2015/04/01

SPA reage a chumbo de Cavaco


Muito nos teria agradado que a nossa mentira de 1 de Abril se tivesse tornado realidade mas, como seria de esperar, a reacção da SPA ao chumbo de Cavaco Silva foi exactamente a oposta.

A SPA já veio revelar a sua reacção ao chumbo do Presidente da República - desta vez a sério - e onde "lamenta a decisão do Presidente da República, por ser lesiva para os criadores culturais e para a cultura em Portugal". Nada de novo portanto, temos direito a ouvir a mesma música de sempre... mas onde não deixei de achar curioso as palavras utilizadas e que nos demonstram bem a posição da SPA.

Bastará olhar para o título: "SPA condena veto do PR à Lei da Cópia Privada e vai lutar pelo que é justo para os autores"; e de forma idêntica, para a frase que encerra o comunicado: "A SPA apela aos milhares de autores portugueses para que fiquem unidos e mobilizados em torno de um combate fundamental para a defesa dos seus direitos e interesses."

Não nos surpreende que a SPA queira olhar pelos interesses dos "autores"; mas fica claramente demonstrado que não têm qualquer interesse em lutar pelo que é "justo para os autores" em detrimento do que é justo para todo o resto da população. Algo que, por surpreendente que tenha sido, até Cavaco Silva compreendeu.

A SPA demonstra assim o seu total alheamento e desfasamento da realidade do país em que opera, assim como de todas as mudanças que a internet e novas tecnologias vieram proporcionar; insistindo sempre na mesma tecla como se tudo se mantivesse como "era dantes". Aliás, fico mesmo chocado pela recorrente noção de que ser "autor" deverá ser, só por sí, ser garantia de subsistência. Se calhar esquecem-se que a "cultura" só existe se houver uma população que dela possa tirar partido (e a promova). Já nos chegam muitos exemplos que temos de apoios "à cultura" que resultam em autênticas aberrações que 99.999% da população consideraria lixo - mas que ainda assim garantiram muitos milhares de euros aos seus "autores" (consagrados, ou não).

Um autor que seja sério, não tem problemas em assumir que depende dos seus fãs, leitores, público, espectadores, para poder sobreviver - porque motivo está tão empenhada a SPA em tentar subverter esse princípio justo promovendo a obtusa e completamente injusta ideia de que se deverá roubar todos os portugueses em função dos gigabytes que possam comprar?

4 comentários:

  1. Quer dizer, o homem fez a boa acção do ano e vêm esses palermas com o chorinho?
    "aiii que sem a taxa não posso trocar de Mercedes de 6 em 6 meses"
    Vão pro.............

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  2. Vamos ver quem são os autores que vêm defender "os seus direitos e interesses". Os poucos que conheço são absolutamente contra, para um deles isto até foi a gota de água que o fez rescindir com a SPA...

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  3. Eu como cidadão Português também "lamento" que existam associações que só olham para o bolso deles e dos amigos deles.
    E mais do que isso, "lamento" ainda mais que seja permitiro legalmente este tipo de circlejerk criar associações para EXTORQUIR dinheiro ao cidadão comum como eu e vocês...

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  4. post dum amigo aqui há uns dias:

    «Ontem fui identificado pela PSP por causa de uma "denúncia" desta pandilha. O crime: interpretar em público temas que não se encontram registados na "sociedade de autores". E ainda me arrisco a ser ouvido (na PSP, no MP ou na ASAE). Não vai dar em nada, mas ainda gostava de saber quanto custam ao Estado estas "denúncias" e todos os procedimentos que desencadeiam. Só por curiosidade.
    A "sociedade de autores" enviou uma denúncia à PSP - que fez deslocar dois agentes, pagos por nós, ao local - de que poderia haver malta a tocar temas registados sem pagar os devidos direitos de autor.

    A autoria dos temas que Waste Disposal Machine andam a tocar actualmente é atribuída a duas pessoas que não são sócias da "sociedade de autores" (sendo que nas suas edições discográficas toda a autoria de todos os temas é creditada ao colectivo Waste Disposal Machine).

    By the way, nada a apontar ao comportamento dos agentes da PSP que se deslocaram ao local. O que espanta é o poder que uma instituição privada tem neste país e capacidade de mobilizar meios para fiscalizar algo que deviam ser os inspectores da tal "sociedade" a fazer.»

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