2015/11/01

Deutsche Telekom já agradece o fim da neutralidade da net


A aprovação da polémica lei que supostamente deveria garantir a neutralidade da internet fez temer o pior - embora os seus proponentes dissessem que não havia motivos para preocupações - e não foi preciso mais que alguns dias, para vermos que afinal se concretizam os piores receios, com a Deutsche Telekom a começar já avisar desde já as startups que terão que pagar mais para garantir "uma boa transmissão de dados".

A Deutsche Telekom nem deixou que a tinta da nova lei acabasse de secar para confirmar os piores receios desta lei da neutralidade da internet que deixava portas e janelas abertas para abusos. Um dos pontos críticos é o que permite a criação de ditos "serviços especializados", cuja definição fica ao critério do que cada operador quiser definir, e que prometerá ter uma melhor qualidade de serviço face à internet normal.

O operador germânico inverte por completo a lógica, dos que dizem que isto irá ser uma forma das grandes empresas aniquilarem por completo os projectos que se iniciam (e que não poderão pelo tráfego "especial") - dizendo que são precisamente as pequenas empresas que melhor poderão beneficiar desta internet "de luxo" para se destacarem dos seus concorrentes (desde que paguem, claro!)

Os exemplos são mais que muitos, e coincidentes com aquilo que se temia. Videochamadas com a garantia de que têm tratamento preferencial; acesso rápido à cloud; e até os jogos online, para "garantir" que não têm lag... tudo serve para criar esta internet a duas velocidades que a lei da neutralidade da net deveria ter evitado.

... É um caso em que de pouco nos serve o consolo de dizer "nós avisamos"... pois todos vamos sofrer com isto, e potencialmente estragar de forma irreparável a "internet" que teremos no futuro.

11 comentários:

  1. só tenho a dizer isto "lol -.-"

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  2. Se eu tenho uma conexão de 100 Mbps e outra pessoa tem uma internet de 200 Mbps, então tecnicamente estou a ser discriminado pela operadora, pois recebo e envio dados a uma velocidade mais baixa, apenas porque pago menos. Se eu compro Android de entrada de gama e não posso instalar um jogo só acessível a hardwares mais robustos estou a ser discriminado, apenas porque não quero (ou posso pagar mais caro). Se o restaurante que costumo ir com frequência criar um prato que custe €100 e eu não quiser ou puder paga-lo estou a ser discriminado. Se eu for a um concerto e os bilhetes para a área VIP custarem mais caro que os bilhetes para a área normal estou a ser discriminado. Não importa que todos continuem a ter o que sempre tiveram (velocidade de 100 Mbps, um smartphone perfeitamente funcional, o ótimo bacalhau à Brás de sempre ou o mesmo espectáculo dos U2) o que importa é que alguém que pagará mais terá algo que eu não terei. Maldito capitalismo!

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Não Baltar, o problema começa quando a tua conexão de 100Mbps consegue apenas uma velocidade de 100Kb a aceder a um site/serviço não comercial alojado num servidor onde outros operadores comercias pagaram para ter mais e melhor largura de banda. Os grande ficam maiores e os pequenos nem tentam porque o volume de capital de entrada é cada vez maior. Deturpando por completo a realidade da Internet, que deveria ser otimizada de acordo com os interesses de quem consome os seus conteúdos e não pelo dinheiro de quem os disponibiliza.

      Pois a continuar assim, pagas o mesmo e:
      - Tens Internet de 100Kb para aceder ao que realmente te interessa.
      - O teu smartphone (comprado à 1 mês) tem falhas de segurança graves que não são corrigidas porque o operador/fabricante dizem que não é comercialmente viável fazê-lo.
      - Comes escamudo de salmoura à Brás, pois à velocidade que pescamos bacalhau não só o preço é cada vez mais alto como seguramente não chega param todos.
      - Como “não dá” nem para ir ver para a relva os U2, vais ao Ovibeja ver os DAMA.

      Mas no final estamos de acordo… Maldito capitalismo!

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    3. É nisso que discordamos. Não é retirado nenhum serviço a quem já o tem e sim acrescentados novos. Volto a dizer: quando a Vodafone cria uma internet de 1 Gbps quem recebe 200 Mbps não deixa de receber dados nessa velocidade.

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    4. Não baralhar as coisas. Não se está a discutir pagar mais para ter mais/menos. O que está em causa é uma nova segmentação de um serviço que deveria ser "neutro".

      Tu podes pagar mais para ter mais potência contratada de electricidade do que um plano mais barato; mas... e se agora o teu fornecedor de electricidade te dissesse que se quisesses usar um aquecedor eléctrico tinhas que pagar a taxa de aquecimento; e para usares um frigorifico tinhas que pagar a taxa de arrefecimento, porque isso seriam serviços "especializados"? É disso que se trata...

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  3. A Internet devia ser um serviço como a eletricidade ou a água. Não se paga mais para ter água potável ou um serviço em que o meu vizinho tenha prioridade na rede em caso de falha de energia...

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    1. Mas paga-se mais caro por mais potência de eletricidade da mesma forma que paga-se mais caro por mais velocidade de internet.

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    2. Estás a confundir largura de banda total com restrições impostas num par de sites.
      Vê o exemplo da taxa de arrefecimento e aquecimento que o Carlos deu.

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  4. Problema típico em qualquer tema que se aborde.
    O dinheiro é sempre o que fala mais alto, as pessoas vêm em segundo lugar.

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  5. Muita gente ainda não faz ideia do que se trata a neutralidade. Este é um grande problema.

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