2013/06/20
Google diz que Perguntas "Abstratas" nas Entrevistas não Resultam (nem as médias da Escola)
São perguntas que já correram mundo, e que se tornam em motivo de discussão entre todos aqueles que aspiram a conseguir um emprego no Google (e não só). Quem for a uma entrevista terá que lidar não só com as habituais perguntas que demonstrem o seu conhecimento e personalidade, como também com perguntas do género de: quantas bolas de golfe cabem num autocarro; quantos afinadores de piano existem em determinada cidade; ou quanto tempo demoraria a ordenar um "trilião" de números.
É o tipo de pergunta que se tornou recorrente em entrevistas para empregos nas empresas tecnológicas mas que... não tem qualquer benefício real. Segundo Laszlo Bock (senior vice president das "People Operations" no Google) este tipo de perguntas são um completo desperdício de tempo e que apenas servem para que o próprio entrevistador se sinta inteligente face ao entrevistado. O que realmente interessa é um conjunto bem determinado de perguntas específicas que possam ser usadas para avaliar todos os candidatos sob as mesmas condições.
Outra revelação que poderá ser um pouco inesperada (ou não) é que a média dos resultados escolares não oferece qualquer indicação ou garantia da qualidade do candidato (a não ser no caso de pessoas acabadas de sair da escola e ainda sem experiência, em que há uma ligeira correlação). Curioso também a evolução das contratações: há cada vez mais pessoas contratadas pelo Google que nem chegaram a entrar na Universidade. Nalgumas equipas chega a haver 14% de pessoas sem qualquer formação superior oficial.
(Não deverá servir de desculpa para que abandonem os estudos - mas mostra que o Google está consciente que nem sempre o sistema de ensino está adaptado, ou reflecte, as qualidades de muitos indivíduos!)
A nível do funcionamento interno do Google, ficamos também a saber que todos os que têm posições de chefia são sujeitos a avaliação pelos seus subordinados - e que isso tem tido resultados imensamente positivos. Particularmente, que a própria atitude dos "chefes" muda substancialmente ao saberem que estão sujeitos a essa mesma avaliação. (Algo que bem se poderia aplicar a muitas mais áreas de actuação... digo eu.)
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Para a Google talvez não, mas perguntas como a do 'quantas bolas de golfe cabem dentro dum autocarro' testam um tipo de raciocínio que é crucial por exemplo em consultoras (de gestão).
ResponderEliminarQuanto à questão da educação não se pode subestimar a correlação significativa entre esta e o desenvolvimento intelectual. Alguém que teve extensa formação à partida está melhor equipado e munido de ferramentas para um posto de trabalho que faça uso disso.
Por último, sem dúvida, a avaliação de performance 360º é uma das melhores práticas que felizmente já se começa a adoptar. Para além de ser avaliado pelo superior também tem que ser avaliado pelos subordinados, pares, próprio e stakeholders!
"Quanto à questão da educação não se pode subestimar a correlação significativa entre esta e o desenvolvimento intelectual. Alguém que teve extensa formação à partida está melhor equipado e munido de ferramentas para um posto de trabalho que faça uso disso."
EliminarNão poderia estar mais redondamente enganado, para começar que essa "correlação significativa" alem de vaga nunca foi efetivamente provada, até porque cada sistema de ensino se baseia em determinados princípios lógicos, filosóficos e regionais que obviamente suprimem outros.
Alem do mais a área de tecnologia é rica em profissionais que mal completaram o ensino basico. Em verdade o proprio Gates sempre dizia que ele jamais seria aceito em qualquer entrevista.
Tem que se lembrar que quase sempre essas medidas são classificatórias não do ponto de vista do gerênciamento de qualidade e sim da diminuição de candidatos para poupar tempo.
Vaga e nunca efectivamente provada? Se há coisa que está mais que explorada é a relação entre formação, satisfação de vida, qualidade de vida e sucesso profissional. Uma breve pesquisa na b-on devolve imensos resultados, já para não falar que se assim não fosse para quê investir em educação...
EliminarMais, o nível de formação não é de facto uma métrica universal quanto ao intelecto mas é um preditor muito forte. Qualquer licenciado que trabalhou pelo diploma está melhor preparado em termos de raciocínio, selecção e processamento de informação importante, soft skills como trabalhar em equipa, hábitos e disciplina de trabalho, e muito por aí fora, do que um daqueles bananas que passa a vida estudantil em festarolas do JSD e outras associações até eventualmente abandonar o curso.
