2013/09/02

"Esqueci-me do iPhone" - Um Retrato da Sociedade Actual


Se já se sentiram incomodados por estar num local com amigos, onde cada um está de olhos fixos no ecrã do seu smartphone alheado do mundo em seu redor, então vão saber exactamente do que trata este vídeo "I Forgot my iPhone" que tem feito furor no YouTube - precisamente por colocar o "dedo na ferida", da realidade que tão bem conhecemos.

Confesso que mim me incomoda ver estas situações, mas infelizmente é um daqueles fenómenos que é contagioso. Uma pessoa começa a olhar para o smartphone a fazer "sabe-se lá o quê"... e em seu redor, as outras pessoas também terão tendência para pegar nos seus, e assim sucessivamente até que o último resistente mesmo que não tivesse intenções de o fazer... acabe por fazê-lo por não ter outra coisa para fazer.

Não se pense também que isto é um fenómeno que afecta apenas o segmento "geek" da população. Infelizmente é algo já bem mais generalizado, e quantas vezes não dou com famílias inteiras à mesa do restaurante, onde os filhos estão com os seus tablets ou consolas portáteis, e o pai e mão estão cada um com o seu smartphone, nas redes sociais ou nos joguinhos casuais, conforme seja o seu vício do momento.


De forma algo relacionada, já tinha planeado escrever algo sobre o fenómeno a que assisti no outro dia, de um miúdo com os seu 9 ou 10 anos com o tablet à mesa, e onde num espaço de poucos minutos terá mudado de jogo mais de uma dezena de vezes, chegando até ao ponto de "voltar aos mesmos" em que tinha estado minutos antes. Eu sei que sou do tempo em que um jogo demorava minutos a carregar, e onde certos jogos eram jogados durante meses ou anos - provavelmente era devido à falta de variedade de oferta... mas hoje em dia estaremos no caso em que a oferta excessiva cause uma sensação de desconsolo permanente sem que realmente se "aproveite" algo?


O que me parece mal é que não se aproveite a companhia das pessoas com quem estamos. Felizmente, antes de passar ao vídeo deixo-vos com um exemplo perfeito de como as coisas não precisam ser assim. Bastará olhar para um dos nossos meetings mensais, onde temos um grupo de "geeks" que tirando uma ou outra situação em que pegam nos smartphones para documentar o evento ou mostrar alguma coisa a outros; é exclusivamente preenchido por conversas de cara levantada e de olhos nos olhos.

... Portanto, aí está o segredo: em vez de estarem em grupo a falar de coisas tão chatas ou banais que vos façam querer "fugir" para o ecrã do vosso smartphone, o truque é simplesmente terem conversas interessantes e que até vos façam esquecer do resto... Fica a dica (e o convite para aparecem num dos nossos meetings sempre que quiserem/puderem! :)


[via NY Times]

11 comentários:

  1. Acho que com o Google Glass a coisa disfarça mais. Tem é que depois se definír um conjunto de gestos de olhos e pálpebras: olhar fixo num link = link selecionado, piscadela de olho = enter, olhar para cima/para baixo scroll up/

    Escrever, bem, também haverá solução. Também não é preciso escrever muito porque o pessoal já sabe SMS.

    Mais tarde se pensará num capacete que isole o indivíduo deixe de ter que falar com outras pessoas. Minutos antes de chegar ao café: "Quero um cimbalino cheio numa chávena escaldada com meio pacote de açúcar", "Dirija-se ao assento 12". Chega-se lá, já lá está o café, mexido e tudo, paga-se por NFC e acabou-se. Que é isso de procurar ser simpático com a empregada para ver se nos serve uns segundos mais depressa e estar à coca a ver se não serve primeiro um sujeito que chegou depois de nós - porque isto da corrupção e espezinharem os nossos direitos, está por todo o lado, é preciso estar à coca.

    Eu tenho muitas esperanças que a tecnologia rapidamente abandone a fase do smartphone, que já está esgotada, e nos conduza a um novo patamar.

