2014/05/19

Os perigos do Reconhecimento Facial


Filmes como Minority Report mostram-nos um futuro onde qualquer pessoa pode ser facilmente e automaticamente reconhecida onde quer que vá. No filme, isso é feito através da identificação dos nossos olhos, mas bem mais realista e actual é algo idêntico poder ser feito via reconhecimento facial... e que deixa algumas pessoas preocupadas.

O tema dos dados biométricos é sempre sensível. Existem aqueles que dizem que esse é um caminho para a abolição das passwords; existem os outros que dizem que, ao contrário de uma password, os nossos dados biométricos não podem ser alterados bastando serem copiados uma vez para que para sempre fiquem vulneráveis (para não falar no caso de ser fisicamente possível obrigar alguém a olhar para uma câmara, ou colocar um dedo num leitor de impressões digitais - coisa que se torna mais complicada se se tratar de uma password que apenas existe na sua memória).

Com a proliferação das câmaras, smartphones e da omnipresente cloud, a questão do reconhecimento facial em larga escala não é uma questão de "se é possível" mas apenas "se é socialmente aceitável". Serviços como  o Facebook e o Google fazem esse reconhecimento internamente, de forma propositadamente limitada (entre os grupo de amigos), mas muito bem poderiam fazê-lo para todas as pessoas que têm fotos que alguma vez tenham passado pela internet.

Existem alguns projectos independentes que o vão fazendo... e se um estudante é capaz de fazer um sistema que comparae um rosto com o de perfis publicamente acessíveis nas redes sociais, permitindo que ao se olhar para alguém se tenha acesso quase instantâneo a tudo o que há a saber sobre si, será assim tão ridículo imaginar que as agências de segurança e as autoridades o façam?

Como em muitas outras questões, o principal problema não será se a tecnologia será útil ou não, mas sim o enorme potencial para abuso. Em cidades repletas de câmaras de segurança, um sistema automatizado de reconhecimento facial faria o Big Brother corar de inveja. Não mais seriam necessárias pessoas para ver o que se passa visualmente... bastaria perguntar a uma máquina por onde anda/andou determinada pessoa, e rapidamente teríamos acesso a todo o seu percurso.

Sim, poderá argumentar-se que isso seria de valor incalculável para as apanhar criminosos... mas será que apanhar alguns milhares de casos se justificará perder a privacidade de dezenas de milhões de pessoas?


... Por outro lado, em plena geração "selfie"... talvez já nem esta pergunta faça sentido.

7 comentários:

  1. ... dados biométricos ...

    A propósito de dados biométricos, muitas empresas, hospitais, etc acabaram com as "folhas de ponto" e entraram na era do pica o ponto por leitura de impressão digital... e muitos de nós nem questionamos o que as empresas poderão fazer com esses dados...

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  2. NADA Srº Rui Manuel. Por isso é que os fabricantes emitem uma declaração onde garantem que a impressão digital registada é irreversível. Ou seja, mesmo que roube a base de dados, nunca vai conseguir gerar uma imagem da impressão digital que por sua vez poderia imprimir e criar uma i.d. falsa (como já se viu por aí usando outros métodos).
    Além disso, a empresa que coloca estes sistemas é "obrigada" a comunicar os mesmos à C.N.P.D usando o respectivo formulário existente no site deles, claro, e pagar :) :)
    Por isso, não tenha teorias de perseguição e coloque lá o dedito no sensor ;)
    Cumprimentos de alguém que lida com isso numa base diária.

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  3. Se há um sitio que lê e outro que armazena é óbvio que os riscos existem.... e não há nada nem ninguém que possa garantir a inviolabilidade do sistema ... como todas as quebras de segurança em milhares de situações provaram à saciedade.
    Mais desconfiado fico quando pessoas que "lidam com isso numa base diária" garantem a segurança do sistema, não porque duvide da sua seriedade mas porque me parecem com uma confiança excessiva que já provou ser isso mesmo ... excessiva.

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  4. @Dragaostki
    Acho que não entendeste o meu comentário. O sistema não é inviolável.
    A questão é que não consegues reverter devido à forma como são convertidos os dados.
    Não existe uma "foto" da impressão digital, apenas uma estatística de pontos.
    Achas possível reverter isso para uma "foto" da impressão digital? É que até ver ninguém conseguiu.
    O resto, base de dados, etc, claro que é falível, como qualquer outro sistema.
    Dou outro exemplo... Tiras uma fotografia a uma paisagem, mas ao invés da imagem ser guardada em JPG ou outro qualquer formato, a máquina guardava-te a percentagem de azuis, de verdes, de amarelos. Ainda assim achas que conseguias reproduzir a foto com base nas percentagens de cores?
    Pois...
    Uma coisa é o sistema no seu todo, outra coisa é a hipotese de reverter os dados das impressões digitais... não podes.

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    1. Mas penso que aqui o risco nem será esse... o risco é que depois de te apanharem uma impressão digital (pode ser tirada de um copo num restaurante ou bar) ficam-te com a "foto" da mesma para sempre... essa impressão digital passa a ser do domínio público, nunca mais sendo algo "seguro". (E ao contrário de uma password, que facilmente mudas se houver uma falha de segurança - como as há, com frequência demasiada - na impressão digital só tens "10 para gastar"... a não ser que se comece a tirar os sapatos e meias e usar os dedos dos pés. :)

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    2. Correcto Carlos, mas se tirarem a impressão digital num copo, o sistema de biometria (relógios de ponto, controlo de acessos, etc) nem sequer é para aqui chamado. Ou entendi muito mal os comentários, ou a questão aqui era essa (sistemas electrónicos de biometria).
      Hey, podemos sempre pegar numa lixa e esfregar lá os dedos :) hehehehehe
      Apanho pessoas que não precisam disso, a pele é extremamente lisinha, nem o C.C. conseguiram fazer :|

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    3. Passar lixa nos dedos?! isso aleija xD
      Cola Super3 é melhor :0) (hitman style)

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