2013/05/15

Análise ao disco WD Red

O nosso incansável Luis Costa não consegue passar muito tempo sem abrir o seu computador para lhe mexer com uma chave de fendas, e desta vez voltou a sua atenção para os discos da série RED da Western Digital.


O domínio pela supremacia no mundo dos discos rígidos continua ao rubro. As marcas não se ficam por um aumento da capacidade de armazenamento, ou por uma velocidade de transferência mais rápida. A aposta, passa também por novas funcionalidades. Cool and quiet, IntelliSeek, IntelliPower, são já nomes conhecidos do consumidor.

Com a nova gama Red, a Western Digital procurar atrair os consumidores domésticos e pequenas empresas, nomeadamente aqueles que utilizam os cada vez mais populares equipamentos NAS (network-attached storage).


Esta gama vai-se situar entre a Blue, orientada para o Desktop, e a Green, conhecida pelo baixo consumo energético. A WD tem ainda a gama Black, performance pura, dirigida para quem procura tirar o máximo de um disco em termos de taxas de transferência.


Se as 5400rpm não são nada que a gama Green já não ofereça, a possibilidade de funcionar continuamente (24/7) e um tempo média entre falhas de 1,000,000 horas, é algo que já começa a indicar qual o público alvo e tipos de utilização que a WD antevê para estes discos.

Com a tecnologia NASware, a WD apresenta um conjunto de funcionalidades que até agora estavam reservadas para os equipamentos que são utilizados nos meios empresariais.
  • Compatibilidade: Nem sempre os discos rígidos são testados relativamente à compatibilidade com os sistemas NAS, pelo que podem ocorrer erros a quando da integração.
  • Fiabilidade: capacidade de operar a temperaturas mais elevadas e durante 24x7.
  • Controlo de recuperação de erros: possibilidade de prevenir a intervenção do controlador RAID em caso de erro, o que poderia levar à remoção do disco do RAID. Esta acção, aumenta a disponibilidade e pode evitar longos os tempos de recuperação do RAID.
  • Ruído e vibração: optimizados para trabalhar em sistemas com mais de um disco, minimizando a vibração e ruído causadas pelo conjunto.
Estes 4 vectores são a aposta da WD para o mercado dos NAS.

A WD disponibiliza ainda funcionalidades que os fabricantes podem integrar nos seus produtos:
  • Streaming support -  Compatível com o ATA Streaming Feature Set para um streaming sem falhas.
  • SMART Command Transport (SCT) support - Monitorização da performance do disco via comandos SMART, que permitem obter (por exemplo) dados relativos a temperaturas e estatísticas des acessos.
  • Power management support - optimização dos consumos no NAS.
  • BIC Performance - Tecnologia que permite reduzir consumos e ruídos.
O disco tem o QR-Code que dá acesso directo ao site da WD onde podem obter informação mais detalhada sobre estes discos.


O WD Red está disponível em três capacidades: de 1, 2 e 3TB, sendo que cada prato do disco tem 1TB.
Os 3 anos de garantia são muito bem vindos (pena não serem estendidos aos 5 anos.)

Em funcionamento

Os testes foram realizados numa board com chipset Intel H77 com portas SATA III de 6Gb/s; CPU Intel i5 e memórias Kingston que a OSG gentilmente nos cedeu. Para efeitos de comparação, utilizei um disco WD Green que já possuía. Os sistemas operativos ficaram a cargo do Windows 8 e Ubuntu 12.04.

Começando por este último. Foi utilizada a aplicação HDParm com recurso ao comando hdparm -tT /dev/sdX, sendo X a drive em questão.


HDParm

Info: O que é o Disk Buffer (Wikipedia)


Enquanto no 1º caso os resultados finais são semelhantes, no caso da leitura com utilização da cache do disco, a vantagem para o Red é significativa (~45%).

HD Tune

Leitura
Escrita

No teste de leitura e escrita, o Red tem uma vantagem na ordem dos 40% sobre o Green. Tempos de acesso e utilização do CPU são semelhantes.


ATTO Disk Benchmark

WD Green vs WD Red

Em termos de leitura, os resultados podem considerar-se equivalentes. No caso da escrita, o Red teve um comportamento que considero estranho, não devendo por isso ser sido em conta.


CrystalDiskMark

WD Green vs WD Red

O Red obteve uma vantagem clara em todos os parâmetros.



As maravilhas do Google

Fruto de uma pesquisa que efectuei, aproveito para partilhar uma curiosidade.

No Windows, o WD Red, tal como o Green tiram partido da sua tecnologia para entrar em modo de poupança de energia. Bastam alguns segundos e o disco entra neste modo de funcionamento. Podemos desactivar algumas das funcionalidades através de um utilitário que a marca disponibiliza, evitando assim que o disco esteja constantemente a entrar em modo standby.


Mas no caso do Linux, a coisa já não é bem assim.

O HDParm possui um comando para definir ao fim de quantos segundos de inactividade deve o disco entrar em modo de standby. Infelizmente, tanto o Green como o Red, não são compatíveis com este comando, permitindo apenas que entrem em modo de standby imediato.

