2014/05/02

Dark Wallet quer tornar os Bitcoin 100% anónimos


Os Bitcoin têm causado bastante polémica ao pretenderem ser uma forma anónima de transferir dinheiro e escapar ao controlo das entidades reguladoras e das autoridades governamentais - só que o seu sistema não garante implicitamente que os seus utilizadores sejam "anónimos" (pelo contrário), e têm havido pressões no sentido de obrigar que os utilizadores se identifiquem. Este Dark Wallet pretende ser um sistema que impossibilitará qualquer tentativa de controlo, tornando os Bitcoin 100% anónimos.

Os Bitcoin dependem do chamado "blockchain", um registo público e que é mantido e partilhado de forma descentralizada, para saber quem transferiu dinheiro para quem. Algo como pedirem a todos os vossos amigos que registem que pagaram €5 a determinada pessoa, para que depois mesmo que alguém venha tentar dizer que não pagaram, exista uma quantidade substancial de pessoas que poderá validar que essa transacção foi feita.

Embora não sejam usados nomes, os Bitcoins estão associados aos endereços de cada utilizador, permitindo que facilmente se saiba que transferências anda a fazer - sendo também inevitável que mais cedo ou mais tarde se saiba qual o endereço que pertence a certa pessoa, quer seja via hacking ou outros métodos.

Este Dark Wallet quer dar uma reviravolta no sistema, procedendo a uma série de passos que fará com que seja impossível seguir o rasto do dinheiro - ou determinar de quem era ou para o que foi usado. Para esse efeito usa uma técnica chamada CoinJoin, em que uma transacção é combinada com outra aleatoriamente (no futuro com múltiplas em vez de apenas duas). Isto faz com que uma transacção de alguém que esteja a comprar algo ilegal possa ser combinada com a de alguém que está a comprar algo perfeitamente banal, mas impossibilitando saber quem fez o quê (podendo também ser feito com transacções do próprio utilizador para uma outra conta sua).


Para receber dinheiro, em vez de se usar o endereço público, o Dark Wallet recorre a um endereço cifrado que permite a outra pessoa possa enviar dinheiro para o destinatário sem que nunca saiba qual o seu endereço real.


Claro que há quem critique todos estes sistemas dizendo que se destinam a criminosos e todo o tipo de lavagem de dinheiro e transacções de produtos ilegais. Mas isso também poderá ser dito do "dinheiro vivo"; ou diamantes; ou ouro; ou qualquer outro bem que possa ser usado como valor e passado de umas pessoas para as outras sem que se diga nada a ninguém. Para os defensores da liberdade/privacidade, trata-se apenas de garantir que isso possa continuar a existir em versão digital, sem que automaticamente se fique com todas as suas transacções monetárias registadas e analisadas automaticamente por bancos, governos, e sabe-se lá quem mais.

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