A Fairphone chegou ao mercado com uma filosofia diferente, de manter os smartphones funcionais para "sempre", mas ao fim de 4 anos é forçada a terminar o suporte por falta de componentes para reparar o seu Fairphone 1 - e aproveitando a oportunidade para também o deixar sem o prometido Android 4.4.
As intenções da Fairphone seriam boas, de promover a utilização dos smartphones durante muitos e longos anos, com peças que pudessem ser reparadas ou trocadas com facilidade. O problema é que isso se revela incompatível com o rápido ritmo evolutivo do sector, fazendo com que, apenas quatro anos após o seu lançamento, a empresa venha anunciar que deixará de haver componentes para efectuar essas eventuais reparações no Fairphone 1.
Isto é... os componentes até poderiam continuar a ser produzidos pelos fabricantes, mas para isso a Fairphone teria que garantir a compra de uma quantidade mínima que diz não ser capaz de suportar financeiramente; pelo que agora a ideia será comprar um stock de peças para não permitir essas reparações - quando tiver capital para isso.
Na prática não me parece que seja grave... pois estamos a falar de um smartphone com quatro anos, que actualmente pode ser considerado obsoleto (4.3" 960×540, MT 6589, 1GB de RAM). Mas, ainda assim, não deixa de representar uma quebra no compromisso que tinham assumido; e que será mais grave por também ser dito que fica sem efeito a prometida actualização para o (também já desadequado) Android 4.4.
É nesta última parte que a Fairphone acaba por ficar pior vista, pois não tem a desculpa de serem fabricantes externos. Aliás, a novela desta actualização já é longa, pois no final de 2014 queixou-se que a culpa era da MediaTek, que não disponibilizava o source code necessário para tratar da actualização; mas em Setembro de 2015 disseram que afinal já o tinham conseguido, e que o Android 4.4 chegaria ao Fairphone 1 no ano seguinte (2016). E agora... novo balde de água fria em todos os que confiaram na Fairphone.
... Ao menos o Fairphone 2 já recebeu o Android 6.0, em Abril deste ano, altura em que já seria recomendável que a actualização tivesse sido para o Android 7.0, e que nesta altura já estivessem a trabalhar em prepará-lo para o Android 8.0 que chegará nos próximos meses. Antes de se preocuparem com as promessas dos componentes para as reparações... talvez fosse melhor assegurarem-se que conseguem manter o software actualizado em tempo útil...
A Mediatek tem sido um problema para todos os fabricantes que querem realmente manter o sistema operativo actualizado por longos períodos de tempo, já que pelo menos até recentemente eles simplesmente não actualizam, quem quiser actualizar tem de comprar novos componentes... então é ver os fabricantes a fugir para a Qualcomm que tende a suportar o que vende durante muito mais tempo (e mesmo assim alguns ao fim de 1 ou 2 anos já não actualizam mais... quando os actualizam uma vez que seja).
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