A Huawei tem apostado em smartphones que se tornam cada vez mais atractivos para os consumidores, e tivemos a oportunidade de testar o Ascend P7. O Luis Costa meteu mãos à obra e conta-nos o que descobriu.
O P6 representou para a Huawei uma alteração de estratégia. O mercado de entrada, assim como o de gama média deixavam de ser o seu foco, passando a conquista de cota de mercado no segmento de gama alta a ser o objectivo a atingir. O Huawei Ascend P6 já por cá passou e obteve um "quente algo morno", será o P7 capaz de superar esta classificação? É precisamente isso que vamos abordar neste artigo.
Huawei Ascend P7
Tratando-se de um equipamento que pretende equiparar-se com os restantes topos de gama, o requinte tem de fazer parte dos atributos do equipamento. A caixa, apesar de simples, está bem conseguida. No seu interior encontramos o smartphone, e por baixo deste, o carregador, cabo USB e auriculares. Há ainda espaço para uma capa de silicone, que no caso da nossa unidade, não estava presente.
O hardware sofreu algumas melhorias (expectáveis) face ao P6: CPU Quad-core 1.8 GHz Cortex-A9 HiSilicon Kirin 910T e GPU Mali-450MP4, 2GB RAM, 16/32GB armazenamento, câmara 8/13MP, LTE Cat4 e ecrã LCD de 5" IPS Full HD com 441ppi. O destaque vai exactamente para este último, e para as câmaras, principalmente a frontal com uns imponentes 8MP.
Cresce 0,3mm em espessura (6.5mm) e 4g no peso (124g), um compromisso com que por certo os utilizadores não se importarão face aos melhoramentos, nomeadamente na resolução do ecrã.
Richard Yu (Huawei Chairman e CEO), a quando da apresentação do P7, referiu-se várias vezes ao "advanced craftsmanship" e temos de concordar, o P7 apresenta acabamentos de qualidade superior. O desgin deste P7 é uma evolução do P6. As influências são claras, e a Huawei não parece minimamente incomodada com o facto. A traseira é constituída por várias camadas de material, que lhe dão um aspecto fino, cuidado, com acabamento superior. É verdadeiramente polida, até de mais, mas lá chegaremos.
A toda a volta temos um aro de alumínio escovado que acrescenta solidez ao conjunto ao mesmo tempo que não compromete do sistema de dupla antena. Os cantos são arredondados, sendo que a base perde os ângulos rectos. O conjunto apresenta um aspecto sólido e o facto de ter uma espessura reduzida ajuda a que seja confortável na mão.
O botão de power tem inspiração no dos Xperia, e é um excelente exemplo de como agarrar numa boa ideia e melhorá-la. Se nos Sony o botão saliente pode não ser do gosto de todos os utilizadores, a Huawei optou por criar uma cavidade onde aloja dito botão, solução que me agradou particularmente.
Na lateral direita temos ainda o botão de volume, e os slots para os cartões SIM e SD.
O alojamento do SD tem a particularidade de poder receber um nano SIM (perdendo o SD), tornando o P7 num equipamento dual-SIM. Esta funcionalidade é activada por software, e infelizmente não está disponível na versão europeia.
A parte de cima aloja apenas a ficha 3.5mm para os auriculares, isto porque a porta microUSB migrou para de onde nunca deveria ter saído, a parte de baixo do equipamento. Desaparece a ferramenta para remover os cartões, que embora útil, acabava por se transformar num transtorno para quem utiliza os auriculares diariamente.
P7 vs Nexus 5
O P7 cresce ligeiramente, ao mesmo tempo que emagrece. O toque é diferente, em resultado de conceitos... diferentes: estrutura arredondada no Nexus 5, ao passo que o P7 tem o aro metálico a toda a volta. O Nexus encaixa-se mais facilmente na mão, o P7 acaba por dar uma sensação de se tratar de um corpo rígido. Como é bastante fino, acaba por se torna natural ao fim de pouco tempo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Não deixa no entanto ser curioso o facto de tanto a Huawei como as outras marcas estarem a fugir às arestas mais vivas. O Ascend Mate 7 é disso um bom exemplo.
Câmara
Esta foi uma área onde a Huawei não poupou esforços, e os resultados pode dizer-se que estão à altura.
As selfies estão na moda, e ciente disso mesmo, a Huawei decidiu exponenciar as potencialidades da câmara, criando as groufies, que na verdade não são mais do que selfies panorâmicas. Sendo que a opção de usar uma câmara de 8MP na frente será do agrado dos utilizadores.
