animações pode ser positivo... mas há outras, especialmente aquelas que se poderão fazer diariamente com alguma frequência, em que o que se quer é rapidez.

Mas há também muitos aspectos bem conseguidos no TouchWiz, como a gestão do multitasking. Podemos colocar duas apps lado a lado, com tamanhos ajustáveis, e que facilitarão grandemente em todos aqueles casos em que teríamos que andar a saltitar entre duas apps diferentes. E aqui, esta funcionalidade torna-se ainda mais atractiva considerando o tamanho e resolução do ecrã.

Penso que se começa a chegar a um ponto em que o Android terá que resolver de forma standard uma gestão de multitasking com algo deste género... e se copiasse este sistema da Samsung não seria mal pensado.




Apreciação Final

Não há muito que "apreciar" num equipamento como este Galaxy S4. Estamos perante um smartphone de luxo (mesmo que as opções dos materiais ou a estética não sejam ao gosto de todos), e onde surpreendentemente a autonomia consegue manter-se aceitável (1 dia de uso relativamente despreocupado) mesmo com o ecrã FullHD e um CPU "turbo". Para além disso há todo um conjunto de coisas a explorar, como a app de tracking da nossa actividade física, albums fotográficos feitos automaticamente, o S Voice, e sei lá que mais coisas por lá estarão (para onde quer que se olhe, há sempre alguma coisa nova a descobrir). Também neste aspecto, as diversas Apps da Samsung bem que necessitam de uma revisão completa, pois apresentam-nos interfaces completamente diferentes - de uns modernos e bem conseguidos, e outros que parecem feitos ter sido feitos à pressa por alguém que fazia a sua primeira App para Android. Um aspecto mais unificado seria uma importante mais valia que daria outra "imagem de marca" à Samsung.

Quanto às críticas que apontei, têm que ser vistas de forma relativa - quando critico alguns dos aspectos, é por desejar que sejam melhorados, e não como sendo algo verdadeiramente mau. Será o equivalente automobilístico a alguém que diga que o seu automóvel com 600cv devesse fazer uma aceleração em 3.1s em vez dos 3.2s que está a fazer.

Estes Galaxy S4 está numa classe à parte, o que faz com que apenas possa ser comparado com mais três ou quatro equipamentos com características idênticas, e onde os pontos "menos bons" que se discutem poderão ser superiores ao melhor que há noutros produtos.

Portanto... é o Galaxy S4 um equipamento perfeito? Não... ainda não é desta que temos um smartphone que agrade a todos e não tenha nada a apontar. É este Galaxy S4 o melhor smartphone do mercado? Não tendo ainda mexido nos tais concorrentes directos, não posso dizer com toda a certeza que sim... Mas se não o for... anda lá perto!

O factor decisivo vai ser o preço. Com o preço inicial de 799€, este S4 tornava-se numa recomendação difícil, tanto face aos modelos com características idênticas, como a outros que mesmo sendo mais fracos têm também preços bastante inferiores. Mas, desde o lançamento têm surgido mais e mais campanhas que nos oferecem o S4 a preços bastante mais atractivos, de 649€ e até menos. E a estes preços... o S4 torna-se bastante mais apetecível (e acessível, relativamente falando).

A um preço de 800€, teria que passá-lo para o "quente"... mas a redução de preço para os 649€ faz com que as coisas aqueçam o necessário para que o Galaxy S4 saia daqui com um:

Samsung Galaxy S4

Escaldante

Prós

• Ecrã FullHD
• Desempenho
• Câmara
• Algumas das funcionalidades extra adicionadas pela Samsung ao Android

Contras

• Construção em plástico poderá não agradar a todos
• Alguns ligeiros "engasganços" inexplicáveis no funcionamento
• "Excesso" de funcionalidades dificulta a aprendizagem inicial

A Flip Cover

A Flip Cover da Samsung não era bem o que estava à espera. Em vez de ser uma capa de protecção, vem com uma tampa traseira na qual está presa a capa frontal. É uma solução engraçada... mas não está isenta de problemas.

Se o facto de termos uma tampa adicional nos permite manter a tampa traseira original em segurança, esta capa praticamente impossibilita o uso das teclas de volume, tapa o led das notificações, e - pior que tudo - não é "inteligente" ao ponto de acordar/adormecer o Galaxy quando a abrimos ou fechamos.

Esperava algo mais sofisticado ou que tivesse em conta esses pormenores que me parecem essenciais como o fácil acesso ao volume e permitir ver o led das notificações ... mas, sem dúvida que não faltarão 1001 alternativas ao gosto de cada um.


Galeria de Imagens