2015/12/18

Batalha pela liberdade da internet já está perdida - diz co-fundador do Pirate Bay


Não há muitas pessoas que se possam gabar de ter ido presas por defenderem o direito de livre acesso a conteúdos, mas entre elas encontra-se Peter Sunde, um dos fundadores do infame The Pirate Bay.

Depois de um longo processo nos tribunais, Peter Sunde acabou mesmo ir para a cadeia em 2014, saindo no ano seguinte, e desde então que tem usado a sua posição para chamar a atenção para todos os atentados que têm sido feitos contra a liberdade da internet - uma liberdade que nos diz já estar perdida e na qual não vale investir mais recursos, sendo preferível ir já olhando para a próxima batalha... pois a guerra ainda está longe de estar perdida.

Nestas áreas do activismo digital, é difícil separar a tecnologia da ideologia, política, e interesses económicos. Sendo que, como o próprio diz, quanto mais se tenta investigar qualquer assunto, mais se vai mergulhando num mundo onde muitas das "teorias da conspiração" começam a tornar-se assustadoramente reais - mas onde não parece haver margem para dúvida que, neste momento, são os grandes interesses económicos que controlam o destino da internet, e com a "agravante" de que alguns deles até o vão fazendo em proveito próprio mas tendo conseguido passar a imagem de que estão a fazer "serviço público" em benefício dos utilizadores.

Mesmo as vitórias conseguidas, como quando se impediu a ACTA, acabam por não ter significado; pois rapidamente surge num novo tratado, com um novo nome (e provavelmente discutido em segredo e depois aprovado à pressa em período de férias) que volta a repor os pontos que interessavam a essas companhias; e por cada ponto que passa e que dizem ser em benefício dos utilizadores (como a lei da neutralidade aprovada recentemente na Europa) são deixadas portas abertas que contrariam isso mesmo.

Como sempre, é fácil deixarmos-nos ser iludidos por benefícios de curto prazo em troca de liberdades retiradas que terão efeito a longo prazo - mas há que estar vigilante e repensar se realmente a nossa liberdade e privacidade tem assim tão pouco valor, de modo a que se esteja disposto a trocá-la pela facilidade de encontrar amigos, simplesmente para participar num passatempo, ou aceitar que uma qualquer entidade privada tenha direito de bloquear o acesso aos sites indesejados sem que sequer isso passe pelos tribunais (entre muitas outras coisas.)


* na imagem: Gottfrid Svartholm, Peter Sunde e Fredrik Neij - do documentário TPB - AFK (The Pirate Bay - Away From Keyboard)

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