2022/12/28

EarSpy usa sensores de movimento para espiar conversas

Investigadores criaram um novo método de ataque para Android que consegue espiar conversas usando os sensores de movimento.

Com o acesso ao microfone a ser uma permissão que levanta logo suspeitas, investigadores exploram formas de conseguirem detectar conversas sem recorrer ao microfone, optando por usar apenas os sensores de movimento. O mesmo sistema já tinha sido utilizado na passado para detectar som gerado pelas colunas nos smartphones, mas esta nova versão é capaz de captar até o som mais ténue gerado pelo auricular, tirando partido da melhoria do hardware ao longo dos anos.

Na imagem seguinte vemos o tipo de sinal que é possível captar, usando um OnePlus 3T, um OnePlus 7T, e um OnePlus 7T usando as colunas - e onde se vê uma melhoria substancial dos sinais a cada passo.
Usando um sistema de machine learning para processar os sinais, os investigadores conseguiram fazer coisas como reconhecimento do género do utilizador (com taxa de sucesso até 98.7%), classificação do utilizador (até 91.2%), e até reconhecimento de voz, embora neste caso com resultados mais fracos, de até 56.4%.
Este é um tipo de ataque que beneficia dos utilizadores que gostam de ter o volume alto, já que os volumes mais reduzidos dificultarão imenso a recolha das diminutas vibrações. Também há que ter em consideração as interferências causadas pela utilização de um smartphone em movimento, já que os sensores também serão afectados por isso.

Curiosamente, no mais recente Android 13 a Google já adicionou uma limitação na recolha de dados para que não possam fazê-lo mais de 200 vezes por segundo sem permissões (idealmente, este ataque utilizaria frequências de leitura dos 400 aos 500 Hz). Mas, mesmo fazendo as leituras a apenas 200 Hz, o impacto nos resultados é uma queda de apenas 10%, que continua a fazer com que seja um vector de ataque funcional.

Os investigadores recomendam que os fabricantes de smartphones tenham isto em consideração, e que instalem os sensores de movimento em posições que minimizem a leitura das vibrações geradas pelo próprio equipamento. Mas tendo em conta as imensas restrições de espaço e condicionantes no posicionamento de componentes no interior de um smartphone, duvido que esta passe a ser uma das suas prioridades.

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