O cenário de "guerra" entre EUA e Huawei levanta bastantes questões sobre ao que a marca chinesa irá fazer com o Mate 30 - a nível de saber se virá com acesso às apps da Google - havendo várias possibilidades em cima da mesa.
Quando a Huawei apresentou a série Mate 20, ninguém imaginaria que um ano mais tarde estaria envolvida numa situação complicada, que se arrisca a deixá-la ficar sem acesso ao Android, apps da Google e demais tecnologia de origem norte-americana.
Enquadramento
O governo americano levantou uma frente de batalha com a China, o que acabou por levar à interdição de negócios com a Huawei, que ficou impedida de aceder livremente a hardware e software norte-americano (adiada por uma extensão do prazo para a entrada em vigor dessa restrição), e que se alargou a outros continentes, com a britânica ARM a enveredar pela posição dos EUA.
Esta situação invulgar, sobre as quais ainda não se conhecem todos os contornos (o próprio CEO da Microsoft já veio pedir que os EUA mostrem as provas das preocupações que levantaram sobre a Huawei), forçou a Huawei a procurar alternativas para por em acção rapidamente, sendo que o tal adiamento terminará a 19 de Novembro de 2019.
Será perante este cenário de indefinição, em que os governos dos EUA e China ainda não fecharam um acordo comercial, que a Huawei irá apresentar a nova série Mate 30. Tendo em conta que as sanções impostas à marca chinesa ainda não foram levantadas, a Huawei terá que optar por uma solução alternativa, a qual deverá passar por uma das opções que avançamos de seguida (ordenadas por probabilidade).
Modalidades de acção para o lançamento do Mate 30
A - Lançar o Mate 30 com as apps da Google como nada se passasse
A Huawei tem optado por colocar o smartphone no mercado pouco tempo após a sua apresentação oficial. Caso seja esta a opção escolhida, a Huawei terá muito pouco tempo para garantir um acordo, mesmo que temporário, para garantir a utilização dos serviços e software Google. Tendo em conta que temos um evento marcado para o dia 19 e o smartphone vai estar na mão de centenas de jornalistas, não é de esperar outra opção que não uma certificação do produto, com suporte completo do ecossistema Google. A ser assim, tudo já deverá estar mais do que decidido, faltando apenas o anúncio oficial, que poderá ocorrer na apresentação do produto, que por norma até conta com um quadro oficial da Google entre os oradores convidados.B - Apresentar o Mate 30 sem apps da Google adiando a sua chegada aos mercados ocidentais
É uma opção que faria todo o sentido em termos estratégicos, não fosse a imagem da marca ficar ainda mais fragilizada junto da opinião pública. A Huawei fez um enorme esforço para conquistar a confiança do público ocidental e, de um momento para o outro, viu todo esse trabalho cair por terra. O smartphone seria apresentado com a versão chinesa da EMUI e a versão ocidental teria de esperar pelo estabelecimento de um acordo entre os dois países. De qualquer forma, pouco sentido faria fazer a apresentação numa cidade europeia neste cenário.
C - Lançar o Mate 30 sem as aplicações e serviços da Google
Se a modalidade B seria prejudicial para a imagem da marca, esta opção C, pode ser vista como a machadada final na reputação da Huawei nos mercados internacionais. É certo que a marca pode sempre optar por um sistema alternativo para disponibilizar as apps e serviços da Google, permitindo aos utilizadores a instalação manual das ditas apps. Mas a certificação do produto continuaria a não estar disponível, situação que afastaria muita clientela e potencialmente faria ressurgir suspeitas de que tipo de monitorização a Huawei pudesse estar a fazer sobre os seus smartphones, algo que garantidamente não estará nos planos da marca.D - Mate 30 powered by Harmony OS
O slogan até pode ser interessante, mas a harmonia está longe de ser garantida. Tal como a opção C, a não disponibilização do ecossistema Google não pode ser visto como opção no mercado ocidental neste momento. Ao contrário da China, onde os smartphones são utilizados sem acesso aos serviços da Google, o mercado ocidental não está disponível para este cenário, com os utilizadores a rapidamente olharem para os produtos da concorrência. Não bastará à Huawei garantir uma loja de apps com conteúdos de qualidade, pois os utilizadores irão sempre preferir um acesso à app oficial da Google, o que dificilmente seria conseguido sem o levantamento das sanções impostas pelos EUA.Uma "Harmonia" complicada
Analisando aquilo que tem sido a politica da marca chinesa, não é de esperar outra opção que não a modalidade A. Ao longo dos últimos anos temos assistido a uma evolução lenta, mas sustentada, sem lugar a grandes aventuras, não sendo por isso expectável que numa situação tão sensível como a actual, a Huawei opte por uma solução mais radical.
O Harmony OS até muito bem vir ser o futuro da marca, mas apenas a longo prazo. Para já, a solução terá sempre de passar pelo Android com suporte para o ecossistema Google; dia 19, ficaremos a saber qual foi a decisão da Huawei para o Mate 30. E mesmo que por agora tudo permaneça dentro da normalidade, em breve teremos este episódio a repetir-se para o futuro Huawei P40 - se até lá não houverem alterações na relação EUA-Huawei.
Nota: Fala-se ainda da possibilidade da Huawei simplesmente abrir uma nova empresa "europeia", que permitisse contornar as restrições dos EUA em termos legais. No entanto, seria dúbio se os EUA permitiriam tal táctica, para além de que faria a Huawei perder todo o reconhecimento de marca, tendo que recomeçar do zero.
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