2024/01/06

Como carregar um veículo eléctrico de forma eficiente

Além da compatibilidade do veículo com a potência do posto, é necessário ter em conta a energia que necessita e o tempo que tem disponível para o carregamento.

Portugal, há cerca de duas décadas, apostou na produção de energias renováveis. A guerra da Ucrânia veio evidenciar as virtudes desta aposta, pelo que a transição energética da economia é uma oportunidade única que se deve abraçar, porque se traduz numa vantagem que permite ganhar independência de recursos, competitividade económica e sustentabilidade ambiental. Sendo o sector dos transportes um dos que mais contribui para a emissão dos gases de efeito de estufa, torna-se fundamental desenvolver políticas eficientes que acelerem a transição energética do sector. Neste âmbito, Portugal tem-se afirmado positivamente a nível global, uma vez que dispõe de estratégias definidas para a mobilidade activa e ciclável e um modelo de mobilidade eléctrica. Neste último caso, a utilização de veículos eléctricos tem-se tornado cada vez mais atractiva devido aos benefícios económicos e ambientais que oferece. O custo de utilização de um veículo eléctrico é mais baixo em comparação aos automóveis a combustão interna. No entanto, é fundamental compreender os factores que influenciam o custo de carregamento e como se pode optimizar essa despesa.

Uma das grandes virtudes que a mobilidade eléctrica proporciona é a possibilidade de poder efectuar o carregamento do veículo em casa ou no trabalho, os denominados espaços de acesso privado, ou num espaço de acesso público, como um centro comercial, um parque de estacionamento ou mesmo na rua. Devendo estas duas opções serem vistas como complementares entre si. O carregamento em espaços de acesso privado é genericamente menos dispendioso do que o carregamento em espaços de acesso público. Desta forma, os utilizadores de veículos eléctricos (UVE) deverão sempre que tenham essa possibilidade, privilegiar o carregamento das suas viaturas em espaços de acesso privado.

Para carregar num posto de acesso público, os UVE deverão estabelecer um contrato de fornecimento de energia para a mobilidade eléctrica, junto de um comercializador (CEME), por ser a opção economicamente mais vantajosa, mas podem também efectuar carregamentos sem contrato (ad-hoc), bastando, para tal, introduzir os dados do seu cartão de crédito numa das apps disponíveis para o efeito. O CEME estabelecerá o preço da energia e fornecerá um meio de acesso, cartão e/ou app que permitirá o acesso do UVE a todos os pontos de carregamento de acesso público, independentemente do operador (OPC), bem como aos pontos de acesso privado que estejam ligados à rede Mobi.E.

No caso de se utilizar a rede de acesso público da Mobi.E, é necessário que o UVE tenha em conta alguns factores para tornar o carregamento o mais eficiente possível, nomeadamente a capacidade de carregamento da bateria da viatura, a potência do posto e o custo de utilização do ponto de carregamento.

Existem dois factores que poderão onerar o custo do carregamento:
  • i) a capacidade e o nível de carga da bateria, se o posto tiver uma potência superior à capacidade da bateria do veículo, ou se o nível de carga da bateria for superior a 80%, o UVE estará a pagar um custo maior para ter acesso a uma potência que não será aproveitada de forma eficiente;
  • ii) outro factor que penaliza o custo da utilização do posto está relacionado com o tempo de carregamento. Para promover a utilização mais eficiente e a rotação no ponto de carregamento, os OPC têm adoptado tarifários em função do tempo de ocupação, pelo que é aconselhável que os UVE só utilizem o ponto de carregamento pelo tempo estritamente necessário.
Desta forma, é necessário adequar a potência do posto escolhido para o carregamento ao período de carregamento e às características do veículo, tendo em conta os seguintes factores: qual o posto que vai ser utilizado e se está adequado para o tempo disponível para o carregamento; confirmar se o veículo é compatível com o tipo de carregamento rápido ou ultrarrápido; caso seja, confirmar se a potência do posto pode ser aproveitada na totalidade pelo seu veículo, pois tal irá condicionar o custo do carregamento.

O custo de carregamento resulta do preço de utilização do posto que pode incluir uma taxa de activação e uma tarifa que pode estar relacionada com o consumo de energia e/ou o tempo de carregamento, juntamente com o custo da electricidade, que é fixado no contrato estabelecido com o CEME, para além das taxas e impostos aplicáveis.

Enquanto o preço de utilização de cada posto é divulgado publicamente quer no próprio posto, quer no site da Mobi.E, o custo do fornecimento de energia é apenas do conhecimento do CEME e do UVE de acordo com as condições do contrato estabelecido entre ambos. Hoje em dia, são cada vez mais os CEMEs que disponibilizam apps que permitem ao UVE estimar o custo total do carregamento facilitando desta forma a percepção do custo de cada carregamento.

Caso se opte por um carregamento em casa, é importante mencionar que, através dessa modalidade, será possível usufruir dos benefícios fiscais associados aos consumos da mobilidade elétrica, aderindo à rede Mobi.E como detentor de um ponto de carregamento.

[Pela Estrada Fora]

2 comentários:

  1. Para saber o valor do do kWh da componente OPC em minutos é fácil. Preço dividir por potência vezes 60. A titulo de exemplo num posto do LIDL. a 46KW > 0,08/46*60=0,105. Se o carregamento baixar por exemplo para os 30kW fica muito mais caro. 0,08/30*60=0,16. Fazer esta conta para qualquer posto e somar com do CEME e ficamos com o valor kWh total. (sem IVA)

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    1. Nuno José, não percebi o seu calculo.
      Pelo que sei, cada OPC cobra (ou não) o valor que quiser por minuto de carregamento e o mesmo se aplica a ao CEME. Ou seja, o preço por minuto não depende da velocidade de carregamento.

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