2019/01/28

RGPD facilita acesso aos dados - mas empresas não facilitam a sua interpretação


O novo Regulamento Geral de Protecção de Dados Europeu (RGPD / GDPR) exige que as empresas disponibilizem todos os dados referentes aos utilizadores que pedirem acesso aos seus próprios dados, mas isso ainda não está a ser feito da forma "interpretável" que o regulamento refere.

Empresas como a Google, Facebook, Amazon e Apple, já disponibilizam ferramentas que permitem aos utilizadores descarregarem os dados que estas empresas detêm sobre si, mas nem sempre isso é feito da forma que seria desejada - como é relatado por um jornalista que pediu os seus dados a estas quatro empresas e acabou com 138GB de dados "a monte". Isto vai contra a pretensão que este acesso aos dados deve ser fornecido de forma concisa, acessível e utilizando linguagem simples de entender.


No primeiro passo, de encontrar a opção para pedir o acesso a estes dados, só a Amazon se destaca pela negativa, escondendo-a no fundo da lista na secção "Contact Us". A Amazon é também a que leva o prazo máximo para a entrega dos dados ao limite, demorando 30 dias a disponibilizá-los (não sendo propriamente o exemplo que se esperaria de uma empresa especializada no armazenamento e tratamento de dados na cloud).

Quando finalmente se recebem os links para os dados, as coisas também não melhoram, com os utilizadores a depararem-se com ficheiros com nomes ambíguos e confusos, ou em formatos que serão desconhecidos da maioria dos utilizadores. Por exemplo, quem desejar saber que dados a Google tem sobre a sua localização, vai deparar-se com um ficheiro JSON com dezenas de megabytes - embora no seu interior estejam efectivamente campos com informação sobre o tempo e coordenadas registados. Dados que no entanto não serão facilmente convertidos em informação "visível".

As complicações continuam quando se tenta decifrar o que será um ficheiro "My Activity" na pasta de "Ads". Um ficheiro HTML com vários gigabytes que também será completamente ininteligível - mas referente aos dados que a Google vai acumulando sobre cada utilizador a nível das páginas e publicidade por que passou. A Apple porta-se melhor em temos de fornecer dados em formatos mais fáceis de aceder, embora também com alguns JSON pelo meio, mas também com informação confusa.


Curiosamente, e talvez fruto de todo o escrutínio (e processos) de que tem sido alvo, o Facebook é aquele que fornece os dados numa forma mais próxima do que seria esperado: toda a informação é fornecida em formato HTML, organizado em secções facilmente identificáveis, e que faz com que toda a experiência se processe a partir do browser.

De tudo o que se pode criticar na forma como o Facebook tem lidado com os dados dos utilizadores, neste aspecto em particular, parece ser o exemplo que todas as demais empresas deveriam seguir relativamente à disponibilização desses dados.

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