2014/10/17

Inglaterra quer "moralizar" copyright nas escolas


Se por cá temos associações que acham que as memórias digitais devem subsidiar os artistas ad eternum no Reino Unido a táctica passa pelo desejo de fazer uma lavagem cerebral desde o mais cedo possível, com um conselheiro a querer que nas escolas se ensinem as éticas e moral dos direitos de autor.

Vindo do país que inspirou o bem popular Another Brick in the Wall dos Pink Floyd poderemos dizer que não nos surpreende, mas a questão é que por muito que se possa concordar com a reforma dos direitos de autor - esta proposta, nos moldes em que é feita, não passa de uma pura tentativa de lavagem cerebral que acaba por ir precisamente contra os princípios que se deveriam educar e promover.

Porque motivo se deverá incutir que a partilha de algo é crime, se está por demonstrar que o facto de se emprestar ou partilhar algo representa efectivamente um prejuízo efectivo para um autor? Porque motivo se tenta incessantemente associar que 1 milhão de downloads de algo seria equivalente a 1 milhão de vendas?

Será tão difícil imaginar que muitas das pessoas que fazem um download de um música, livro ou filme, por o poderem fazer gratuitamente, simplesmente não o fariam se tivessem que pagar por isso - e provavelmente nunca olhariam novamente para aquilo (não faltam conteúdos novos e gratuitos a surgir na internet para ocupar o seu tempo), ou apenas os veriam quando eventualmente lhes aparecessem de forma gratuita, passando na rádio ou televisão - se é que isso viesse a acontecer.


Levando-se ao extremo: e se a partir deste momento todos os consumidores deixassem de comprar música e se limitassem a ouvir o que passa na rádio? Não se cometia nenhuma ilegalidade, não haveria nenhuma pirataria... mas duvido que a "Indústria" achasse muita piada a isso.

Há que mudar toda a relação consumidores-autores, e acabar de uma vez com esta mania de tentar criar uma guerra que não existe. Os consumidores que gostam de um autor/artista/etc. e que estão dispostos a pagar pelos seus conteúdos existem, sempre existiram, e continuarão a existir. Se são em número suficiente para permitir que ele sobreviva à custa disso, isso é outro assunto; mas não me parece que hostilizar continuamente os seus fãs, com desculpas de que haverão muitas outras pessoas que pirateiam os seus conteúdos e que como tal todos têm que ser tratados como criminosos, pareça ser a melhor forma de o fazer.

... Nem tão pouco tentar infiltrar essas mesmas "teorias" na cabeça dos mais pequenos - tanto mais que haverá preocupações bem mais sérias sobre o futuro da educação e das novas gerações.

1 comentário:

  1. "Porque motivo se deverá incutir que a partilha de algo é crime, se está por demonstrar que o facto de se emprestar ou partilhar algo representa efectivamente um prejuízo efectivo para um autor?"

    Não podia haver resposta mais simples: INTERESSES.

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