Nada dura para sempre, e os "impérios" da Internet não são excepção. Este gráfico mostra a evolução dos clientes da AOL face aos clientes do Netflix na última década... e não poderiam ser mais elucidativos. Depois de ter mais de 25 milhões de clientes em 2002, a AOL foi perdendo clientela de forma constante ao longo dos anos - ao mesmo que tempo que cada vez mais utilizadores iam aderindo ao Netflix e dando uso às velocidades crescentes da internet para verem aquilo que querem, quando e como querem.
É fácil perceber-se o declínio da AOL, empresa que atingiu o seu pico máximo numa altura em que a internet era sinónimo de linha telefónica e modem, e onde o conceito de "banda larga" era coisa que se aplicava a quem tivesse dois canais RDIS agregados a debitar 128Kbps. Não admira portanto que naquela altura muitos considerassem loucura - ou impossível - que se viesse a utilizar a internet como forma de distribuição de filmes.
No espaço de uma década, olhe-se para o panorama actual... e veja-se o quanto as coisas mudaram: usar a internet para ver vídeo é das coisas mais comuns do dia a dia (o YouTube que o diga), as velocidades de acesso vão 20 aos 100 megabits (e mais) - sendo que até nos mobiles o 4G vai mostrando que é possível competir com as ligações por cabo/fibra.
A grande incógnita é tentar imaginar como as coisas serão daqui por mais dez anos. Será que teremos um Netflix que entretanto se tornou no maior serviço mundial de séries e filmes e com mais de 50 milhões de assinantes? Será que terá desaparecido, vítima de um qualquer outro novo serviço que actualmente ainda nem existe? Será que televisões, smartphones e tablets terão todos ficado obsoleto graças a novas tecnologias que nos permitem "ver" as coisas sem necessidade de ecrãs?... Quem sabe?...
Se for pelo lado mais conservador, parece-me que o Netflix tem um grande futuro à sua frente, à medida que vai chegando a mais países, e estando numa posição privilegiada para ser um dos primeiros distribuidores a poder fazer chegar aos clientes conteúdos em UltraHD, high framerate (HFR), e qualquer outro formato que actualmente não disponha de formatos físicos standard. No entanto, os grandes grupos não estão alheios a esse aspecto, e por isso se apressam também a criar os seus próprios "netflix" proprietários.
Com sorte... talvez daqui a 10 anos o DRM já tenha demonstrado (de forma bem clara) que não soluciona nada - pelo contrário, apenas coloca entraves à utilização legal dos ditos conteúdos - e em vez de nos tentarem impingir 1001 serviços para ver coisas de 1001 empresas diferentes, se possam ter lojas universais, com conteúdos que podemos usar em qualquer plataforma, sem receio de que a activação falhe, ou tenha sido ultrapassado o número máximo de utilizações, ou que o servidor de autenticação tenha sido desligado por se ter tornado obsoleto, ou outras coisas idênticas. Isso sim... é que era algo que eu muito gostaria de ver num gráfico em declínio como o da AOL, reflectindo os sinais do tempo.
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