Análise ao Motorola Moto X 2nd Gen

Com o regresso da Motorola a Portugal, chega também a sua gama de smartphones, onde encontramos equipamentos para todos os gostos (e preços) e onde a mais recente versão do Android é condimentada com algumas funcionalidades adicionais da Motorola. O Luis Costa já esteve a brincar com o seu modelo topo de gama - o Moto X - e diz-nos o que ele vale.

A primeira versão do Moto X foi uma lufada de ar fresco. A critica americana teceu rasgados elogios ao equipamento da Motorola, e o mesmo foi considerado o smartphone de eleição por muitos analistas. Infelizmente, não chegou a ser comercializado em Portugal. Com a segunda geração isso já não acontece, e foi com bastante entusiasmo e curiosidade que aceitámos a proposta da Motorola para testar o Moto X.

O Motorola Moto X

A caixa é bastante simples. No seu interior encontramos o smartphone (naturalmente...), cabo USB, carregador e documentação de referência. O modelo testado, como podem ver pela imagens foi o branco, o qual é comercializado com a capa em bambu. O equipamento está também disponível em preto. A decisão da Motorola em limitar capa ao bambu prendeu-se com uma tentativa de diferenciar o equipamento, tornando-o mais pessoal, único. O facto do bambu ser natural, garante que não há duas capas iguais.

Em termos de hardware, e tendo em conta que se trata de um modelo de 2014, está à altura de um topo de gama.

Especificações:

• Ecrã AMOLED de 5.2", resolução 1080x1920 pixels (~424 ppi), Corning Gorilla Glass 3
• Processador Qualcomm MSM8974AC Snapdragon 801, Quad-core 2.5 GHz Krait 400, GPU Adreno 330
• 2GB RAM, 16/32GB Armazenamento
• Câmara traseira 13 MP, dual-LED flash, Frontal com 2 MP
• Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac, Bluetooth v4.0
• Bateria 2300 mAh, carrega 60% em 30 min
• Android 4.4.4 (KitKat), actualizável para 5.0 (Lollipop)
• Dimensões: 140.8 x 72.4 x 10 mm / peso: 144 g 

Na parte superior temos o jack áudio e o slot para o cartão nano-SIM. Na parte inferior a entrada micro-USB. Botão de power e volume do lado direito, estando o lado esquerdo livre, sem botões ou slots para cartões.

A combinação dos materiais escolhidos dá ao Moto X um acabamento superior, digno de um topo de gama. A frente em Corning Gorilla Glass 3 promete uma boa resistência aos riscos, e a lateral em alumínio, dá uma boa robustez ao conjunto. A traseira arredondada encaixa-se perfeitamente na palma da mão.

Esta curvatura da parte traseira acaba por se tornar num factor diferenciador, fugindo aos tradicionais contornos direitos, que agora estão a passar a redondos. Pessoalmente, o design agradou-me bastante.

O ecrã de 5,2" fica-se pelo FullHD, mas a qualidade da imagem é bastante boa, melhor que a do Nexus 5, diria. Os testes efectuados revelaram excelentes resultados nos pretos e brancos, com uma boa definição da cor. As cores eram vivas, mas sem exageros. O brilho do ecrã adequa-se perfeitamente para uma visualização no exterior, mesmo em locais com muita luz.

É na zona do ecrã que encontramos as colunas de som, contrariamente ao que os elementos metálicos podem parecer indicar, apenas na parte de baixo. O som é forte, e bem definido.


Câmara

As câmaras serão talvez o ponto mais controverso do Moto X.

• Traseira: 4128 x 3096 pixels, autofocus. Video 2160p@30fps, HDR
• Frontal: 1080p
• Funcionalidades: Geo-tagging, touch focus, detecção de faces, panorama, HDR

Não gostei do modo de focagem automático. Ou corre bem à primeira, ou andamos a "dançar" com a câmara, até que o ponto de focagem desejado seja conseguido. A imagem da direita foi tirada em modo HDR.

Basta tocar no ecrã para tirar uma foto, algo que pode ser estranho para quem está habituado ao toque servir para focar.

Estando focada a imagem, os resultados são de qualidade superior. Os detalhes estão muito bem definidos, como se pode ver nesta imagem, detalhe de uma das apresentadas em cima.

A interface é bastante simples. Um swipe na lateral esquerda revela as opções disponíveis: HDR, flash, foto rápida, video e panorama.


Software

A Motorola optou por "não reinventar a roda", o que pessoalmente me agrada bastante. Gosto de utilizar o Android da forma como a Google o idealizou, e o Lollipop é o toque final para que as marcas passem a utilizar a interface sem grandes alterações.

A aposta da Motorola recai sobre aplicações e serviços que possam constituir-se como uma mais valia para o utilizador. Mais uma vez, um exemplo que deveria ser seguido pelos seus concorrentes, sendo que neste aspecto, Asus e Huawei têm igualmente marcado pontos positivos.

 Ao ligarmos o Moto X pela primeira vez, somos convidados a conhecer melhor o equipamento e as suas capacidades. A primeira coisa a fazer é configurar o reconhecimento de voz. Deixamos de estar limitados ao "OK Google", passando a ter a possibilidade de definir o comando de activação do "assistente digital".

Este processo revelou-se particularmente difícil de completar com sucesso. Estava em casa, sem ruídos, e o Moto X achava que o local era muito barulhento. Sensível, o menino :D

 Moto Voice, Assist, Actions e Display são ferramentas que melhoram a experiência de utilização do Android.

