2017/01/04

Contadores de água e electricidade inteligentes ajudam a resolver crimes


Um caso de polícia nos EUA, que chegou às notícias devido às autoridades quererem acesso às gravações feitas por um Amazon Echo, torna-se ainda mais interessante ao revelar que mais dados contribuíram para descobrir o que se passou - nomeadamente, o consumo da água.

O Amazon Echo é um dispositivo que está sempre à escuta para responder às nossas perguntas e comandos, e as autoridades esperavam que o mesmo pudesse conter gravações sobre o que se teria passado num caso de homicídio. No entanto, uma vez que só envia para a internet o áudio que é gravado após a palavra de activação "Alexa", esses registos - que a Amazon não terá fornecido - não deveriam conter nada de útil.

Embora as perspectivas de que estes assistentes digitais, que gravam o som (e potencialmente até imagem, no caso das Smart TVs com câmaras), se possam vir a tornar em verdadeiras testemunhas digitais, possam já dar que pensar; as coisas complicam-se ainda mais quando se constata que essas testemunhas não se limitam a estes aparelhos, e podem ser coisas tão simples quanto os contadores "inteligente" de água e luz. Neste caso em questão, um contador inteligente de água revelou que o suspeito gastou mais de 500 litros de água entre a 1h e 3h da manhã, já depois da vítima estar morta, a tentar lavar o pátio de vestígios de sangue - destruindo a sua explicação inicial de que "tinha encontrado o amigo morto na banheira".

O caso torna-se pertinente uma vez que por cá também se está a proceder à troca dos contadores eléctricos por outros mais inteligente (embora por vezes não pareçam - como se pode comprovar pelas muitas queixas que têm sido discutidas na nossa mailing list, nomeadamente quanto à necessidade de se ter que fazer reset no contador quando "dispara"). Embora não se saiba bem que tipo de registo é que a EDP fará, fica aberta a possibilidade para que em casos idênticos o contador possa fornecer informações que revelam se realmente as pessoas estavam a dormir, ou afinal ainda tinham "tudo aceso" na hora de interesse; ou até se ligaram o aspirador para tentar limpar a "cena do crime".

Não é que me preocupe que estes dados sejam usados para ajudar a solucionar crimes... No entanto fica a questão sobre as potenciais invasões de privacidade que poderão surgir por parte de quem tiver acesso a estes dados, quer seja de forma oficial, quer por forma ilegal (com roubo de dados, hacking, etc.)

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