A LG revelou um dado curioso, que menos de metade dos seus electrodomésticos inteligentes são ligados à internet.
Poderia pensar-se que quem compra um electrodoméstico com funcionalidades avançadas e capacidade de ligação à internet se apressasse a activar essa ligação. Mas, não parece ser o caso, e não se poderá censurar os consumidores. Além disso, o cenário não se limita à LG, com outras marcas como a Whirlpool dizerem que têm "mais de metade" mas sem especificarem exactamente quantos (conhecendo-se os departamentos de marketing, mais de metade poderá representar 50.1%).
Depois de todos os escândalos de abusos de tracking de utilizadores, desde o mediático caso do Facebook, a todos os outros potencialmente ainda mais importantes mas que passam mais despercebidos (como o tracking feito pela publicidade online), é apenas natural que os consumidores não tenham grande confiança na forma como os seus dados são usados. Adicionalmente, em muitos destes electrodomésticos, o principal benefício é para o fabricante e não para os utilizadores. O utilizador poderá receber uma ou outra notificação ocasional (normalmente a lembrar-lhe que está na altura de gastar dinheiro, com substituição de filtros, por exemplo) mas o fabricante fica com uma valiosa fonte de dados que lhe permite saber como é que cada electrodoméstico está a ser utilizado, e daí inferindo toda uma série de informação, sobre os produtos e também sobre os utilizadores.
O caso complica-se quando, como no caso da LG, nem sequer é dado aos utilizadores a opção de não partilharem dados com o fabricante, com este a dizer apenas que os dados são "anonimizados" - algo que, já por repetidas vezes, foi demonstrado que nem sempre é tão verdade quanto se pensa.
Parece ser inevitável que, tal como nas apps se implementaram "etiquetas de privacidade" inspiradas nas etiquetas de eficiência energética dos electrodomésticos, também os electrodomésticos e demais equipamentos IoT deverão adoptar uma etiqueta que indique esse tipo de informação, que dados são recolhidos, qual o prazo assegurado para actualizações de segurança, etc. E mesmo assim, estamos sujeitos a que, um dia destes, nos deparemos com um frigorífico, forno ou aspirador, que se recusa a trabalhar porque diz que não consegue contactar o servidor central para obter autorização de funcionamento.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar- Família, não consegui lavar a loiça/ roupa porque a marca do aparelho decidiu que este modelo está obsoleto.
ResponderEliminar- Ah! O frigorífico agora não tem o gelador a funcionar porque a marca decidiu que agora esse é um serviço extra.
- O aspirador não funciona entre as 12 h e as 19 h porque a marca decidiu aderir ao movimento "por menos energia gasta por aspiradores entre as 12 h e as 19 h para salvar o planeta".
- Não consigo cozinhar porque a placa electrica está a avisar que a licença de 2 anos de utilização expirou, e basta pagar o equivalente a metade do preço de compra original para voltar a funcionar e com garantia por mais 1 ano, altura em que volta a deixar de funcionar.
São tudo coisas que os fabricantes poderão certamente começar a fazer se as pessoas aderirem à moda de ligar aparelhos à Internet. Sem falar que por exemplo os fabricantes de televisão chegaram a dizer que não se sentiam na responsabilidade de manter os aparelhos seguros. O que será que a UE diria desse discurso hoje em dia?
É também o meu caso, comprei um frigorífico de uma porta topo gama LG, há pouco tempo, e até à data não lhe activeoi a ligação internet.
ResponderEliminarEu acabei por trocar vários electrodomésticos recentemente depois de 18 anos. Alguns deles já tinham passado o limite da sua vida útil e apresentavam algumas deficiências além de serem pouco eficientes comparado com modelos mais recentes disponíveis no mercado.
ResponderEliminarOptei por trocar todos pela marca LG e confesso que a ligação à Internet foi uma das primeiras coisas a activar.
Em certo sentido acho algumas funcionalidades úteis como receber notificações quando o programa de lavagem finalizou ou por exemplo chegou a altura de fazer uma limpeza do tambor da máquina de lavar roupa, ou quando o abrilhantador da máquina de lavar loiça está a chegar ao fim.
Agora quanto à privacidade nada está garantido como já tem sido demonstrado com as fugas de informação que tem havido nas diferentes marcas ou a invasão de publicidade, mesmo naquelas que asseguram que a privacidade é o seu bem mais precioso.
Sim, equipamentos conectados podem ser úteis, mas contudo pode representar um risco à nossa privacidade.
Já agora, espero que a LG não se lembre de desactivar alguma funcionalidade ou simplesmente matar meu electrodoméstico remotamente. Dependendo da atitude da LG nos próximos tempos ditará a minha decisão se me mantenho na marca ou mudo para outra.
O único equipamento que tem acesso é o Google home e mesmo assim só aos servidores da Google, de resto nada sai pra fora. está Tudo barrado por uma firewall e tudo controlado por home asssistant.
ResponderEliminarO pessoal menos informado (e com menos constreangimentos orçamentais) normalmente vai para o que está mais "In", acabando por comprar os topos de gama e não aproveitando o que os mesmos permitem fazer... isso parece-me transversal a praticamente tudo, de carros a eletrodomésticos, passando pelos telemóveis... conheço várias pessoas que têm telemóveis topo de gama e nunca lhes associaram uma conta online para sincronizar sequer os contactos telefónicos, quanto mais instalar App's...
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