Chefe de segurança do UK diz que não devia haver direito à privacidade

O novo chefe da agência britânica de segurança (GCHQ) está muito preocupado com o esforço que os serviços na Internet têm feito para garantir a privacidade dos dados dos seus utilizadores, e como sempre... lá vem o argumento do terrorismo e de todas as coisas más que são feitas "via Internet".

A questão da segurança versus privacidade nem sempre é fácil de equilibrar, mas para este senhor a coisa nem sequer deveria estar em causa: todos os serviços da internet deveriam ceder todos os dados que ele bem pedisse - e ficava o assunto arrumado. Como ele próprio diz "a privacidade dos utilizadores nunca foi um direito absoluto" - e para o justificar apresenta o tenebroso panorama de como os grupos terroristas, radicais e extremistas, usam a internet para difundir as suas mensagens e comunicarem uns com os outros.

Sinceramente, nunca percebi muito bem porque é que a existência de uma minoria de "radicais" serve de justificação para que se descarte o direito à privacidade da restante esmagadora maioria. O mesmo tipo de coisa que injustificavelmente faz com que alguém que tente entrar num avião com uma garrafa de água seja logo olhado como terrorista, enquanto que depois noutros casos pessoas entrem com armas a bordo por pura distracção e sem serem detectadas.

Tentar fazer da internet o "bicho papão" também me parece uma medida sem qualquer cabimento e que mais cheira a desespero (ou amuo). Isto porque, se não houvesse internet, não se diria o mesmo da rede de telefones? E se não houvesse telefones não se diria o mesmo do serviço postal? E se não houvesse serviço postal não se diria o mesmo de qualquer pessoa com meio de poder transportar uma mensagem de um lado para o outro?

A técnica do FUD não é nova, e parece-me que vai perdendo cada vez mais o seu efeito - pelo menos entre a população que estiver mais informada e que receie que este desejo de descartar a privacidade facilmente deslize para os cenários "big brother" que já temos visto serem retratados das mais diversas formas. A grande dúvida é que nunca saberemos realmente se estas queixas que este senhor faz serão realmente legítimas devido à maior dificuldade que as empresas dizem colocar à obtenção de dados sobre os seus utilizadores... ou se não passará de mais uma manobra de desinformação que visa fazer passar a ideia de que eles não tem acesso a informação... a que continuam a ter acesso.