Depois dos Galaxy S8 se terem revelado um sucesso, as atenções voltaram-se para o sucessor do malfadado Galaxy Note 7; e desta vez, para o Galaxy Note 8, a Samsung redobrou esforços para se certificar de que nada poderia correr mal.
O Galaxy Note 8
A nível de design o Galaxy Note 8 não esconde a imagem de família, sendo que mais parece um Galaxy S8+ ainda maior, equipado com um ecrã Super AMOLED "Infinity Display" de 6.3" com 2960x1440 pixeis de resolução e formato 18.5:9. O CPU é um Exynos 8895 octa-core (2.3GHz e 1.7GHz, de 10nm) ou Snapdragon 835 nalguns mercados, acompanhado por 6GB de RAM, 64GB/128GB/256GB, bateria de 3300mAh, e sensor de impressões digitais na traseira.
Mas, a maior novidade do Note 8 será a estreia de um sistema de câmara dupla na traseira. Temos dois sensores de 12MP, um com lente grande angular f/1.7, outro com telefoto f/2.4, - replicando a opção escolhida pela Apple no iPhone 7 Plus, mas aqui com a vantagem de ambas as câmaras contarem com estabilização óptica de imagem. Na frente temos uma câmara de 8MP com lente f/1.7.
Na caixa encontramos um conjunto generoso de acessórios, do obrigatório carregador a adaptadores USB, e incluindo também pontas extras para o S Pen e earphones da AKG (e sim, continuamos a ter ficha standard de headphones).
Em termos de qualidade de construção, não há muito a apontar. Trata-se de um smartphone fascinante que nos conquista logo ao primeiro toque... embora o vidro traseiro possa inspirar receios do que poderá acontecer em caso de queda - e também se revele uma autêntica "tela" que realça toda e qualquer dedada (num smartphone com preço de quase 1000 euros, já seria de começar a considerar a utilização de tratamento olefóbico também na parte traseira).
Em funcionamento
Logo desde o momento em que se liga o Note 8 pela primeira vez que somos novamente obrigados a ficar fascinados pelo seu ecrã, que não só ocupa a quase totalidade da parte frontal (desaparecendo nas margens laterais e mantendo apenas umas margens reduzidas no topo e na parte inferior) como também oferece um contraste e gama de cores fantástica. Dizem os entendidos, é o melhor ecrã de sempre, e nós concordamos (não esquecendo as situações complicadas como a utilização no exterior à luz do Sol, ou no interior num quarto completamente às escuras).
Embora a Samsung continue a insistir em utilizar um Android vestido com o TouchWiz, a verdade é que com a potência do hardware existente, os habituais soluços e hesitações de outros tempos já não são perceptíveis. Sim, ainda podemos sonhar com o quanto melhor poderia eventualmente ser com um "Android One" despojado de extras - mas considerando as diversas coisas exclusivas que a Samsung adiciona para tirar o máximo partido do seu hardware (como as funcionalidades acessíveis com um deslizar da parte lateral, ou o suporte para a S Pen e tudo o que pode fazer)... se calhar ainda se acabava por ficar com vontade de regressar a este TouchWiz.
Em termos de desempenho, não há nada a apontar. O Note 8, como seria de esperar, digere com facilidade tudo aquilo que se lhe atirar para cima. E o receio de que a bateria de 3300mAh fosse incapaz de suportar um ecrã de tais dimensões também acaba por não se verificar. O maior problema poderá ser mesmo arranjar forma de o enfiar no bolso das calças... (ou abrir a carteira para o comprar. :)
Quanto ao polémico Bixby, que também tem direito a um botão exclusivo no Note 8, sou forçado a reconhecer que estava enganado. Inicialmente achava ridículo dedicar um botão a esta função... mas depois de o experimentar reconheço que a ideia da Samsung até está bem apanhada. Isto no sentido de o utilizarmos não como um botão para lançar uma app, mas sim no sentido de o utilizarmos quase como um "walkie-talkie" para falar com o Bixby. Ou seja, a qualquer momento podemos apertar o botão e fazer uma pergunta ou dar o comando pretendido, e pronto, já está.
Claro que temos que usar inglês (ou outra das línguas suportadas) mas tirando esse pormenor, fiquei surpreendido com as capacidades de inteligência deste assistente, que em nada fica atrás de outros como a Siri, Alexa, e Google Assistant. Dito isto, continuo a achar que seria de bom tom a Samsung permitir que cada utilizador pudesse definir a utilização do botão para o que bem entendesse... ;P
Falando da questão do posicionamento do sensor de impressões digitais, não é segredo que não sou fã dos sensores colocados na traseira do dispositivo, e esta opção da Samsung o colocar mesmo ao lado das câmaras não ajuda em nada. O resultado é garantir que as câmaras estejam sempre com dedadas (e não será fácil esticarem o dedo para chegar ao sensor). Felizmente, temos alternativas. O sistema de reconhecimento de íris funciona bastante bem (mesmo se nos obriga a passar alguns avisos de que não deverá ser usado por crianças, o que poderá levantar algumas dúvidas quanto a potenciais riscos de utilização intensiva por alguns utilizadores....) O único inconveniente é que em vez de Samsung activar este reconhecimento de forma automática, o mesmo só aparece depois de o seleccionarmos manualmente no ecrã (depois de o "acendermos"). Parece-me uma oportunidade perdida face ao que seria desejável (tal como a Apple vai fazer no iPhone X) de tornar este método num sistema verdadeiramente eficaz e cómodo.
