Media Players de baixo custo são a "internet" da Coreia do Norte

A Internet pode ligar todo o mundo e fazer-nos pensar que era tempo de acabar com as fronteiras geográficas, mas infelizmente vão sendo cada vez mais as tentativas de censurar tudo o que seja considerado indesejado. Mas como sempre... quando há desejo, há sempre forma de dar a volta a todos os bloqueios, mesmo que se tenha que trocar o "online" pelo "offline" como acontece na Coreia do Norte.

Há países onde o acesso à internet não é tão livre quanto seria desejável. Países como a China têm a sua firewall, e a Coreia do Norte vai ainda mais longe e praticamente tem a sua própria "internet nacional" com a ligação ao mundo exterior a ser monitorizada cuidadosamente (bem, por cá também já vamos sentindo um pouco desse tratamento - com o bloqueio de sites como o PirateBay.)

Mas tal como cá rapidamente se encontraram formas de contornar os bloqueios, na Coreia do Norte tem havido uma explosão no uso de pequenos media players de baixo custo que se têm tornando numa verdadeira "janela para o mundo".

Uma vez que não podem usar a internet, os norte-coreanos têm feito aquilo que muitos de nós ainda se lembram de fazer há algumas décadas atrás: trocar e copiar conteúdos entre si. Uma simples pen USB é suficiente para levar muitas horas de programas televisivos internacionais que não se poderiam ver na Coreia do Norte, e que podem depois multiplicar-se e espalhar-se entre todos os que têm estes pequenos media-players, funcionando como uma verdadeira rede "P2P" sem dependência da Internet (até já têm previsto a possibilidade de serem alvo de uma inspecção surpresa, deixando um DVD com conteúdos norte-coreanos no leitor, enquanto vêem programas de "contrabando" via pen USB - que pode ser removida a qualquer instante - assim desculpando ter estado em funcionamento "a ver o DVD".)

É algo que me faz relembrar velhas memórias, dos tempos em que por cá se tinha apenas 1 (ou 2) canais, e onde era ponto alto a chegada de amigos que trabalham noutros países e regressavam com dezenas e dezenas de cassetes VHS carregadas de filmes e séries que por cá não havia. Foi assim que vi o meu primeiro Knight Rider, séries como os Transformers (de animação), e muitos filmes.

Não posso deixar de achar curioso que em certa parte do mundo, isto ainda esteja a acontecer - dando toda uma importância adicional a coisas que por cá até já podemos considerar "trabalhosas". (Quantas vezes não achamos que é trabalho a mais copiar algo para uma pen USB, optando por enviar isso por streaming ou até voltando a descarregar da internet, por ser mais cómodo?)