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  2. Por acaso não é coisa que costume acontecer nos meus círculos.

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  3. Carlos,
    Nao poderia estar mais de acordo contigo...

    E alguem a jogar a bola nas ruas??? ui, como??? nao fifa 13... no smartphone ou playstation...

    jogar ao piao, a macaca, etc... tipo, conviver e andar na terra a ganhar defesas???? isso foi noutro seculo!!!!

    Bem, a tecnologia tem destas coisas.... O que é mesmo pena e nao se aproveitar a companhia das pessoas com quem se esta...

    Chegarem ao cumulo de 5/6 amigos estarem numa cafe a jogarem jogos sociais, durante horas e quase nem conversarem uns com os outros!!!!

    É triste ver o ser humano não saber usar o lado bom da tecnologia!!!

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  4. Estou a algumas semanas de adquirir o meu primeiro iPhone (e, como consequência, reformar o meu já velhinho e agredido Nokia 5700), e penso: Será que é isto que me vai acontecer? Será que me vou tornar num destes "robots"? Já o sou com o meu computador, é provável que o seja com o smartphone?

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    1. claro que sim Manuel, tu tem muito medo, muitooo medo! ;P

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    2. Naaa.. não te preocupes. Um smartphone não faz do seu dono uma "besta". Pelo menos, não de forma automática... :)

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  5. As pessoas mais novas cresceram na era da tecnologia, e essa é a realidade deles.
    Não fazem ideia de como eram as coisas no passado, e eu acho que o nosso dever é mostrar-lhes que as coisas podem e devem ser diferentes.
    O meu primeiro computador era um timex (como muitos de vós :) ) que já de si na altura era a vanguarda e demorava um século a carregar as aplicações com o gravador a fazer aquele som tão característico dos sepctrum.
    Tive o meu primeiro telemóvel aos 20 anos, o meu primeiro pc com 22...
    Eu em casa não permito que a minha princesa de 4 anos veja tv enquanto tomamos as refeições, joque no tablet nos restaurantes, cafés....
    Há que haver bom senso e um meio termo para tudo.
    Por outro lado, considero uma falta de educação alguém estar a "brincar" com o seu gadjet e não ligar a mínima para as pessoas que estão ao seu lado.Para isso ficavam em casa sozinhos.

    Para terminar, gostava também de deixar uma critica há abundância destes objectos por exemplo numa família.outro dia numa sala de espera do médico, vi um pai com dois filhos pequenos e todos tinham o seu tablet. Não chegaria um e todos partilhavam o objecto.
    Não me admira nada que mesmo com irmãos estas pessoas sejam um tanto ou quanto egoístas e egocêntricas porque nunca foram ensinadas a olhar o outro.
    enfim, melhores dias virão :)

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    1. A mim não me choca que cada pessoa tenha o seu tablet. Para mim, encaro os tablets como ferramentas essenciais para as gerações actuais e futuras - tal como noutro tempo alguns andariam sempre com um livro ou caderno para rabiscar para onde quer que fossem.

      A questão é apenas saber quando é apropriado ou não estar com a cabeça "enfiada" no tablet.

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    2. Eu acho importante promover a partilha entre irmãos principalmente quando se trata de idades tão precoces.
      Um desses meninos teria 4 anos e o outro cerca de 6 anos.
      Numa idade mais adulta concordo que cada um tenha o seu objetivo até por uma questão de privacidade.

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    3. Concordo com os dois, tenho uma filha de 4 anos que partilha o tablet comigo (criei uma conta graças ao android 4.2) onde ela tem os jogos dela e já lhe disse até certa idade ela vai ter de partilhar também com a irmã quando ela tiver idade para usar.
      Um dia mais tarde aí será diferente e concordo que serão cada vez mais ferramentas essenciais.
      E tenho sorte que nos grupos em que me insiro, pode-se usar esporadicamente o telemóvel, porque às vezes é mesmo preciso, mas o principal é o convívio e a boa disposição.

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  6. Excelente artigo. Triste realidade :(

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