Para além dos processos em curso na Europa, o DOJ norte-americano avança também com um processo anti-monopólio contra a Google.
Chegando num momento em que as autoridades norte-americanas têm aplicado um olhar mais atento sobre os gigantes tecnológicos - Google, Apple, Facebook, Amazon - este processo acusa a Google de abuso de posição dominante no sector da pesquisa, e com acordos bilionários com diversas empresas e operadores de telecomunicações, para que o motor de pesquisa pré-seleccionado nos seus produtos e equipamentos seja o da Google. Acordos que nenhum outro motor de pesquisa concorrente tem capacidade de fazer.
Acusações obviamente refutadas pela Google, que começa por apontar dedos em todas as direcções, dizendo que a Microsoft detém posição dominante nos desktops com o Windows, e a Apple domina no sector mobile a par de fabricantes como a Samsung; e equiparando a situação a um simples fornecedor que paga para ter expostos os seus produtos na prateleira mais visível num super-mercado. Relembra ainda que os consumidores têm total liberdade para escolher qualquer outro motor de pesquisa que prefiram.
Palavras acertadas, mas que não escondem o facto de nenhum desses outros concorrentes ter dimensão ou capacidade financeira para fazerem frente à Google, que ainda conta com o "detalhe" adicional de controlar múltiplas plataformas adicionais que se auto-beneficiam entre si, como a sua rede de publicidade, YouTube, Android, Chrome e Chrome OS, etc.
É de prever que o caso se arraste por vários anos, e potencialmente o resultado resumir-se-á a fazer com que a Google seja obrigada a ceder protagonismo aos seus concorrentes, como já acontece com o Android na Europa, onde os utilizadores são confrontados com uma janela que lhes indica vários motores de pesquisa alternativos que podem escolher durante o processo de configuração inicial do dispositivo.
2020/10/21
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"É de prever que o caso se arraste por vários anos".
ResponderEliminarPois, isto é o Estado a exigir aos tribunais que resolvam o que devia resolver, politicamente, pela via legislativa.
Aprovava legislação, clara e específica sobre os poderes de monopólio das tecnológicas, cumpra-se. Pedir aos tribunais que interpretem legislação genérica anti-monopólio e a apliquem nessas situações, não creio que dê grande coisa.
Não há dúvida que o relatório recente de uma Comissão do Senado dos EUA é um documento com muita informação e que levanta muitas questões:
https://judiciary.house.gov/uploadedfiles/competition_in_digital_markets.pdf
Quem se interessa por estas coisas é apanhado a ler uma boa quantidade de páginas sobre os poderes de monopólio de Facebook, Amazon, Google e Apple.
Fica mais que demonstrado o poder de monopólio da Google na pesquisa na internet e na possibilidade associada.
"Ah, mas os outros também têm poder de monopólio, nisto ou naquilo". A questão é que são todos monopólios diferentes. "Ah, mas isso não interessa, se tem poder de monopólio acabe-se com ele e reponha-se a concorrência!". Divide-se a Google em várias empresas, separando por exemplo, o YouTube? E o Google Search, que é onde existe poder de monopólio, também se divide, uma empresa para as pesquisas feitas de dia e outra à noite? A publicidade na pesquisa sobre electrodomésticos fica numa empresa e sobre artigos desportivos noutra?
Boa sorte aos tribunais para deslindarem isto.
Eu cá estou com os que consideram que este processo é uma trumpada: "Vejam como eu ataco os poderosos!" A sua base eleitoral gosta disso, mesmo que não dê em nada.
Fica mais que demonstrado o poder de monopólio da Google na pesquisa na internet e na - publicidade - associada.
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