2013/08/21

Google acaba com os 20% do tempo para Experiências


Muitas têm sido as mudanças que o Google tem sofrido ao longo da sua caminhada, que o levou de um pequeno projecto numa garagem, ao império multi-bilionário dos nossos dias. Muitas dessas mudanças poderão ser necessárias - pois coisas que funcionam numa empresa de pequena ou média dimensão não resultarão numa empresa de dimensão "gigante" - mas nem todas elas serão bem vistas, quer pelo "público" quer por aqueles que trabalham lá e terão que as sentir na pele. Será esse o caso dos famosos 20% de tempo que o Google disponibilizava para que os seus funcionários desenvolvessem os seus próprios projectos.

Ou seja, em cada semana, um dos cinco dias de trabalho poderia ser utilizado para explorar uma "ideia louca" que tivessem... e que para além de servir como forma de quebrar a rotina diária, resultou em "experiências" que se tornaram em pilares fundamentais para o Google que temos hoje: o AdSense, o Gmail, e muitos outros serviços bem populares, como o Google Talk, Google News, etc.

Agora o Google parece ter mudado de ideias quanto à eficácia deste método, e embora não tenha oficialmente acabado com os 20%, tem feito tudo por tudo para o "matar" sem usar essa palavra. Para começar, os projectos têm que ser agora aprovados pelos superiores, que têm indicações para serem muito mais criteriosos. E uma vez que o Google tem políticas de análise de desempenho que complicam a vida a quem for considerado estar nos 20% menos produtivos, isso faz com que a maioria dos funcionários não tenha grande vontade em gastar o seu tempo com os projectos extra e arriscar-se a ficar mal classificado.

Como um engenheiro do Google diz, os 20% do Google agora passaram a 120% - ou seja, o que o Google pretende é que façam o trabalho a 100%, e depois usem os 20% do seu próprio tempo livre para explorarem os projectos alternativos.


O Google saberá melhor que ninguém avaliar a eficiência dos seus funcionários, e pesar as mais valias do trabalho normal versus a lotaria dos projectos extra; embora tenha que admitir que mesmo que dali saia apenas uma ideia boa a cada par de anos - como um Gmail ou AdSense - dará certamente para justificar todo o restante tempo "desperdiçado". De qualquer forma, irá sempre custar um pouco ver o Google a tornar-se cada vez mais num gigante igual aos outros, mesmo se - com 20% de tempo para projectos ou sem ele - não me parece que haja falta de candidatos desejosos de trabalhar no Google.

2 comentários:

  1. Pena a filosofia do "do no evil" estar a perder-se.

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  2. Vamos lá ver, 20% para projectos pessoais dá um 1 dia por semana, ou seja, se fosse uma semana de 5, sobravam 4 para trabalhar para a empresa (nem tanto porque nos EUA em regra não se trabalha 6ª Fª à tarde).

    A discussão que há agora é entre um engenheiro que diz "no meu tempo tínhamos mesmo esses 20%, dispúnhamos do tempo como queríamos, especialmente falar uns com os outros (brainstorming expontâneo) , e agora acabaram com isso". Diz a Google, "Não senhor os 20% mantêm-se - ou seja, cada técnico pode ocupar 20% do seu tempo fora do seu projecto principal" (não acrecenta, nem é preciso, "isto se não for urgente terminar o que tem em mãos").

    Trabalhar fora do seu projecto principal continua a ser trabalhar em projectos que interessem à empresa, não é cada um fazer o que lhe der na real gana. Cá por mim sempre foi assim - nem podia deixar de ser. O que diz o engenheiro só é assunto para quem olhava a Google com óculos cor de rosa. Não era uma santa, assim a dar para o hippie, nem passou a ser um demónio.

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