A câmara traseira de 13MP, com lente de 5 elementos e sensor Sony de 4ª geração promete ser capaz de tirar excelentes fotografias, mesmo com pouca iluminação. Os testes comprovaram isso mesmo. Outro aspecto interessante é a possibilidade de tirar fotografias quase instantâneas com recurso ao ultrasnap. Basta um duplo clique no botão de baixar o volume, e em cerca de 1,2s temos a nossa fotografia. Claro está que têm de apontar para o local certo. ;)
O software que acompanha a câmara para lá do modo normal e inteligente tem várias opções:
- Modo beleza
- HDR
- Panorama
- Filtros
- Comentários áudio
- Capturar imagem quando se atinge determinado nível de som
- Melhor foto
- Marca de água
Em utilização
O P7 apresenta-se com o Android 4.4.2. Desde o seu lançamento já recebeu duas actualizações OTA, com correcções e algumas novas funcionalidades. A interface EmotionUI, na sua versão 2.3 é uma aposta da Huawei, que procura desta forma melhorar a experiência de utilização.
O EmotionUI, ao contrário da grande maioria dos launchers, não tem uma secção com os ícones dos jogos e apps. Está tudo no ecrã principal, e cabe ao utilizador organizar os ícones em função dos seus gostos/tipo de utilização.
Sou um adepto do Android "puro", mas confesso que esta interface acaba por não me fazer muita confusão. Caso o utilizador não goste do tema padrão, pode sempre optar por descarregar/instalar um outro. A Huawei lançou um concurso para a criação de novos temas, pelo que é de esperar que novas propostas começem a surgir.
Falta só uma agilização deste processo, permitindo ao utilizador descarregar temas da internet para importação para o seu equipamento. Dou um exemplo simples: encontrei um tema que até estava instalado num equipamento Huawei, e gostava de o passar para o P7. Seria interessante poder fazê-lo através da app Temas, com a função de exportação/importação. Fica a ideia.
O painel de notificações também sofre algumas alterações, com a informação a ser apresentada a dois níveis. Um primeiro com 5 botões, imediatamente acessível após o gesto de arrastar para baixo, mais duas filas de botões que fica visível após toque na barra imediatamente por baixo da primeira fila. No segundo nível são apresentadas as notificações.
Curiosamente, na actualização que o P6 recebeu, os dois níveis passam para duas abas no topo do ecrã, passando o utilizador a ver os botões de atalho, ou as notificações, solução que particularmente não me agrada.
A Huawei adiciona ao Android algumas novas funcionalidades e modifica outras, numa tentativa de melhorar a experiência de utilização:
- Gestão de notificações
- Gestão de acesso ao WiFi e Dados móveis
- Tipo de ecrã de entrada (homescreen)
- Limpeza de armazenamento
- Perfil de utilização (performance vs consumo)
- Gestão de aplicações em função do consumo de bateria
- Controlo de movimento
- Temperatura da cor
- Botão de acesso rápido
- Modo luvas
- Lista de definições rápida
- Acesso rápido a apps no ecrã de bloqueio
As notificações invadem a área destinada à mesma, com um corrupio de informação. Pessoalmente não interessa receber na área de notificações informações relativas a jogos e promoções. Com esta funcionalidade facilmente definimos que jogos/apps podem apresentar notificações. Sim, é possível fazer este tipo configuração individualmente das definições de cada app/jogo, mas é muito mais simpático ter uma área onde esta informação é centralizada.
Dados móveis. Para quando um tarifário que permita uma utilização sem preocupações (a preços justos)? Enquanto estes tipo de tarifários não chegam a todos os utilizadores, podem utilizar a aplicação que o P7 tem para esse efeito. Mais uma vez, apps e jogos listados, bastando ao utilizador tocar no ícone para activar/desactivar o acesso à rede móvel e sem fios.
Consumo de bateria por aplicação já é algo que o Android tem disponível há algum tempo (hello iOS 8 :D ). A Huawei criou um serviço que controla estes dados e notifica o utilizador quando um jogo ou aplicação está a consumir bateria por longos períodos. GMail, Hangouts, ou até mesmo o Ingress :) são logo dispensados. Depois é só ir analisando os casos apresentados e definir a escolha consoante os nossos padrões de utilização.
Em termos de prestações, o P7 tem um comportamento equilibrado, mas por vezes temos alguns soluços, algo que não é aceitável num equipamento topo de gama. É no Chrome que estes engasgos mais se fazem sentir, com o scroll do ecrã a prender-se um pouco. Não é que seja frequente, mas por vezes, acontece. Comparando a prestação com o P6, há uma notória evolução, que advém do novo SoC e também da versão do Android.
Outro aspecto menos conseguido é o tempo de carregamento de jogos e apps. Como podem observar no vídeo, à excepção do Real Racing 3, todos os jogos demoram mais a carregar no P7, do que no Nexus 5. Durante o jogo, tal como na utilização das apps não se notam quaisquer atrasos na resposta do equipamento.
