2014/02/15

Novo marco histórico na Fusão Nuclear


Não seria bom ter uma fonte de energia limpa que fosse capaz de gerar energia quase infinita a partir de algo tão comum como a água? É isso que há muito se procura com a fusão nuclear (não confundir com fissão nuclear, a que associamos aos perigosos resíduos radioactivos com os quais temos que lidar) e que agora volta a dar-nos esperança de estarmos cada vez mais próximos.



De certa forma a fusão é o oposto da fissão nuclear. Na fissão (como acontece nas centrais nucleares e nas bombas atómicas) temos uma reacção em cadeia que gera energia dividindo átomos grandes noutros mais pequenos; na fusão, temos energia libertada quando se forçam dois átomos a combinarem-se para criarem um único maior. A energia produzida pela fusão é cerca de quatro vezes superior à que é obtida pela fissão, e permitiria que uns poucos litros de água pudessem gerar energia para alimentar toda uma cidade.

O problema é que para tornar possível esta fusão nuclear - o mesmo tipo de reacção que acontece nas estrelas - é igualmente necessário criar condições de pressão e temperatura tão elevada que nenhum material conhecido seria capaz de sobreviver. Uma das técnicas recorrer a campos magnéticos para manter o material em fusão preso sem que tenha contacto físico com nenhuma material; outra recorre a lasers para conseguir um efeito idêntico.

Para gerar esses campos de contenção, e as temperaturas e pressões necessárias, é necessária uma quantidade monumental de energia, que faz com que a energia reduzida pelas reacções experimentais de fusão seja bastante inferior à que se gasta para as fazer acontecer. Mas agora, pela primeira vez, os cientistas conseguiram gerar uma reacção onde a energia produzida foi superior à energia usada para dar início à reacção.

Infelizmente, isto ainda não tem em consideração a eficiência e desperdício de energia dos lasers que foram usados nesta experiência. Em termos simples, imaginem que 10W gastos no combustível produziram 20W... só que para fazer chegar esses 10W ao combustível foi necessário gastar 2000W nos lasers.

Ninguém disse que era fácil... mas ver o resultado positivo (ignorando os "extras") é sem dúvida um marco histórico.


Melhores notícias poderão estar para breve quando se concluir a construção do reactor de fusão ITER em França que recorre ao sistema magnético de contenção que tem obtido melhores resultados. Em 1997, para 24MW de energia conseguiu-se produzir 16MW - e com este novo reactor espera-se, pela primeira vez, conseguir uma reacção auto-sustentada, em que a energia produzida será capaz de alimentar o sistema e dar início a uma nova era energética para toda a Humanidade. Este projecto estava inicialmente planeado para entrar em operação já em 2016, mas devido a atrasos e gastos extra, tem agora uma data de entrada em funcionamento prevista apenas para... 2027.

(Não é tão frustrante pensar o que a humanidade poderia conseguir se em vez de gastar "triliões" de euros em armamento investisse esse dinheiro para o avanço da ciência?)

Bem... se mesmo assim isto se concretizar na próxima década, espero ainda cá estar para poder assistir! :P

1 comentário:

  1. Eu também quero estar por cá para ver e rir rir e rir de felicidade e também só um bocadinho da desgraça de TODOS os que estão por detrás do negócio do petróleo :D

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