Depois de, durante muito tempo, os monitores de computador terem resoluções bastante superiores a todos os restantes dispositivos; a era dos equipamentos mobile chegou, viu... e ultrapassou-os em menos de meia década. Ter um smartphone ou tablet com resolução igual ou superior à do portátil que se utiliza, ou do monitor de secretária, tornou-se comum... Mas eis que finalmente os monitores de secretária se preparam para recuperar desse atraso, com a chegada dos modelos Ultra HD 4K.
O Asus PB287Q
Monitores Ultra HD já existem há vários anos, mas são algo que tem estado reservado para um reduzido segmento do mercado profissional e com custos a condizer. Agora, assistimos a uma nova geração de monitores 4K, que chegam até nós a preços surpreendentemente reduzidos e acessíveis, como é o caso deste ASUS PB287Q.
O PB287Q é um monitor de 28" com resolução 4K (3840x2160), e que conta com duas portas HDMI (uma delas com MHL) e uma DisplayPort; e vem acompanhado por coisas como diferentes modos de cor/brilho para filmes, jogos, trabalho, etc.; backlight com componente azul reduzida; tempo de resposta de 1ms; visualização dupla com Picture in Picture e Picture by Picture; guias à escala no ecrã; etc. etc. No meio de tudo isto, o factor mais importante é que se trata de um monitor de 60Hz. As primeiras gerações de monitores 4K suportavam apenas 30Hz, o que limita bastante as suas aplicações.
Em Funcionamento
Estando habituado a trabalhar com um monitor de 26" de 1920x1200, tinha curiosidade em "ver" algumas coisas. Seria a resolução do monitor demasiado elevada para os 28" e que obrigaria a alterar os DPIs no Windows (com todas as suas implicações)? Que tal se comportariam as cores deste monitor com painel TN face às do painel IPS do meu monitor actual? Que tal se aguentaria a minha "velhinha" Nvidia GTX670 com estas resoluções?
Nada como ligar e ver...
Boas notícias... assim que liguei o cabo DisplayPort entre a gráfica e o monitor, tudo funcionou à primeira (ufa!) Imediatamente, tudo aquilo que anteriormente preenchia o meu ecrã passou a ocupar apenas um quarto do ecrã. Embora as coisas ficassem "pequenas", fiquei um pouco aliviado por não atingirem um nível "microscópico" impossível de usar (embora, isso vá depender da visão de cada um).
É um pouco desconcertante ficarmos perante um monitor que nos permite apresentar quatro janelas "Full HD" lado a lado, sem dificuldade. Será natural um período de habituação para encontrarmos a melhor forma de ocupar esse espaço! :)
Mas nem tudo estava a correr como desejava. Embora na página da Nvidia esteja indicado que a GTX670 suporta resoluções 4K a 60Hz, a verdade é que a minha teimava em apresentar uma frequência máxima de 30Hz. Ter em atenção que para usar 4K a 60Hz é necessário usar o DisplayPort, já que o HDMI 1.2 não suporta tal largura de banda. Mas não era coisa que me preocupasse... um investimento num monitor destes surge acompanhado inevitavelmente pela adopção de uma placa gráfica mais recente que tire o máximo partido dele...
Passei então às curiosidades seguintes. Embora a Asus referencia os 10bits de cor deste painel, a verdade é que para quem estiver habituado a um painel IPS vai notar as diferenças. Não é que este PB287Q seja "mau" - e para quem vier de outro monitor TN essa questão nem se coloca - mas comparativamente à estabilidade de cores de um IPS, nota-se.
O texto apresentado neste ecrã tem todo a mesma cor, mas no painel TN não há como evitar o efeito de mudança de cor consoante o ângulo de visualização (podem ver isso no final do vídeo que coloco mais abaixo). Num painel IPS, as cores permanecem constantes.
Pormenores a ter em consideração... mas... ter 8 milhões de pixeis à frente dos olhos é algo que nos faz esquecer isso, e vamos então ver o que se pode fazer com tudo isto.
Todo o tipo de programas onde seja necessário apresentar imensa informação ficam a ganhar com um monitor Ultra HD. Uma visita ao Picasa permite ver centenas de fotos com facilidade - sendo impossível descrever que cada uma daqueles pequenos thumbnails tem uma resolução que nos permite identificar claramente cada foto.
No Gmail... eis que por uma vez não é necessário dar uso ao scroll para mostrar todos os 100 emails da primeira página.
Mas rapidamente descobrimos também que o mundo não está ainda preparado para resoluções deste tipo. A maioria dos sites limita-se a usar uma largura máxima que num ecrã Ultra HD se torna ridícula quando vistos em full-screen.
A solução é simples... podem facilmente usar o zoom do browser, passando-o para 200% para ficarem com algo equivalente ao que se tinha num monitor Full HD. Para os restantes programas, ou para quem não quiser "esforçar a vista" com menus de tamanho reduzido, um salto às configurações para aumentar os elementos do Windows em 150% tem também um efeito simples e eficaz para tornar a resolução mais "confortável".