Confesso que esta questão me deixou intrigado. Como é que se pode explicar que justamente o jogo mais pesado é o que carrega mais depressa no P7. Se confrontar-mos estes dados com os das apps de benchamark, a situação torna-se ainda mais estranha.
Poderá o SoC/Android do P7 ter alterações no código que forneçam um incremento nas prestações?
Já vimos algumas empresas (inclusive a Huawei...) a utilizar esquemas alternativos para conseguir melhores resultados nos benchmarks, algo que considero errado por várias razões. No entanto, se se estiver a utilizar o mesmo sistema para melhoria da performance dos jogos e apps, parece-me perfeitamente aceitável e até bem vindo, isto claro desde que o equipamento funcione correctamente, algo que por certo as marcas não irão correr o risco de não acontecer.
Como aspecto menos positivo identifico apenas o polimento da superfície traseira. Esta é mesmo ultra polida, o que representa um ponto positivo quando na mão, mas um verdadeiro perigo quando assente sobre uma superfície. Passo a explicar: o P7 já me caiu ao chão mais de 10 vezes!!! Nunca me caiu da mão, foi sempre quando estava sobre uma superfície. Tenho por hábito deixá-lo numa cadeira, o que já se revelou uma má escolha. Ao fim de alguns minutos... catrapum! Lá está o P7 no chão. O facto de a superfície traseira ser extremamente polida, leva a que deslize com muita facilidade.
A solução passa por terem atenção ao poisar o P7, ou em alternativa comprarem uma capa. Assunto resolvido.
Apreciação Final
O desempenho, salvo raras excepções não foi alvo de reparos. O Android não se apresenta muito modificado, e até foi melhorado com algumas funcionalidades bastantes úteis. A bateria, mesmo tratando-se de um equipamento de reduzida espessura, consegue ter uma autonomia muito boa, facilmente superando a que consigo com o Nexus 5 para o mesmo padrão de utilização.
O P7 tem sido a minha companhia já de há alguns meses e quando necessito de um smartphone, não faço distinção entre este e o Nexus 5.
Considerando o em cima exposto, e tendo em conta a evolução face ao P6 (que obteve a classificação de Quente), o Ascend P7 poderia receber a classificação de escaldante, ainda mais porque nesta altura já se encontra no mercado com valores na ordem dos 340€, valor substancialmente mais baixo do que aquele a que inicialmente foi posto em comercialização.
Mas para isso a excelência teria de ser plena, e no caso do P7 o seu SoC ainda se apresenta algo curto para as exigências que esta classificação acarreta. A Huawei é a primeira a estar ciente deste facto e não é por isso de estranhar que tanto o Honor 6 (que não vai estar disponível em Portugal) como o Mate 7 recentemente apresentado em Berlim, já têm um SoC que promete rivalizar com os melhores Qualcomm. Assim sendo, o P7 terá que se contentar com um prestigiado Quente, sendo que a manter esta linha de evolução, o seu sucessor conseguirá subir para o escalão máximo.
Huawei Ascend P7
Prós
- Design e qualidade de construção
- Emotion UI com algumas funcionalidades bem úteis
- Excelente autonomia
Contras
- CPU curto para um topo de gama
- Traseira com tendência a escorregar
Viva,
ResponderEliminarTenho um P7 alguns meses e estou bastante satisfeito. Concordo com o que dizes na review a 100%, mas há um pormenor interessante:
No último update verifiquei que no menu Acerca do telefone tenho a resolução a 800x1280 e que o Bluetooth, quando ligado a um auto-rádio se desliga automaticamente.
Qual é a versão do firmware que tens instalado?
EliminarO desligar do Bluetooth pode ter a ver com poupanças de energia. Vou testar com uma coluna a ver como se comporta.
Tenho a mesma versão dos screenshots, P7-L10V100R001C00B126.
EliminarBom artigo, já agora gostava de saber onde comprar esse tripé é universal? serve no nexus5?
ResponderEliminarObrigado.
EliminarO tripé é de uma câmara, foi um improviso :D
Afirmativo, mas sabes quais são os que tou a falar certo? já ando a procura a algum tempo mas fico sempre na duvida ou da qualidade ou do preço, recomendas algum para usar com o telemovel?
EliminarNa verdade, não :D
EliminarO melhor é colocares a questão na ML do AadM. Envia também foto do que pretendes, por certo que haverá alguém que te possa ajudar na questão.
Olá.Uma dúvida. Como saber se meu huawei p7 pode utilizar o espaço do Micro SD Card como um Dual Sim?
ResponderEliminarAtravés da versão do equipamento, a qual pode ser consultada nas definições.
EliminarDeve ser algo como P7-LXX.
Gostaria de saber se para alguem que não usa jogos, mas sim, varias redes sociais, ele viria a travar
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