E claro que vão sempre buscar os mesmos poucos casos de sucesso de outros tempos. Hoje em dia há bastante mais competição e mais formados. Para alguém se conseguir diferenciar e obter os melhores empregos tem que ir além do que a maioria já faz (tirar um curso), e além do que a maioria já tem (domínio duma 2ª língua), e por assim fora. Claro que não estou a falar da área da tecnologia mas sim no geral. Eu por exemplo se tiver que contratar um analista financeiro para uma empresa vou preferir sempre alguém com licenciatura em Economia na FEUP e mestrado em finanças no ISCTE do que alguém que nem acabou o curso na Lusíada, ceteris paribus. Isto quer dizer que o primeiro é melhor que o segundo? Não. Mas quer dizer que há uma grande probabilidade que o primeiro obtenha um sucesso profissional que o segundo não. Por uma simples razão: está mais diferenciado no que diz respeito a provas intelectuais já dadas.
Não faça confusão entre formação e média escolar, ou graduação superior. O que aqui se diz é que a Média escolar, pouco indica. Não que as pessoas não sejam formadas.
EliminarNão que me queira armar ao pingarelho, mas eu não tenho curso superior e certamente devido a outras formações pessoais e experiência profissional, creio ser melhor programador que, talvez a maioria, dos alunos de 18 de imensas Universidades.
Eu tenho a formação não tenho é o canudo nem a média.
É isso que é referido no artigo. Média escolar e graduação está muito longe de significar conhecimento, vontade, experiência ou até vocação.
E não é só nesta área que se nota isto. A mais premente creio é medicina. Os médicos deviam-no ser por vocação e verdadeira vontade de ser médicos e não porque estudaram para ter determinada média, porque é uma profissão bem paga e porque dá status pessoal e profissional. É por isso que vemos tantas bestas em medicina. Porque se não fosse o dinheiro e o status nunca seriam médicos e isto é um mau profissional. Ora em informática também existe muito disso antes um interessado que 5 doutores que o são porque ouviram dizer que o seu curso dá dinheiro. O que, repito, não quer dizer que o interessado não possa ter mais formação que os 5 doutores.
Uma das perguntas:
ResponderEliminar"Você é pirata. Tem que fazer a distribuição do saque entre a tripulação. Se mais de metade da tripulação não ficar satisfeita, é morto. Como é que consegue não ser morto e ficar com uma boa pate do saque ?"
Resposta: " Distribuindo o saque entre 51% da tripulação, contando comigo".
De facto, quem conseguir dar boas respostas a esta e às outras perguntas tem criatividade e capacidade de raciocínio muito acima da média.
O que me parece é que estas perguntas/respostas podem ser treinadas. Não são em número infinito, podem ser padronizadas. Basta "googlar" por "perguntas parvas numa entrevista" e aparecem aos montes. Ou seja, com estas perguntas as melhores respostas não são dadas pelos mais criativos mas pelos que mais se treinaram para as dar.
P.S. Pensava que este tipo de perguntas era apenas para estabelecer um perfil psicológico do candidato - como é que reagia em situações inesperadas. Não se esperava que ele chegasse à distribuição do saque pelos 51%, mas que se risse e dissesse "Bem, isso não sei. Sei que os piratas, para garantir que o saque é distribuído em partes iguais, o que distribui o saque por montes é o último a escolher". Tudo menos dizer 'Que pergunta mais parva".
quantas bolas num autocarro? eu diria nessa altura: depende, é um double-decker, um autocarro articulado, um autocarro panorâmico, ou um autocarro normal? e defina normal?
ResponderEliminarfora a piada, quantas e inúmeras vezes se demonstra que um bom profissional não é aquele que tem mais estudos, mas sim aquele que tem vocação para determinada profissão. exemplo vulgar: médico com especialização que sabe tudo sobre a sua especialização, que memorizou tudo o que era necessário, mas no resto da vida não voltou a estudar novos métodos na área, ou é uma besta para com os utentes... nota: isto não é um cenário surreal, é bem real.
Eliminara esses indivíduos eu diria que tiraram cursos inferiores, não superiores.
cada caso será certamente diferente, então se somos todos diferentes, para quê generalizar que quem estudou é melhor (ou não) em determinada área? eu diria: tem mais probabilidades de o ser. não é matemático.
atenção, não tive de fazer nenhuma tese de mestrado para chegar a esta conclusão.