2015/08/30

Tidal acusa Apple de ter impedido stream em directo de artista


As questões dos direitos de autor já têm servido para complicar as relações entre autores e os consumidores, mas para demonstrar que as relações são complicadas até entre os próprios artistas, eis mais um caso que demonstra que o que todos querem é garantir os seus interesses à custa de todos os que tiverem outras ideias.

Durante o streaming de um concerto de música no Tidal, a entrada de Drake no palco foi acompanhada pela suspensão da emissão, que passou a exibir uma mensagem que dizia que a culpa era da Apple, que estava a interferir com os direitos dos artistas e a agir como um Big Brother.

Drake tem um contrato de exclusividade com a Apple e, embora se tratasse de um concerto de beneficência, o Tidal diz ter recebido cartas da Apple que ameaçam processá-los em 20 milhões de dólares caso fizessem a emissão do seu artista. Coisa que a Apple nega, dizendo que nem estava a par do concerto; e sendo corroborado pelo agente do artista, que diz que a decisão de não quererem o stream foi da sua inteira responsabilidade (embora muito provavelmente se devesse ao contrato com a Apple.) Curiosamente, depois de ter exibido o aviso "sem papas na língua" durante o stream, o Tidal já se mostra bastante mais reticente quanto a revelar as alegadas cartas/emails da Apple a ameaçar o processo, dizendo que prefere manter o nível.

Independentemente de quem esteja a dizer a verdade ou meias-verdades, o que se passa é que o Tidal demonstra a sua total hipocrisia quanto ao seu suposto respeito pelos artistas. Ora vejamos, o Tidal é um serviço que diz ser diferente e quer dar o poder aos artistas, e não tem problemas de ir acumulando o máximo de músicas exclusivas que não se podem ouvir noutros serviços de streaming. Mas, quando um artista opta por fazer precisamente isso, mas a favor de outro serviço que não o deles, então já se trata de uma atitude "Big Brother" e de interferências corporativas... Então, em que é que ficamos, o artista tem direito a poder fazer contratos exclusivos com quem bem entender, ou isso só serve se for em benefício do Tidal?


Por mim, a reforma dos direitos de autor começava logo pelo fim das tretas de exclusividade. O artista cria, decide as condições para a divulgação da sua obra, e qualquer distribuidor que a quisesse distribuir fazia-o (cumprindo com as ditas condições). Há lá algum motivo "lógico" que justifique que um artista esteja presente num serviço de streaming mas não noutro, ou que esteja disponível num serviço em determinado país, mas noutro país já não, etc.?

1 comentário:

  1. O que acontece é que o artista normalmente prefere as vantagens da exclusividade do que as alternativas, ninguém obrigou o Drake a fazê-lo

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