• O Voice estende as capacidades do Google Now, isto com o equipamento desligado. Basta pronunciar o comando previamente definido e o Moto X apronta-se para nos servir. Fotografias, enviar mensagens, criar notas, tudo ao alcance de um comando.
• Assist, quando a máquina se adapta ao utilizador. Consoante o local onde nos encontramos, o Moto X adapta o seu comportamento. Gostei particularmente da possibilidade de definir o período nocturno e o smartphone trata do resto. Sim, há apps que fazem isto. Aqui, vem de origem.
• Actions, tão bom que era passar a mão por cima do ecrã para ver as notificações que entretanto tinham chegado. Bastava um movimento com a mão para desligar um alarme ou o som de uma chamada. Já o chamar da câmara com o virar da mão não me parece tão útil, pois temos a possibilidade de o fazer via voz.
• Display, em conjugação com o Actions, fazem o par perfeito. Basta definir quais as notificações que desejamos consultar no ecrã, e o Moto X apresenta-nos as mesmas com o tal movimento de passar a mão por cima do ecrã. Do melhor!

Destaco ainda a ferramenta de migração, que possibilita a migração de alguns dados (depende da origem dos mesmos) para o novo equipamento.

 Como extra, temos ainda uma surpresa. Confesso que fiquei altamente intrigado com a mesma, pois desconhecia por completo a sua existência.
Falo-vos das Spotlight Stories, conteúdo digital interactivo, o qual poderia descrever em detalhe, mas considero que estaria a estragar a surpresa ao utilizador. Sugiro que não pesquisem pelo tema. Reservem-se para quando comprarem um Moto X. A experiência justifica a penitência :D



Em funcionamento

O Moto X chegou ao mercado com o Android Kitkat 4.4, mas já se sabia que o Lollipop estava ao virar da esquina. O facto de ter chegado durante o período de testes, tornou o mesmo ainda mais interessante. Espanhol, não era importante. O que interessava era o Android 5.0, o qual já se apresentava em Português.

Notificações: KitKat vs Lollipop

Já o escrevei em cima, mas tenho de voltar a tocar no assunto. Quem gosta da interface do Android, tem no Moto X um equipamento não vai desiludir. Temos como exemplo as notificações, onde a interface sofreu uma alteração considerável, tanto no aspecto gráfico, como no posicionamento dos itens.

O meu Nexus 5 já tem "algum tempo". Tinha por isso curiosidade em tirar as medidas ao Moto X. Que tal se comportaria o mesmo? O hardware era em tudo semelhante: Qualcomm MSM8974 Snapdragon 800 (Nexus 5), Qualcomm MSM8974AC Snapdragon 801 (Moto X). O GPU Adreno 330, passa de 450MHz para 578MHz.

Aproveitando a funcionalidade de migração do Lollipop, tratei de encostar os dois equipamentos, e foi uma limpeza. Passado uns minutos tinha no Moto X um espelho do Nexus 5. Muito bem aqui a Google. A base de partida era assim igual, e a utilização diária também o foi. Os resultados foram conclusivos (vem-me à memória a expressão "o algodão não engana!").

O Moto X consegue transmitir uma experiência mais agradável que o Nexus 5. É mais fluído, não sofre das pequenas paragens, que de vez em quando, o N5 se lembra de ter. Este aspecto era facilmente detectado no acesso ao browser. Em termos de bateria, rendeu mais que o N5, mas nas minhas mãos, acabava por chegar a casa nas lonas. Era utilizar até ter bateria. :)

Outro aspecto que importa voltar a referir, é o conforto na utilização no equipamento. O formato escolhido permite que o equipamento se encaixe perfeitamente nas mãos, mesmo as mais pequenas.

KitKat vs Lollipop

Em termos de resultados dos benchmarks, a actualização para Lollipop não teve um comportamento homogéneo. Houve melhorias na maioria das apps, mas algumas revelam um decréscimo nos resultados. No caso do Quadrant, o resultado deve ser descartado, pois a diminuição do resultado para metade só pode dever-se a outros factores, que não o novo Android.

O que posso afirmar, é que a passagem para Lollipop, não teve qualquer implicação negativa no desempenho do equipamento. Na verdade, houve foi lugar às melhorias que o Android 5.0 apresenta em termos de interface.


Apreciação final

O Moto X correspondeu às altas expectativas que tinha ao iniciar os testes. A fasquia estava bem alta, mas o equipamento correspondeu plenamente ao que dele esperava.

O design é do melhor que já vi num equipamento Android. Estilo, conforto e robustez. A capa em bambu acaba por ser um extra que confere algo de único a cada smartphone. Em termos de comportamento, nada a apontar. O Lollipop só veio ainda melhorar a experiência de utilização. O facto de a Motorola estar na pole position no que refere às actualizações do Android, não alterando a interface do mesmo, coloca os seus equipamentos como opções ideais para quem gosta da experiência de um Nexus, mas procura algo mais.

A dimensão do ecrã, 5,2" está no limite que considero ideal. Se baixar novamente para as 4,7 ou 5", não se perdia nada. A bateria, é a tal coisa. Nunca é de mais. Faz um dia de utilização intensiva, pelo que 2500mAh (ou mais!) seriam muito bem vindos.

O software não é intrusivo. Constitui-se como uma mais valia para o utilizador, quer se trate de um especialista em Android, quer se esteja a tomar contacto com a plataforma pela primeira vez. As funcionalidades disponíveis são opcionais, cabendo ao utilizador activar as mesmas. Exemplo a seguir por outros OEM.

O Moto X pode ser encontrado nas lojas nacionais com valores a rondar os 400€, valor muito mais interessante que o que recebeu ao chegar ao mercado.

Pelas razões acima apresentadas, tem obrigatoriamente que sair daqui com um:

Motorola Moto X (2nd gen)

Escaldante

Prós:

• Design e qualidade de construção
• Desempenho
• Funcionalidades e serviços

Contras:

• Modo de focagem automática
• Bateria podia ter mais uns mAh

Galeria de imagens:

KitKat

Lollipop