Um pouco à semelhança do que acontece à escala infinitesimal dos átomos, também o espaço que separa estrelas e planetas do nosso Universo é maioritariamente "espaço vazio". Mas mesmo assim, com tantos milhares de milhões de objectos a percorrem o cosmo por milhares de milhões de anos... por vezes não se evitam colisões e tangentes, como que terá ocorrido no nosso próprio sistema solar, há apenas 70 mil anos.
Uma equipa de astrónomos identificou uma estrela - ou melhor dizendo, um sistema binário de duas estrelas (uma anã vermelha e uma anã castanha) - que terá passado a apenas 0.8 anos luz do nosso Sol, uma distância que a coloca mesmo no limite da nuvem de Oort, que é usada como "margem" da influência gravítica do nosso Sol (e de onde são provenientes a maioria dos cometas).
Embora seja uma distância de 8 biliões de quilómetros - o equivalente a 52 mil vezes a distância da Terra ao Sol - é o que se pode considerar uma "tangente" à escala cósmica, e poderia ter causado perturbações na nuvem de Oort e despoletado uma chuva de cometas que poderia resultar em numerosas colisões no nosso sistema solar. Felizmente, neste caso tratavam-se de duas estrelas com massas de apenas 6 e 8% da do Sol, e que não deverão ter causado grande impacto (e têm uma luminosidade tão baixa que seriam invisíveis a olho nu, embora a anã vermelha pudesse temporariamente ficar milhares de vezes mais brilhante devido à sua actividade magnética).
Dá sempre que pensar, no meio desta gigantesca mesa de bilhar cósmica a que chamamos Universo, no que poderá estar neste momento a seguir uma trajectória que entrará em rota de colisão com o nosso Sol ou o nosso planeta. Felizmente, o tempo de vida da nossa espécie é incrivelmente reduzido para que nos tenhamos que preocupar com isso - embora eventualmente, alguma geração se possa arriscar a serem as testemunhas finais de um evento cataclísmico (como aconteceu com os dinossauros, ao fim de alguns milhões de anos.)
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