2012/11/30

Operador TOR acusado por Pornografia Infantil


Lutar pela liberdade e anonimidade de outros, por vezes pode dar origens a situações bem complicadas, como agora volta a acontecer um um operador da rede Tor.

A rede Tor é uma rede de voluntários que disponibiliza o seu computador (ou computadores) para servir como ponto intermediário de pessoas que pretendam navegar pela internet de forma completamente anónima. É um pouco como o velho conceito de "passar o papel" numa sala de aulas, e onde sabemos apenas que o nosso colega do lado nos passou um papel destinado a tal pessoa, mas sem que saibamos quem é que o escreveu inicialmente.


Ou seja, os pacotes de dados são encriptados, e enviados através destes intermediários, fazendo com que seja impossível ao destinatário saber quem foi a pessoa que originalmente fez o pedido ou acedeu aos dados.

Mas, mais uma vez a coisa correu mal para quem se encontra num destes nós intermediários finais, os que acedem ao site feito pelo remetente anónimo, e os únicos que poderão ser identificados como tendo acedido ao site de destino. É que num caso que envolvia pornografia infantil, as autoridades foram bater à porta de um jovem que operava um destes nós, confiscando-lhe todo o seu equipamento electrónico (computadores, consolas, box da TV, etc) de forma violenta - arrancando os aparelhos da tomada, sem shutdowns - e tratando-o como um verdadeiro criminoso e pedófilo.

Entretanto a coisa já foi ligeiramente amenizada, ao ser explicado que se tratava de uma rede Tor, e o processo de funcionamento - que faz com que o operador não tenha qualquer relação com o tipo de conteúdos a que os seus nós possam aceder - mas isso não invalida que ele possa vir a enfrentar processos criminais.

Embora seja evidente que algumas pessoas utilizarão a rede Tor para actividades ilícitas e criminais, convirá no entanto relembrar os muitos usos "legais" e altamente desejáveis que esta rede permite. Nomeadamente, de todos os que se encontram em países onde a liberdade de expressão continue a ser um sonho, e onde as actividades consideradas "dissidentes", mesmo que sejam apenas um simples relato da sua realidade, poderão terminar em prisão ou morte.

Esperemos que as autoridades estejam sensibilizadas para este tipo de situações - que tal como aqui são relatadas para uma rede Tor, poderiam igualmente aplicar-se a alguém que tem um hotspot aberto ao público, e que um qualquer desconhecido poderá utilizar para actividades ilícitas idênticas - e se concentrem em perseguir os verdadeiros pontos que interessa perseguir (o ponto de origem e o ponto de destino), e não os intermediários.

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