Isto levou a que alguns utilizadores desenvolvessem scripts para verificar se o disco está a ler ou escrever. Se tal não acontecer, ao fim de um determinado espaço de tempo, o disco entra em standby através da utilização do comando que em cima referi.

Estava quase decidido a testar estes scripts quando encontrei uma informação muito interessante!

O comando hdparm -S 3 /dev/sdX deveria colocar o disco em standby ao fim de 15s, mas no caso destes dois modelos de disco, os 15s passam a 10 minutos, um valor bastante mais aceitável em termos de "saúde" dos discos. Se tivermos em conta que passamos de 4,10W em idle para uns fantásticos 0,60W em standby, este comando é a salvação de que pretender utilizar estes discos em Linux.

(Recordo que esta situação não se coloca nos casos dos NAS, onde os mesmos conseguem colocar os discos em standby.)


Conclusão

Não foi possível testar as algumas das funcionalidades específicas que este modelo apresenta. Seria necessário um dos equipamentos que faz parte da lista de sistemas testados pela WD, o qual não possuímos.

No entanto, testámos o disco com dois sistemas operativos e os resultados foram bastante satisfatórios.
Os resultados obtidos pelo Red, conferem uma vantagem na ordem dos 40% face ao modelo Green.
Se a estes últimos somarmos uma redução de consumo, temperatura e ruído (tendo em conta os valores declarados pela marca), o Red obtém uma clara vantagem face ao Green. Há ainda que ter em conta a diferença de preço, onde o Red de 3TB custa em média (apenas!) mais 15€ que o modelo Green. Esta diferença no preço pode ser o seu grande trunfo.

Tendo em conta as conclusões apresentadas, para novas aquisições, o Red ganha vantagem em relação ao Green. Claro que se o NAS suportar as funcionalidades que o Red possui, não há que hesitar. No entanto, para quem já estiver "servido", a troca por este novo modelo só se justificaria no caso de necessidade de aumento do espaço de armazenamento.

O WD Red pode ser encontrado à venda com preços entre os 77€ (1TB) e 144€ (3TB).
Western Digital Red

Prós
  • Ganhos de performance face o WD Green
  • Temperatura e consumo energético
Contras
  • Comportamento em standby com Linux


A terminar, os nossos agradecimentos à WD e ao seu representante em Portugal pela disponibilização desta unidade para teste. Mantenham-se atentos, disse-me um passarinho que poderemos ter boas novidades em breve... ;)

7 comentários:

  1. O cabeçalho: "O nosso incansável Luis Costa não consegue passar muito tempo sem abrir o seu computador para lhe mexer com uma chave de fendas" está muito à frente!... É caso para dizer: "Botar" chave na máquina! :)

    Já quanto a esses RED saltou à vista a diminuição do consumo de energia e ruído.

    Bem que poderiam juntar todas as vantagens dos RED aos recém anunciados WD SSHD Black e Blue!...

    Vejamos se a Seagate-Samsung vem atempadamente mais uma vez responder com preços e performance melhores do que qualquer concorrente!... Esperemos que sim :)

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  2. Viva,

    Andei à procura de NAS no mercado mas acabei por construir o meu NAS ao qual dou uso para mediacenter. Comprei dois WD RED 2TB e estou bastante satisfeito, mas os meus testes com o hdparm dão resultados um pouco diferentes.

    /dev/sdb:
    Timing cached reads: 4512 MB in 2.00 seconds = 2256.26 MB/sec
    Timing buffered disk reads: 440 MB in 3.00 seconds = 146.64 MB/sec

    /dev/sdc:
    Timing cached reads: 4518 MB in 2.00 seconds = 2259.60 MB/sec
    Timing buffered disk reads: 430 MB in 3.01 seconds = 142.76 MB/sec

    Provavelmente o resultado do Timing cached reads é influenciado pelo facto de estar a usar o meu disco do sistema (SSD) para o /tmp e de usar um SSD para sistema.

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    1. A questão é que eu também utilizei um SSD :)

      Os valores que obtive para Timing cached reads ~5x superiores! (10507.71 MB/sec vs 2256.26 MB/sec)

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    2. Sim, reparei que os valores são bastante superiores mas a minha motherboard é das "lowcost" e o CPU também. Preferi o baixa consumo a poder de processamento.

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    3. Qual o modelo já agora se não for indiscrição?

      Tenho de testar numa AMD Fusion para comprar os resultados.

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    4. Ainda a ver a ASUS C60M1-I e a ASUS E35M1-I, mas eram extremamente difícil de encontrar no mercado nacional, tendo acabado por optar por uma ASUS P8H77-I com o cpu Intel G550. Era para já ter escrito um artigo sobre esta aventura de escolher o hardware, mas ainda não surgiu tempo.

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    5. A board tem um chipset semelhante, mas o CPU é manifestamente inferior.

      Resultados obtidos na board com AMD Fusion:

      Timing cached reads: 2120 MB in 2.00 seconds = 1060.39 MB/sec
      Timing buffered disk reads: 448 MB in 3.00 seconds = 149.26 MB/sec

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