Operadores nacionais fazem "figuras tristes" face à Digi

Com o arranque do serviço da Digi em Portugal, multiplicam-se os relatos de telefonemas inacreditáveis por parte do trio dos maiores operadores de telecomunicações nacionais.

Enquanto se aguarda pela actualização dos tarifários da NOS, MEO, e Vodafone, em resposta aos preços reduzidos da Digi - algo que está prometido para os próximos dias, e que poderá ser feito tanto nos seus tarifários oficiais como por via das suas sub-marcas mais económicas - vão sendo partilhados telefonemas por parte das linhas de renegociação e retenção desses operadores.

Nas semanas que antecederam o início do serviço da Digi, foi notório o aumento de telefonemas por parte dos operadores, principalmente para os clientes já fora dos períodos de fidelização, por vezes de forma algo agressiva, tentando prender os clientes no mesmo patamar de valores ou com irrelevantes descontos de "1€". Os clientes que resistiram (e bem) a essas ofensivas, descobrem agora que podem poupar entre dezenas a centenas de euros, por mês, e potencialmente ficando ainda melhor servidos, pois a Digi fornece internet a 1 Gbps como base, e nos telemóveis podemos ficar com dados "ilimitados" por meros 7€ por mês (que passam a 5€ para três ou mais números). E daí, as tais figuras tristes...

Se as tentativas de refidelização já eram algo agressivas, agora os operadores parecem ter perdido a cabeça. Milagrosamente, estes operadores que no passado nos tentavam convencer que era normal haver limites secretos(!) nos seus planos ilimitados, agora fazem questão de frisar que o "ilimitado" da Digi não é "ilimitado", pois só inclui 200 GB à velocidade máxima, contrapondo que o cliente fica muito melhor servido com apenas 20 ou 40 GB pelo dobro do preço. Nalguns casos, o desespero é tal que apelam ao sentimento de culpa, dizendo que é injusto o cliente abandonar a empresa que "sempre esteve lá quando o cliente dela necessitou"!

Falta saber se isto, e outras coisas, fazem parte do "script" actualizado pela empresa ou se é devido à capacidade criativa dos assistentes e das instruções que lhe tenham sido dadas para "segurar" os clientes por todo e qualquer meio.

O que é certo é que isto é apenas o reflexo do panorama geral e global de descontentamento dos portugueses com a forma como têm sido (mal)tratados pelos operadores de telecomunicações ao longo das últimas décadas. É certo que a Digi não é perfeita, e tem toda uma série de falhas e lacunas (algumas delas causadas directamente pela postura "cartelizada" dos demais operadores, como o bloqueio de acesso a certos canais de TV, ou não facilitar mensagens de SMS gratuitas entre eles), mas são pequenos detalhes que facilmente se ultrapassam face ao diferencial de preços que é praticado.

Quanto aos que dizem que a Digi será apenas "mais uma operadora" que começa por lançar preços baixos e depois os subirá assim que conquistar os clientes, é certo que é um risco (tal como a Vodafone fez quando avançou com a rede de fibra). Mas, ao contrário dos operadores que temos, acho que podemos olhar para o trajecto que a Digi tem tido nos países em que já entrou, como Itália e Espanha, e em que, ano após ano, tem disponibilizado tarifários cada vez melhores.