2011/07/03

Polémica no Dropbox

O Dropbox volta a estar no centro das atenções e, novamente, por motivos nada agradáveis.

Mas, se da última vez tal foi devido a uma desastrosa falha de segurança que permitiu que, por alguma horas, qualquer pessoa pudesse entrar em qualquer conta de qualquer utilizador sem necessitar da password; desta vez o assunto volta a ser a recorrente questão do que o Dropbox pode fazer com os conteúdos que lá colocam.

Não é a primeira vez que tal acontece: inicialmente o Dropbox alegava que os conteúdos guardados estavam encriptados, não sendo sequer acessíveis por eles próprios; para mais tarde corrigirem dizendo que eles poderiam afinal ter acesso a eles, e que era factor necessário para permitir coisas como a partilha desses documentos com os vossos amigos, etc.

E novamente, é esta a questão que causou a recente polémica: uma interpretação mal feita dos seus "termos de serviço" (aquelas páginas infindáveis e chatas de ler que habitulamente passamos à frente), despoletou uma tempestade num copo de água quando alguém achou que o Dropbox dizia ter direito a poder usar os nossos conteúdos como bem entendesse!

Como se pode imaginar, nesta época de Internet, Twitter, Facebook (e agora Google+) isto espalhou-se à velocidade da luz, causando indignação entre todos os que não decidissem verificar se tal seria mesmo assim.
Fotógrafos zangados por imaginar um Dropbox a vender as suas fotos; escritores em pânico perante a perspectiva de verem os seus livros publicados sem o seu consentimento; etc. etc.

Quando... na realidade... os direitos que o Dropbox reclama para si são semelhantes ao de tantos outros serviços online (como o Google Docs, por exemplo), onde eles têm que ter a permissão para "usar" os conteúdos dos utilizadores, para os disponibilizar/partilhar/etc. quando assim o desejamos.

A polémica foi de tal ordem que o Dropbox teve que vir a público clarificar esta situação.


Seja com for, parece-me mais um sinal evidente que a palhaçada legal destes ToS (Terms of Service) que invariavelmente se passa a frente sem sequer ler, deveria ser profundamente alterada. Um utilizador normal não está disposto a ler dezenas de páginas de "conversa de advogados" - que na sua maioria nem será de interpretação fácil (e dará azo a situações como esta que aconteceu). Custaria assim tanto estes "termos" serem precedidos de uma página escrita em linguagem comum, e onde, de uma forma sucinta e clara, fosse exposto aquilo que realmente interessa de forma a que todos o pudessem perceber?

Parece-me que seria bem mais útil usar a linguagem para simplificar e explicar do que usá-la como "arma" de intimidação e obfuscação...

5 comentários:

  1. Se isso nem fora da internet é feio quanto mais dentro dela!

    Há um movimento para que os documentos sejam escritos para que as pessoas opercebam, eu vi a apresentaçao domovimento de Portugal no TEDTALK PORTO mas não me lembro o nome, mas seria bom um post sobre isso embora não tenha muito a ver com tecnologia.

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  2. É um problema bem levantado.

    @metRo: Não sei que movimento é, mas a Creative Commons sem dúvida que é um exemplo de quem se preocupa com isso. As licenças deles têm o que chamam de "três camadas": Machine readable, Human readable e Legal readable. Um bom exemplo de preocupação para tornar as licenças mais universais.

    http://creativecommons.org/licenses/

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  3. A iniciativa tem por nome Português Claro:
    http://portuguesclaro.pt/claro/

    Creio que a ZON é a única empresa a ter aderido. Seria interessante um post sobre o assunto no AADM, no mínimo para dar a conhecer a algumas pessoas que a usabilidade também passa pela forma como se escreve.

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  4. Anónimo4/7/11 16:47

    Esperem lá! Á pessoas a colocar os seus trabalhos/obras num site destes e sem qualquer rasgo de lucidez em que possam imaginar que tudo o que lá colocam está sujeito a ser consultado por terceiros...
    De facto as pessoas não aprendem.

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  5. Anónimo4/7/11 16:48

    esqueci-me de colocarm um h no inicio da segunda frase.

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