2017/05/17

À conversa com Adelaide Carvalho


A FCA deu-nos a oportunidade de conversar um pouco com alguns dos seus autores, e desta vez o escolhido para a rubrica "À conversa com" foi Adelaide Carvalho, autora de livros como Gráficos com Excel e Exercícios de Java.

A representação gráfica tem a capacidade de nos conseguir dar uma perspetiva única sobre um conjunto de dados, que por si só, aparentemente não teriam significado. Considera que este é um dos principais benefícios dos gráficos?

Sim, sem dúvida. A primeira abordagem que um analista faz aos dados é quase sempre a sua visualização quer seja em diagramas, figuras ou gráficos 2D ou 3D. A representação gráfica de dados permite-lhe formar as primeiras informações sobre o emaranhado – geralmente grande e complexo - dos dados de que dispõe, identificando valores discrepantes, valores máximos, médios e mínimos, ciclos de variação, sentidos e intensidades de correlações, etc. A representação gráfica dá-lhe uma perspetiva única dos dados no sentido de os poder ver no seu conjunto e, muitas vezes, os dividir ou agrupar para detetar ou enfatizar padrões de comportamento e traçar tendências de evolução.

Estamos habituados a ver gráficos aplicados às áreas da economia e gestão, mas haverá muitas outras áreas em que poderão ser úteis. Pode dar-nos alguns exemplos de como melhorar a transmissão da informação através de gráficos noutras áreas?

Hoje, reconhecemos a importância da máxima “Uma imagem vale 1000 palavras” em todas as áreas cientificas ou profissionais. Atualmente, é, por exemplo, expectável que, num debate televisivo, a argumentação oral seja complementada por gráficos que as câmaras focam em primeiro plano para justificar ideias ou resultados. Políticos, ambientalistas, jornalistas e outros profissionais de áreas técnicas recorrem cada vez mais a gráficos não só para transmitirem o conteúdo das mensagens com mais eficácia – a maioria de nós acredita que percebemos melhor as imagens – mas também com mais eficiência – a maioria de nós acredita que o formato gráfico torna as mensagens mais atraentes, mais concisas e mais incidentes sobre o essencial.

Os académicos, mesmo os das áreas das humanidades, por exemplo, os antropólogos e os sociólogos recorrem, há muito, a gráficos para analisarem os dados quantitativos e qualitativos que tratam no sentido de explorarem as questões das investigações científicas que empreendem. Agora, começam a usá-los também para a divulgação dos resultados entre os seus pares e para fora das comunidades científicas. Os grandes incentivadores da representação gráfica parecem ter sido os analistas de mercado, incluindo os técnicos de marketing e designers, a quem se pode atribuir a colocação efetiva das imagens no mercado da informação.

Os gráficos tornaram-se, portanto, parte essencial da divulgação de informação. A sua construção obedece a alguns princípios e regras de organização de dados e formatação que enfatizam os objetivos ideais de simplicidade, clareza, não ambiguidade e concisão.

O que é que podemos esperar do seu novo ebook “Gráficos com Excel” e quais as principais novidades, ao nível de gráficos, do novo Excel 2016?

Este ebook explora as funcionalidades do gerador de gráficos do Excel 2016 para construções que obedecem aos ideais acima mencionados, com tabelas de dados apropriadas a cada tipo e subtipo de gráficos e outros elementos adicionais como eixos, escalas, títulos, legendas, etiquetas, tendências, etc.

Os 95 exercícios apresentados foram selecionados para ilustrar os diversos tipos e subtipos de gráficos embutidos do Excel 2016, a sua combinação e modelização, assim como, a utilização de muitos elementos adicionais e os respetivos formatos. É de frisar que o Excel 2016 tem mais tipos e subtipos de gráficos embutidos, dos quais destacamos: Box Plot (Whiskers ou bigodes), Treemaps e Circulares de Vários Níveis, Cascatas e funis.

Quem utilizar as versões anteriores do programa pode beneficiar da maioria dos exercícios apresentados?

O gerador de gráficos do Excel tem vindo a aperfeiçoar-se de umas versões para as outras. Mas, a versão mais recente – Excel 2016 – apresenta um gerador de gráficos muito mais completo, incluindo novos tipos e subtipos de gráficos embutidos. É sobre esta versão que incide o ebook de Gráficos com o Excel. Porém, este ebook tem um âmbito mais lato do que a apresentação das funcionalidades embutidas do gerador de gráficos.

Por um lado, insiste na ilustração prática de cada tipo e subtipo de gráficos para que o leitor possa ganhar sensibilidade relativamente à escolha dos gráficos que melhor se apropriam aos seus dados. Por outro lado, este ebook procura também mostrar que a combinação de diversas funcionalidades embutidas do Excel permite construir muitos mais gráficos.

