2014/08/13

Criadores da Siri preparam Viv - a Siri como deveria ter evoluído


Vamos deixar de lado o "pormenor" de que por agora todos os assistentes digitais nem sequer nos percebem ao falarmos em português. Embora sistemas como a Siri ou os comandos de voz do Google sejam capazes de fazer coisas úteis, a verdade é que a sua capacidade é ainda bastante limitada. Os criadores originais da Siri estão a trabalhar em algo que promete ser "aquilo" que todos desejavam que estes assistentes fossem... e será melhor passarmos a prestar atenção a este Viv.

Peça-se a um destes sistemas coisas como: que tempo vai fazer amanhã; põe um alarme para as 7:00; envia uma mensagem para determinado contacto; ou até marcar apontamentos para determinada data; e tudo funcionará como se espera (na maior parte das vezes). Mas esta impressionante capacidade rapidamente demonstra a sua superficialidade assim que se tenta ir um pouco mais longe - e torna-se mais frustrante ainda quando se tratam de dados a que estes sistemas têm acesso, mas não conseguem conjugar.

Por exemplo, podemos perguntar qual a cidade em que determinada personalidade nasceu; e podemos perguntar qual a população dessa cidade - mas não podemos perguntar directamente: "Qual a população da cidade onde Obama nasceu?" Isto porque estes sistemas apenas conseguem processar os casos que forem expressamente implementados pelos programadores...


A Siri nasceu de um grupo de pessoas que está habituada a "definir o futuro", e não terá sido por acaso que assim que lançaram a Siri como app no iPhone, rapidamente atraíram as atenções de Steve Jobs, que dois meses comprou a companhia (SRI). No entanto, com a morte de Steve Jobs, dois dos seus fundadores abandonaram a empresa, e seguiram a sua carreia a solo; e um pouco frustrados por, quatro anos depois de terem criado a Siri, a sua implementação pela Apple era menos capaz do que a original, que tinha ligações a muitos mais serviços do que os que a Apple optou por escolher.

E assim nasceu o Viv Labs... que está a trabalhar naquilo que se pode considerar a Siri 2.0, que teria evoluído se a Apple tivesse continuado a apostar nesta tecnologia com o mesmo empenho que fez com que Steve Jobs os comprasse inicialmente. Ao contrário dos sistemas actuais, o Viv é um sistema que para além de nos maravilhar "à superfície", esconde uma profundidade que poderá ter um grande impacto na forma como lidamos com a inteligência artificial.


O Viv não só é capaz de entender relacionamentos, e tratar de coisas como "Preciso de comprar vinho barato que combine com Lasagna a caminho da casa do meu irmão" - uma pergunta e resposta que deixou o ex-responsável pelo Google Now "de queixo caído" (um dos poucos que teve o privilégio de poder ver uma demonstração do sistema); como é capaz de aprender continuamente dando uso a toda panóplia de serviços a que tiver acesso.

Mas nos bastidores, é ainda mais que isso: a Viv Labs quer que a sua inteligência artificial seja um serviço disponível para todos, tal como agora o é o armazenamento na cloud. Ou seja, o seu grande objectivo (megalómano, dirão alguns) é o de responder a todos os pedidos feitos a partir de qualquer equipamento, em qualquer lugar; desde os pedidos feitos num smartphone ou computador; aos que poderão ser feitos ao vosso televisor, frigorífico, e tudo o mais que se puder imaginar. É um sistema que os seus criadores desejam poder fazer com que, ao detectar alguém cambaleante depois de ter passado várias horas num bar, seja capaz de chamar um táxi, indicar o destino, e tratar do pagamento - um exemplo que mais se aproximaria de um baby sitter digital; mas que se aplicaria de forma mais "cívica" a, por exemplo, idosos que possam sofrer de problemas de saúde.

Megalómano ou não, o que é certo é que se alguém nos dissesse que um par de estudantes queria fazer um motor de busca que iria revolucionar o mundo, também seria provável que os despachássemos com um "pois, pois..." Quem nos garante que daqui por meia dúzia de anos, este Viv não se tenha tornado num novo colosso responsável por colocar um verdadeiro "assistente artificial" em todos os microfones do mundo?

... No mínimo, esperemos que tenha inteligência suficiente para que nos comece a perceber ao falarmos em português.

1 comentário:

  1. Ou que não tenha assim tanta inteligência para não começar a criar robôs(skynet)...

    ;)

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