Uma coisa é certa... quem passar o dia em programas como o Photoshop ou Premiere; ou em folhas de cálculo com centenas de linhas e dezenas de colunas; nunca mais vai querer regressar a um monitor Full HD!
Mas... espreitemos então o futuro da TV e vídeo...
É impossível descrever ou tentar mostrar o que é ver conteúdos Ultra HD... em algo que não seja um monitor Ultra HD - da mesma forma que não podem explicar o que é o Full HD usando um televisor de baixa definição. O realismo das imagens adquire outra dimensão... e olhem que é algo que se nota mesmo. Ver os mesmos clips Ultra HD num monitor HD é "bonito" mas perde aquele factor que nos faz ficar colados ao ecrã espantados. Ao contrário de um monitor Full HD, onde se nos chegarmos mais perto do ecrã começamos a ver os pixeis, aqui quase necessitamos de uma lupa para vermos todos os detalhes que a imagem contém.
Por curiosidade também espreitei alguns clips 4K no YouTube, e rapidamente ficou claro que o vídeo HTML5 ainda necessita de trabalho, pois ocupava cerca de 80% do CPU com os oito cores a "puxar" - em comparação, um vídeo Ultra HD a 100Mbps, tocado no VLC apenas dava uso a quatro cores, e ficando-se pelos 10-20% de CPU.
Jogos a 4K
Para além do uso profissional, outro dos segmentos que mais deseja estes monitores é o dos jogadores. Os meus planos de testar o monitor em jogos ficou severamente limitado por não conseguir colocar o monitor a funcionar a 60Hz, mas... já deu para ficar com um gostinho do que nos aguarda (e por outro lado, deu para ficar positivamente surpreendido ao ver que a velhinha GTX 670 era capaz de se aguentar muitíssimo bem mesmo em jogos mais recentes, como o Titanfall, em resolução 4K, mantendo-se no 30fps limitados pelo framerate máximo).
Novamente, é difícil explicar o que é jogar nestas resoluções, e com todo o tipo de detalhes a ficarem visíveis. Já é perfeitamente possível dispensar os métodos de anti-aliasing na imagem, que não fazem falta! :)
Apreciação Final
É impossível olhar para a resolução Ultra HD sem se ficar impressionado. Com monitores como este Asus PB287Q a trazerem isso para a faixa dos 600 euros, fica mais que demonstrado que os restantes monitores estão com os dias contados - embora continuem a justificar-se por enquanto com argumentos como frame-rates mais elevados (até 144Hz), ou os que têm painéis IPS; coisas que inevitavelmente chegarão também aos monitores Ultra HD... a seu tempo.
Os conteúdos Ultra HD são outra das coisas impressionantes, mas que por agora terão impacto praticamente nulo. A quantidade de filmes disponíveis é reduzida (para não dizer inexistente), e os clips de demonstração que nos mostram como as coisas virão a ser no futuro pouco mais servem do que para impressionar os amigos da primeira vez que lá forem a casa.
Já nos jogos - e todos os conteúdos gerados por computador - todo e cada pixel é aproveitado; embora possam ter que investir outro tanto numa (ou mais) placas gráficas para que a coisa fique ao nível desejado. O que é certo é que este PB287Q merece um:
Asus PB287Q
Prós:
- Resolução Ultra HD 4K
- Pode ser rodado 90º para utilização vertical
- Preço
Contras:
- Painel TN com "color-shift"
- Falta do G-Sync que o tornaria mais adequado para jogos
Galeria de Fotos
Grande review... Mais detalhada não podia ser, Parabéns!!...
ResponderEliminarNo meu "velhinho" Asus Full HD 17" polegadas do portátil, achei o "ponto certo" e mais agradável de visualizar, utilizando o tamanho dos elementos do Windows em 125% e o Browser(Chrome) com um Zoom de 150%.
À parte disto, ontem, instalei o novíssimo Chrome de 64 bits e por mais que tenha tentado, não consegui deixá-lo com uma visualização agradável como ocorre com a versão que mantenho de 32 bits. Já para não falar dos temas e imagens de fundo não compatíveis...
Quanto a desempenho do Chrome 64 bits, não notei os ditos 25% de performance superior...
E eu que sempre "reclamei" por uma versão 64 bits do Chrome para que encaixa-se na perfeição no meu sistema Windows igualmente de 64 bits!!.
Esse monitor trabalha bem com Oculus VR ?
ResponderEliminarOs OculusVR funcionam de forma independente do monitor. É como se fossem um "monitor separado" (e com a sua própria resolução). Pelo que é indiferente usares um monitor 4K ou qualquer outro.
EliminarA sério ? Mas eu pensei que a imagem má que eu obtenho nos jogos fosse devido ao monitor que tem 1920x1080 de resolução... e a imagem é mesmo muito má e também ao menta a trepidação, aumentando-me o enjoo devido. Mas se a qualidade de imagem só depende do Oculus, o que eu posso fazer para melhorar a imagem ? É que a imagem é tão má que eu nem consigo usar a opção cinema para ver filmes 3D...
EliminarObrigado
Muito boa a apresentação, bem detalhada parabéns.
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