As diversas versões do Excel permitem sempre ao utilizador combinar funcionalidades embutidas para definir outras mais específicas. O Excel 2016, por exemplo, apresenta pela primeira vez, o diagrama de extremos e quartis (boxplot ou whiskers) como tipo embutido, mas noutras versões é possível desenhá-lo, combinando funcionalidades existentes. Este ebook ilustra esta possibilidade num dos seus exercícios.

Assim, este eBook não versa apenas as funcionalidades embutidas do Excel 2016. Creio que tem interesse e utilidade para os utilizadores de todas as versões do Excel, principalmente a versão 2007 e posteriores.

Que conselhos daria aos leitores para a organização dos dados antes de iniciar o seu tratamento gráfico?

A análise de dados, sobretudo quando estes são muitos e complexos (inicialmente os dados parecem sempre complexos!) só deve iniciar-se após um certo grau de familiarização, isto é, antes de analisarmos os dados devemos conhecê-los para distinguirmos os essenciais dos acessórios, identificarmos valores extremos (outliers), explorarmos inter-relações entre todos ou grupos deles, percebermos a sua evolução, etc. Para começarmos a conhecer os dados há que, primeiro, olhar para eles. A organização dos dados beneficia da elaboração de vários gráficos que se vão refinando sucessivamente ao longo de todo o processo de tratamento de dados.

Que conselhos daria aos leitores para a escolha do tipo de gráfico mais indicado de acordo com os dados que possuem e a informação que pretendem extrair?

Não podemos tipificar os gráficos, fazendo corresponder a cada tipo de gráfico um tipo de dados a representar, informações a produzir ou problemas a tratar. Podemos até experimentar vários tipos de gráficos para os mesmos dados e selecionarmos os que melhor expressam a nossa análise de dados, as perguntas ou as conclusões que enunciámos. No entanto, há gráficos mais apropriados para certos conjuntos de dados, informações ou problemas daí que apresentemos neste eBook, para cada tipo de gráfico, várias ilustrações práticas – 95 ao todo!

Tendo já publicado mais de uma dezena de livros com a FCA, como descreveria esta parceria?

O “Programação Estruturada para Excel XP e 2000” foi o primeiro livro da minha autoria que a FCA publicou. Estávamos em abril de 2002. E, depois desse seguiu-se a publicação de mais 13 livros. Tem sido uma colaboração intensa e excelente.

A FCA é uma editora de Informática com muito prestígio não só entre os professores e estudantes de vários graus do ensino superior, mas também entre profissionais de Informática. Ganhou tão alto prestígio essencialmente pela qualidade e utilidade do produto final que coloca no mercado nacional e outros mercados de língua oficial portuguesa, nomeadamente o mercado brasileiro. Julgo que a FCA tem sido um pilar muito importante do aperfeiçoamento do ensino e aprendizagem de diversas disciplinas da área científica de Informática.

Por um lado, ao apostar em autores de língua portuguesa, a FCA facilitou o estudo das disciplinas cuja bibliografia era só inglesa. Por outro lado, o profissionalismo com que a FCA desenvolve toda a atividade de edição e publicação, sobretudo a revisão da obra, valoriza a ciência e técnica através da estética da expressão e da arte. O trabalho de edição que tenho desenvolvido com a FCA tem sido sempre pautado pela pertinência dos comentários e sugestões que os seus revisores apresentam.

E é tudo, o nosso obrigado à Dr.ª Adelaide pelo tempo dispensado, e ficamos aguardar pelos seus próximos livros. :)

Adelaide Carvalho
Doctor of Philosophy in Management Science (Lancaster University, Reino Unido), Doutora em Economia e Gestão (Universidade do Porto, Portugal), Master of Science in Management Science (University of Kent at Canterbury, Reino Unido), Master of Science in Computing Science (University of London, Reino Unido), Eq. Mestre em Ciência dos Computadores (Universidade do Porto, Portugal), Licenciada em Economia (Universidade do Porto, Portugal). Docente, desde 1983, em diversos estabelecimentos de ensino superior. Organizou e ministrou, de 1991 até ao presente, vários cursos de aplicação da Informática à Economia e à Gestão em Portugal, Grécia, Finlândia, Moçambique, Macau e Timor-Leste.




Para quem chegou até aqui, temos uma surpresa. Temos para oferecer um exemplar de cada um dos livros Gráficos com Excel - 95 Exercícios, Cálculos Elementares com Excel - 74 Exercícios, e Exercícios de Java - Algoritmia e Programação Estruturada ; e para te habilitares a ganhar um deles só tens que participar preenchendo o seguinte formulário:

Passatempo encerrado: os vencedores foram

  • Ricardo Quirino
  • Joao Silva
  • Hugo Freitas

2 comentários:

  1. Parabéns, Hugo. Se recebeu o " Gráficos com Excel", fico à espera dos seus comentários e sugestões

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