2013/04/23

Produtores e Editores querem que ISPs Portugueses Bloqueiem Sites Pirata



Parece que algumas associações nacionais querem insistir na táctica de "caça às bruxas" contra os sites de partilha, tal como se tem feito noutros países; indiferentes a que - tal como demonstrado nesses mesmos países - a eficácia de tais medidas se tenha revelado... nula. Associações como a GEDIPE (Gestão de Direitos de Autor, Produtores e Editores); FEVIP (Federação de Editores de Videogramas); e o MAPiNET (Movimento Cívico Anti-Pirataria na Internet) querem que os operadores de telecomunicações nacionais bloqueiem o acesso aos principais sites de partilha, download e streaming, não só nacionais (como o Wareztuga e BTNext) como estrangeiros.




Penso que nem será necessário parar um pouco para pensar nas eventuais consequências que este tipo de medidas poderá ter: abrindo-se o precedente de que os operadores têm a obrigação de bloquear os conteúdos que algumas associações privadas acham incómodos ou indesejados... já se vê no que vai dar. Basta olhar para o que também tem acontecido lá fora, com inúmeros utilizadores que apenas pretendem dar uso ao "fair use" a serem continuamente amordaçados e censurados devido a queixas deste tipo de empresas - mesmo tratando-se de usos perfeitamente legais.

Mas... poderia pensar-se que estes "poucos" casos se justificariam face ao bem de todos? Novamente... nem vamos entrar nos reais interesses destas empresas, e se as suas justificações de que apenas estão preocupados com os autores são realmente de acreditar. Bastará pensar que um site de partilha pode tomar muitas formas e/ou feitios... e que muito mais rapidamente se cria um site novo do que um processo judicial (ou sistema de filtragem/censura) os eliminará.

Tal como os antibióticos na medicina, também estas medidas, quando levadas ao extremo que estes senhores querem levar, fazem apenas com que os "atacados" se tornem cada vez mais resistentes e difíceis de combater.

A moda actual nos sites de partilha é a encriptação dos dados, que fará com que tanto os sites, como os ISP se possam ilibar de tais "filtragens", pois os dados deixam de ser reconhecidos. No futuro, não me custa nada imaginar que tal como os torrents passaram dos trackers para sistemas distribuídos e sem um único servidor central; os próprios sites de partilha adoptem arquitecturas idênticas, fazendo com que seja inconsequente que se bloqueie um acesso, ou dez, ou cem... com sistemas automatizados cada vez mais eficientes em "dar a volta" a toda e qualquer limitação que se possa vir a querer implementar.

No caso mais extremo de todos, nem me admirava nada que se chegasse a usar sistemas de esteganografia, começando-se a partilhar informação "escondida à frente dos olhos" usando os sites mais populares da internet: do Facebook ao Twitter, passando pelos Google+ e todos os outros.

Caras associações de suposta defesa dos vossos interesses dos autores: é favor mentalizarem-se que as coisas mudam, e não é por isso que os vossos negócios têm que deixar de ser lucrativos (embora eu aconselhe os autores a repensarem se realmente precisam de vocês tanto quanto vocês precisam deles). Mas para isso é altura de pensarem em deixar de tratar a internet e os vossos potenciais clientes como criminosos ou inimigos. Pelo contrário: a melhor forma seria inverterem essa ideia idiota de medo e apocalipse que tentam fazer passar, e abraçarem este novo horizonte de braços abertos, facilitando o acesso aos conteúdos, de forma legal, simples, e com preços atractivos que façam com que a maioria das pessoas nem se queira dar ao trabalho de ir procurar por coisas em fontes não oficiais.

É por aí que a coisa vai... e não percebo porque parece ser tão difícil entenderem isso. Será que o exemplo do Netflix não chega para vos convencer disso?

8 comentários:

  1. Isto com apps do estilo do BTSync vai mudar muita coisa na net...

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  2. A PIDE está de volta! Medo... Muito MEDO.

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  3. Às vezes até me dá vontade de entrar num mundo paralelo e pensar que algumas destas medidas seriam mesmo atingidas... Só para ter o prazer de observar a resposta desta "gente" ao observar que não só as vendas não dispararam pelos céus devido a menos "pirataria" como diminuíram.

    Nunca dei um euro que fosse por um trabalho (música, filme ou jogo) que não conhecesse ou experimentasse primeiro por outros meios. E sou capaz de gastar umas largas centenas de euros por ano. O dia que alguma destas medidas avançar, vou passar a usar 100% desse orçamento em produções "indie", algo que só não faço mais actualmente porque não posso (€€).

    Já agora, um dia destes vêm propor pagarmos imposto pelo número de horas que estamos online como medida compensatória ^^

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  4. é começarem a usar vpn encriptada a torto e a direito.

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  5. É a malta do costume. Não há nada de novo aqui.

    Já agora, depois do Spotify chegar, alguém ouviu alguma queixa das editoras discográficas ou das associações que "protegem" os músicos?

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  6. Mas não era legal fazer download de filmes e musicas em Portugal?
    http://abertoatedemadrugada.com/2012/09/downloads-de-filmes-e-musicas-e-legal.html

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