2013/11/04

Os televisores de 600Hz e 960Hz

A respeito dos monitores para jogos a 144Hz e também dos filmes em "high-framerate" (como The Hobbit), um colega perguntou-me: mas... então os televisores não são já de 240, 480 e até 960Hz? E a verdade é que, não, não são.

Como é habitual, as marcas e departamentos de marketing apressaram-se a anunciar e descrever as suas tecnologias, referindo estes valores sem dar verdadeiros argumentos técnicos ou explicando como é a coisa funciona. Não quero com isto dizer que não existam diferenças visíveis, que as há. Mas infelizmente em vez de se centrarem nesses aspectos... parece ser mais simples exagerarem nos números dos "hz".

A verdade é que a maioria dos televisores continua a usar painéis de 60/120Hz reais. Daí para cima, entram em acção várias técnicas, que variam de fabricante para fabricante, e com efeitos mais/menos pronunciados.

Na base de todas elas está o recurso às imagens interpoladas, para preencher as imagens em falta. Ou seja, se estamos a ver conteúdos que chegam a 60fps e vamos apresentá-las a 120fps, o sistema analisa as mudanças de frame para frame e recria frames intermédias para criar movimentos mais suaves. Mas existem outras técnicas...

Uma das técnicas mais comuns e simples, passa por um refrescamento que é acompanhado pelo varrimento sequencial da iluminação backlight, que cria um efeito mais aproximado dos CRTs e que cria a ilusão de imagens mais "nítidas".



Na Sony, o sistema é multiplicado por várias secções da imagem, permitindo que seja multiplicado por 8x e anunciando como sendo de 960 (usando um painel que apenas apresenta um máximo de 120 imagens por segundo, recorde-se!) Em acção estão as tais interpolações, iluminações sequenciais, mas aqui segmentadas por diferentes zonas do ecrã.


E depois temos o caso dos paineis de plasma, que frequentemente anunciam 600Hz (de "sub-frames"). No entanto, aqui é mesmo verdade, embora possa ser facilmente mal interpretado. Nos plasma não há um controlo sobre a intensidade de cada subpixel como acontece nos LCDs, portanto a luminosidade é controlada através do tempo que cada subpixel permanece ligado ou desligado.





Isto faz com que cada "frame" que vemos num ecrã de plasma seja na realidade o resultado de múltiplos frames repetidos a alta-frequência, e onde os pixeis se iluminam mais/menos frequentemente consoantes a luminosidade pretendida.


No final do dia, caberá a cada um saber que tipo de imagem prefere. Há quem seja grande fã dos sistemas de interpolação; há quem não os possa ver à frente e se apresse a desligá-los; e entre as diferentes marcas, temos ainda que contar com diferentes níveis e algoritmos de interpolação, que poderão resultar melhor nuns casos que outros. O que importa é estarem informados sobre os sistemas que existem e são usados, para que não se deixem levar na cantiga dos vendedores (e dos auto-colantes exibidos em destaque nos televisores), de que aquela televisão é melhor por dar a "960hz"!



[via Cnet (1), Cnet (2), HDguru]

1 comentário:

  1. Carlos. Muito obrigado pelo teu esclarecimento ... És um excelente profissional e mais uma vez parabéns pelo teu excelente trabalho que tens feito no aadm... Abraço

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