É engraçado como muitas das vezes os avanços mais revolucionários são coisas simples e básicas. Muita gente olha para as memórias como algo que não pode evoluir muito mais. As velocidades vão aumentando a conta-gotas, é certo, mas os módulos de memória continuam a ser basicamente a mesma coisa desde que foram inventadas dúzias de anos atrás.
Por isso, torna-se ainda mais estranho quando um criptógrafo anuncia que tem em suas mãos a solução para tornar as memórias exponencialmente mais rápidas.
O "problema" com as memórias utilizadas actualmente é que, permitem apenas um acesso de cada vez. Ou seja, se estivermos a ler o endereço "00001", não podemos estar simultaneamente a aceder ao endereço "07483".
Considerando que um processador actual tem vários cores, a executar múltiplas intruções simultaneamente, ou que até mesmo um único core esteja a executar múltiplas tarefas e executando milhões de pedidos de acesso à memória, é facil ver que a memória se torna num ponto fulcral onde ocorrem grandes engarrafamentos.
(É por isso que se investem milhões em caches, a vários níveis para minimizar esse impacto nos computadores actuais.)
A ser verdade o que este criptógrafo - de nome Joseph Ashwood - diz, será fácil implementar a sua nova estrutura de memória que permitirá acessos simultâneos e independentes a cada célula de memória.
Melhor ainda, ao contrário do que acontece actualmente, onde quanto mais memória se utilizar, mais lento fica o seu acesso; com esta memória multicore, quanto mais memória, mais rápido será o seu acesso.
Isto parece tão impossível que os projectos foram enviados para a famosa universidade Carnegie Mellon para confirmação - e confirmados ficaram.
Os detalhes não são ainda totalmente conhecidos, uma vez que ele está à espera de obter a patente para que ninguém se aproveite do seu trabalho - mas mal isso esteja resolvido, é certo que terá uma longa fila de fabricantes à sua porta, desejosos de utilizar esta tecnologia revolucionária e aparentemente simples.
Não tenho dúvidas que mal se tornem "públicos", muita gente irá dizer: "ora, porque é que não me lembrei disto antes?" - ou até mesmo: "Ah, assim também eu fazia!"
:)
A curto prazo, podem-se prever módulos de memória muito mais rápidos, assim como avanços nas memórias FLASH e consequentemente, os tão badalados SSDs.
(Refira-se que, como se passa a ter controlo directo sobre cada célula de memória individual, o problema do número limitado de escritas na Flash - que actualmente assenta em apagar blocos de memória inteiros cada vez que se tenha que modificar um único byte - passa a ser muito menos incómodo, aumentando a sua longevidade enormemente.)
A longo prazo, pode revolucionar toda a arquitectura dos computadores, dispensando ou reduzindo vários níveis de cache (alguns CPUs da Intel chegam a ter 12MB de cache interna,) tornando-os mais baratos - ou usar o espaço "livre" para adicionar novas funcionalidades ou cores adicionais.
Para quem pensasse que "está tudo inventado", aqui está a prova de que muito está ainda por inventar...
via [EEtimes]
2008/01/16
Revolução nas Memórias - Memória Multicore
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