2015/05/18

InnerTube remodelou o YouTube "por dentro"


Hoje o YouTube está vivo e de boa saúde, e a maioria das pessoas olha para ele com total naturalidade. Mas o seu percurso não foi fácil, e poderá ter sido graças às plataformas mobile e a um projecto interno de profunda remodelação chamado InnerTube que ele se tornou no que é hoje.

É incrível pensar no quanto a internet mudou o mundo. Não foi há assim tanto tempo que tinha discussões com amigos e colegas, de que no futuro tudo o que se quisesse ver estaria disponível via Internet, sendo apenas uma questão de tempo até que a largura de banda disponível o permitisse. O YouTube veio demonstrar isso mesmo, primeiro com vídeos de baixa resolução (mas muito superiores aos vídeos da "pré-história" da Internet), e actualmente com vídeo Ultra HD e a 60fps que superam o que é possível ter em qualquer outros formato.

Mas para aqui chegar, o YouTube tinha que se tornar num projecto sustentável e rentável. A compra do YouTube pelo Google por mais de 1.6 mil milhões de dólares pareceu uma loucura, e durante anos pairava no ar a assombração de "como é que o Google vai ganhar dinheiro com o YouTube?"

O problema é que o Google facilitava e promovia a integração dos seus vídeos por todo o lado, e o resultado era que as centenas de milhões de utilizadores que tinha viam os seus vídeos um pouco por toda a internet... mas não no site do YouTube. Uma situação que, em 2012, levou à criação de um projecto chamado InnerTube, que remodelou completamente o YouTube e o transformou no que é hoje.

Com mais de mil milhões de visualizações por mês, o Google tem uma receita inferior à que o Netflix obtém com apenas 50 milhões de utilizadores; e isso fez tocar os sinais de alerta no interior da empresa. O Google precisava de atrair mais espectadores para as suas próprias páginas, e para o fazer precisava de saber o que os utilizadores gostavam de ver.

Curiosamente, até então, o Google - que tanto é conhecido por saber tudo o que os seus utilizadores fazem - não tinha quaisquer dados sobre a utilização que era dada ao YouTube nos dispositivos móveis, e que em 2012 já representavam a maioria das visualizações. Mas com o InnerTube, o Google não só passou a saber isso, como também recorreu ao seu sistema de inteligência artificial para processar uma inimaginável quantidade de informação sobre que vídeos é que as pessoas mais gostavam, mais tempo passavam a ver, etc. etc. O resultado pode ser visto pelo tempo que hoje frequentemente somos "atraídos" para os vídeos relacionados que o Google nos vai sugerindo, e que tantas vezes fazem com que a visualização de um vídeo de poucos minutos se prolongue por algumas horas!

[dados sobre o "caminho" que utilizadores tomam no YouTube]

O projecto reformulou também toda a infraestrutura de suporte do serviço, fazendo com que actualmente seja bastante simples testar alterações sem receio de "estragar alguma coisa". E mesmo que se "estrague", os responsáveis podem rapidamente reverter a alteração para uma versão sem problemas. Um sistema que incentiva a que se façam experiências em vez de apostar na velha máxima de "não mexer no que funciona".

O próximo grande passo do YouTube também já parece estar iminente. Depois de ter cativado milhões de utilizadores para a sua páginas e apps, o YouTube prepara-se para anunciar uma modalidade paga que livrará os utilizadores da publicidade. Vai ser interessante ver de que forma os "clientes" reagem, e se estão dispostos a pagar... ou preferem gramar com a publicidade, que também se vai tornando cada vez mais numerosa no YouTube.

... E depois não deverá faltar muito para que, tal como o Netflix, também o Google/YouTube anuncie que vai começar a produzir as suas próprias séries...

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