Europa aprova lei da neutralidade polémica e fim das taxas de roaming

Nem mesmo as pressões dos gigantes tecnológicos foram capazes de garantir o desaparecimento das excepções e a polémica lei que deveria garantir a neutralidade da internet na Europa foi aprovada, adocicada por coisas de mais fácil "digestão" como o fim das taxas de roaming (que na verdade poderão também revelar-se num presente envenenado.)

A mostrar o total desinteresse dos nossos representantes sobre esta matéria, bastará referir que o debate contou apenas com a presença de 50 membros do Parlamento Europeu (de um total de 751), e que visivelmente manifestaram o seu cansaço de discutir este assunto e a vontade de querer despachar esta matéria.

Coisas como a abolição das taxas de roaming são fáceis de explicar e poderão garantir votos futuros (embora os operadores já tenham alertado que com o fim destas taxas, em 2017, esses custos terão que ser transferidos para os clientes). Já no caso de tentar explicar (e perceber) coisas como um serviço de internet a duas velocidades... a coisa fica mais complicada.

A lei aprovada é complicada, pois se por um lado proíbe a discriminação dos dados para garantir a neutralidade da internet, por outro lado abre múltiplas excepções de contornos pouco claros, que dão aos operadores amplo campo para abusos - privilegiando serviços próprios e prejudicando a concorrência (coisas como por cá já acontece, com o MEO a não contabilizar o tráfego mobile para o seu MEO Music), e também permitir que serviços "especializados" tenham acesso privilegiado face ao tráfego normal da internet, entre outras coisas.

Enfim... vamos ver como as coisas correm, mas será altura para estar ainda mais atento para as movimentações dos operadores face a estas novas regras. Torna-se quase cómico que o primeiro passo para o fim de uma internet igual para todos seja dado por uma lei que seria suposto protegê-la.