2012/05/17

Apple e Samsung: os Jogos de Poder

Não é a primeira vez que aqui abordamos as estranhas relações que interligam as grandes empresas. Empresas essas que, por um lado de processam mutuamente nos tribunais... e por outro lado continuam a fazer negócios de muitos milhões de dólares.

Quem projecta, quem monta, quem fabrica os componentes... Quem é que afinal mais precisa de quem, neste universo de produtos que envolve milhões de unidades?


Um desses casos é a Apple e a Samsung. A Samsung fabrica inúmeros componentes utilizados no iPhone da Apple, mas no entanto lutar ferozmente contra um dos seus melhores clientes nos tribunais. Não seria simples pensar-se que a Samsung poderia pressionar a Apple recusando-se a vender esses mesmo componentes?

Uma ameça que poderia ter valor negocial, mas que poderia ter como consequência a Apple passar a encomendar esses mesmos componentes a outro fabricante... que mesmo não tendo capacidade actual para responder em volume, perante tal encomenda "milionária", não teria também problemas em modernizar e investir nas suas fábricas para poder responder às necessidades.

São jogos de poder que não se passam só no campo do hardware e dos componentes (veja-se também o caso dos mapas no iOS da Apple que são disponibilizados pelo Google desde a estreia do iPhone... mas que parecem estar prestes a ser abandonados no próxima versão do iOS.)


Estes jogos e equilíbrios de poder são coisas em vale a pena pensar um pouco... Afinal, quem é que terá mais "poder"? Poucas empresas haverá no mundo capazes de produzir equipamentos electrónicos em volume suficiente (e com taxa de erros aceitável) como a Foxconn... Será que ela poderia pressionar a Apple a ceder às suas "exigências"?... A quem recorreria a Apple para produzir iPhones e iPads em tais volumes, que obrigam à existência de verdadeiras cidades fabris a laborar continuamente e com muitos milhares de empregados?

... Talvez a mesma resposta dada anteriormente se aplique: de que um qualquer concorrente, mesmo que mais pequeno, ficaria satisfeito por conseguir tal contrato e expandir a sua infraestrutura para responder ao desafio.


Certo é que a Apple está bem consciente de tudo isto e tenta manter um equilíbrio que não deixe recair demasiado poder sobre nenhuma empresa em particular. Por exemplo, a Apple parece ter encomendado uma quantidade substancial de memórias RAM à Elpida (em vez da Samsung), uma empresa pequena face à Samsung e Hynix, e que estará prestes a ser adquirida pela norte-americana Micron. Uma notícia que teve como consequência imediata a perda de 10 "biliões" no valor de mercado da Samsung, com a queda de 6% nas suas acções.

Parece-me ser o sinal evidente de distribuir a sua dependência por um número estratégico de fornecedores... evitando que qualquer um deles passe a deter uma posição de poder face aos seus interesses...


Não fosse a Apple tão silenciosa e aversa a publicitar as suas intenções e políticas, e isto ainda poderia dar uma série ao estilo "Dallas" (que curiosamente está prestes a regressar à TV, tantas décadas depois... mas ainda com alguns dos actores originais . :)

1 comentário:

  1. Gaius Baltar17/5/12 23:05

    Quando a fabricante de electrónicos americana Zenith foi comprada pela LG, muitos disseram que era a prova cabal do fim do domínio americano na indústria. As empresas japonesas e coreanas (a par da Philips) passaram a dominar completamente o mercado de televisões no mundo. Só que há um "pequeno" pormenor: grande parte do conteúdo exibido nesses aparelhos tem origem nos EUA, e é aí que está o lucro forte. Essa pequena história é para dizer que sempre haverá quem produza o hardware mais barato, o que realmente faz a diferença é o conteúdo que é inserido. Se a Apple projectar um hardware e preparar um fabricante para produzi-lo, pouco importa se ele for Samsung, Sharp ou Foxconn. Claro que a Samsung não perderia muito, pois tem sua própria linha de equipamentos. portanto é um jogo onde pode não haver perdedores, desde que a economia mundial continue a comprar, claro.

    ResponderEliminar