2020/07/08

Apple expande rede de reparação independente à Europa


Procurando evitar potenciais processos, a Apple acelera o programa Independent Repair Provider para certificação de lojas de reparação independentes, que agora passa a estar disponível também na Europa. O problema é que pouco espaço há para a "independência".

A relação da Apple com as lojas de reparação não oficiais tem sido cada vez mais tumultuosa, uma vez que ao longo dos anos a Apple tem implementado sistemas que vão dificultando essas reparações. Para além de não disponibilizar peças ou componentes de substituição, por vezes chega ao ponto de bloquear ou limitar a utilização de componentes não oficiais - e até mesmo de peças oficiais que tenham sido retiradas de outros iPhones. Já passamos por casos de sensores Touch ID que não funcionavam noutros iPhones, ou de ecrãs que deixavam de dar uso ao sensor de luminosidade. E a tendência tem sido no sentido de cada iPhone só funcionar com componentes que tenham sido devidamente validados, um por um, pela própria Apple.

No entanto, a Europa tem sido um pouco mais amiga do "direito à reparação" do que os EUA, e será certamente um dos factores que levou a Apple a fazer chegar o programa Independent Repair Provider à Europa. A ideia é ampliar o número de locais onde possam ser reparados iPhones, iPads e demais produtos da Apple, mas simultaneamente assegurar que isso é feito com as devidas qualificações e garantias.

O problema é que o termo "independente" acaba por ser meramente cosmético: uma loja que se deseje candidatar a ser reparador "independente" da Apple terá que ter um técnico que se sujeite a um programa de certificação da Apple e, talvez ainda mais esclarecedor, existe uma pequena cláusula que diz "Apple reserves the right to reject any application without comment". Ou seja, a Apple continua a ditar quem é que tem acesso ou não aos componentes, e a efectuar as ditas reparações... o que não será propriamente a ideia de "independência" que se desejaria.

Além do mais, este programa de nada serve para os utilizadores que desejarem por mãos à obra e repararem os seus próprios smartphones. O que a Apple deveria fazer - e de forma voluntária sem que se chegasse ao ponto de ter que ser obrigada a isso - era: 1) disponibilizar o livre acesso a componentes oficiais de substituição, independentemente de ser uma loja certificada ou um cliente final; 2) não impedir a utilização, ou limitar funcionalidades, quando se recorre a peças não oficiais. Quando muito, neste caso, poderia apresentar no ecrã de sistema uma mensagem meramente informativa a dizer que o iPhone está a utilizar o componente "X" não oficial, mas nada mais que isso.

Ficamos a aguardar, mas sem grandes esperanças que isso seja feito de forma voluntária ou a curto prazo.

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