Quanto à S Pen, confesso que não perdi demasiado tempo com ela, mas que a sua gama de funcionalidades seria suficiente para, por si só, merecer um artigo dedicado. É fácil perceber porque motivos os fãs dos Galaxy Note se quererão manter fiéis a este modelo... quer seja para fazer apontamentos rápidos (que até podem ser feitos com o smartphone "desligado" usando o ecrã always-on), ou para seleccionar partes do ecrã, ou mil e uma coisas mais que se podem fazer com ela - e que num ecrã desta dimensão, se torna bastante agradável de fazer.
[Huawei P10 vs OnePlus 5 vs Galaxy Note 8]
Demonstrando que o seu ecrã prolongado não é apenas "para o estilo", utilizar o browser no Note 8 permite-nos ver substancialmente mais área do que usando outros smartphones. Aliás, a própria área activa de ecrã do Note 8 é idêntica (ou superior) à área total dos smartphones com que o comparei!
A câmara
A Samsung tem-nos habituado a esperar câmaras de luxo nos seus topo de gama nos últimos anos, e o Note 8 não é excepção. Complementado por o seu fantástico ecrã, o Note 8 é igualmente fantástico a captar fotos e vídeos. Este acaba por ser um dos casos mais marcantes onde o smartphone acaba por se tornar "invisível", pois toda a sua superfície deixa transparecer a realidade que está do outro lado. Mas esta é uma opção que vem com um pequeno "senão" que pode revelar-se algo infeliz.
Durante a captação de fotos, o ecrã do Note 8 pode apresentar barras pretas laterais, que se podem fazer desaparecer carregando num icon "full screen" colocado em destaque e que expande a imagem para o ecrã completo. Inicialmente, pensava eu que se tratasse apenas de mostrar a área ampliada, mas mantendo as fotos no formato seleccionado - mas na verdade não é isso que acontece: quando carregam naquele modo, as fotos são captadas com esse mesmo formato 18.5:9 e 7.9MP, em vez dos 12MP totais.
É pena... penso que seria mais produtivo aquela opção não alterar o modo escolhido, limitando-se a mudar a "pré-visualização" no ecrã (como disse, é bastante mais apelativo visualmente usar este modo... mas não se isso implica ficar com as fotos num formato "ultra-panorâmico".
Mas quanto à qualidade das fotos... nisso não há muito a apontar:
O modo "retrato" que dá uso às duas câmaras, funciona de forma bastante eficaz e natural.
Basicamente, esteja sol ou chuva, ou dia ou noite, o Note 8 consegue tirar fotos sem qualquer problema. Uma vez mais refiro as capacidades quase "sobrenaturais" do que se consegue fazer em situações de quase completa escuridão, e onde o Note 8 acaba por conseguir ver as coisas melhor do que os nossos próprios olhos. Um bom exemplo será aquela foto iluminada apenas pelo interruptor de uma tomada... se tiverem algo assim experimentem tirar uma foto iluminada apenas por essa luz e comparem os resultados. :)
Já no Galaxy S8 a câmara tinha sido um dos pontos em que me obrigou a repensar seriamente se deveria fazer o "investimento"... e neste Note 8 isso volta a acontecer...
Apreciação final
Depois das expectativas "furadas" do Galaxy Note 7 (que era um dos melhores smartphones do ano, até terem sido recolhidos), este Galaxy Note 8 vem reforçar essa posição com uma uma melhoria em todas as áreas. Mas a verdade é que também não havia grandes dúvidas de que isso acontecesse, pois a Samsung não se podia arriscar a que este lançamento não corresse a 100%.
Com hardware de topo, acompanhado por uma qualidade de fabrico irrepreensível e contando com o melhor ecrã do momento e uma câmara que consegue tirar fotos em quase total escuridão, o único ponto que vem manchar tudo isto acaba por ser... o preço. Com um preço de mais de 1000 euros nas lojas oficiais, a questão é se as vantagens que o Galaxy Note 8 realmente justificam o preço acrescido face a outros topo de gama igualmente válidos que se podem comprar por menos de metade do preço. Racionalmente falando, não me parece que se justifique... mas passe-se algum tempo com um Note 8, e arriscamos-nos a ficar apaixonados por ele ao ponto de considerarmos seriamente fazer essa "loucura".
Um ponto positivo é que algumas lojas já começam a fazer promoções com preços que o colocam num patamar ligeiramente mais aceitável (cerca de 850 euros). E se a tendência se mantiver, poderá ser que daqui por mais 2 ou 3 meses ele já fique a preço ainda mais apelativo (tal como acontece com o Galaxy S8, que já se pode encontrar por perto de 550 euros).
Ainda assim, não há dúvidas... o Galaxy Note 8 é verdadeiramente:
Samsung Galaxy Note 8
Escaldante
Prós
- Ecrã
- Câmaras
- S Pen
Contras
- Preço
- Posicionamento do sensor de impressões digitais
Carlos, onde está a análise ao OnePlus 5?
ResponderEliminar(Não consigo encontrar...)
Obrigado.
Esta "ali ao lado" (leia-se: agendada para ser publicada na próxima semana :)
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