2019/10/04

EUA, Reino Unido e Austrália querem espiar conversas encriptadas do Facebook


Sem grandes surpresas, os EUA, Reino Unido e Austrália fizeram um pedido formal ao Facebook para que possam espiar as conversas encriptadas nos seus serviços, com a habitual desculpa de que precisam de o fazer para "combater o terrorismo" e a "pedofilia".

Estes países querem que o Facebook ponha um fim à encriptação end-to-end - o tipo de encriptação onde nem sequer o próprio serviço tem acesso às mensagens que estão a ser trocadas pelos utilizadores - e até propõe formas de o fazer sem que efectivamente abdiquem da encriptação: através do "participante fantasma".

Dizem eles que seria "simples" para o Facebook adicionar um interveniente fantasma a todas as conversas, que na prática consistiria em fazer com que mesmo uma conversa entre duas pessoas se tivesse um terceiro elemento, escondido sempre à escuta. Uma ideia que destruiria por completo qualquer expectativa de privacidade que qualquer utilizador pudesse ter.

Além do mais, mesmo que se avançasse com tal medida, atropelando os direitos de todos os cidadãos, os resultados seriam bastante dúbios. Os ditos "terroristas" já demonstraram ser bem mais originais nas suas formas de comunicar - recorrendo a chats de jogos multiplayer, e definitivamente não iriam usar chats de plataformas como o Facebook ou qualquer outra que tenha a mínima suspeita de hipótese de estar a ser espiada. E quanto à pedofilia, o próprio Facebook refere que haverá formas muito mais eficientes de lidar com isso do que estar a violar a privacidade de "todo o mundo" (curiosamente, utilizando análise de metadados, como essas próprias agências fazem, para analisar padrões e detectar comportamentos anómalos).

Vamos ver como é que este caso irá terminar... e se, depois de por cá se ter começado a esquecer as memórias da PIDE, não teremos que enfrentar uma nova PIDE global, com alguém à escuta no canto da sala em todas as chatrooms dos serviços digitais.

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