Vivemos numa era em que os departamentos de marketing já perderam toda e qualquer vergonha, chegando ao ponto de mentir descaradamente e de tentar redefinir o significado das palavras (bastará relembrar as campanhas de "tráfego ilimitado"... com limites). E uma das áreas em que isso acontece de forma completamente abusiva, é no suposto refresh rate dos televisores.
No tempo dos velhos ecrãs CRT e do seu processo de varrimento entrelaçado, facilmente se notavam as melhorias ao passar de um televisor de 50Hz para um de 100Hz (ou de 60 para 120Hz no caso das versões para os EUA.) Com os LCDs, o processo deixou de estar dependente desse varrimento, mas isso não impediu os fabricantes de continuarem a inflacionar os números, chegando actualmente a valores completamente ridículos, de 1440 e até 4200Hz que são uma completa... treta!
Na melhor tradição dos profissionais de marketing, cada fabricante inventou o seu próprio sistema, para ter a liberdade para manipular os resultados conforme lhe der jeito, e sem estar sujeito a coisas tão incómodas como a realidade. Na Samsung temos o "Motion Rate", na Sony é o "MotionFlow", na LG é o "TruMotion" ou "Motion Clarity Index", na Vizio é o "Effective Refresh Rate" (muito pouco efectivo, como veremos), e na Panasonic é o "Backlight Scan". Tudo nomes que só servem para tentar iludir os potenciais clientes.
Em todos eles, os valores de refresh rate apresentados são inflacionados para cerca do dobro ou mais, com uma única excepção, para os modelos Full HD da Samsung de 2015, onde o valor acaba por ser real. Em todos os outros, ter televisores que anunciam 120 ou 240Hz é sinónimo de ter um painel que é de apenas 60Hz; velocidades de 240 a 1440Hz traduzem-se na realidade para um painel de 120Hz; e os raros casos de painéis com 240Hz reais, são inflacionados nos autocolantes para valores absurdos de 4200Hz.
Na sua versão mais básica, este refresh rate acrescido limita-se apenas a apresentar repetidamente os mesmos frames, o que tem impacto praticamente nulo na imagem final.
Mas depois temos os casos em que estes refresh rates mais elevados são acompanhados por sistemas de processamento adicional que fazem interpolação das imagens de modo a criar novos frames intermédio para preencher os espaços entre os frames reais. A ideia é boa (eu bem que sou apologista de que nesta altura já se deveria ter adoptado os 120Hz como framerate de base) mas o processo cria um efeito que é considerado pouco "natural" e faz com que os filmes de cinema (de 24fps) passem a ter um aspecto que parece de "telenovela" (gravadas em vídeo).
Mas independentemente do que se ache deste efeito e do processamento, o que importa realçar é que não deverão deixar que sejam os 600, 900 ou mais de 1000Hz referidos por um vendedor a decidir o vosso próximo televisor. O mais provável é que o televisor tenha um painel que só mostra 60 imagens por segundo, ou 120 no máximo... e contra factos não há argumentos!
Eu tive um problema desses com essa interpolação de frames no meu monitor da asus, basicamente punha me um sombreado nos contornos das coisas, até pensei que estava com problemas na gráfica, desliguei isso é ficou tudo OK xD
ResponderEliminarIsto dos FPS tem muito que se lhe diga, principalmente pela ausência do motion blur, a razão pela qual os jogos e animações computorizados tem de ter 60 fps prende-se com o facto de cada frame ser uma exposição instantânea de cada momento, aka para termos motion blur temos de de obrigar o nossos olhos a criar este pois em cada frame que vemos temos a sobreposição de varias posições. No cinema cada fotograma tem um tempo de exposição logo tem motion blur que quando vemos parece completamente natural, equanto num computador 24 fps provoca movimentos aparentemente saltitantes, decorre assim do que disse que interpolação de posições devera retirar assim boa parte do motion blur que uma boa câmara com uma boa lente criará. AKA bad idea.
ResponderEliminarMuito bom e útil artigo.
ResponderEliminarGostaria só de fazer uma pequena correcção. Apresentar repetidamente os mesmos frames não parece ter impacto na imagem final (nem em slowmotion) mas tem, principalmente a nível sub-consciente. A percepção de qualidade da imagem é muito melhor quando o frame é repetido várias vezes. Não é uma questão ocular, é uma questão de funcionamento do cérebro.
É como quando nos testes de visionamento, ao reduzirem a qualidade da imagem, o público diz que a qualidade de imagem piorou, mas quando o teste implica reduzir a qualidade do audio e manter a qualidade de imagem, o público diz unanimemente que a qualidade de imagem piorou bastante, e nem sequer refere o audio.
O nosso cérebro é tramado...
Se a imagem for repetida mais vezes do que aquelas que o LCD consegue refrescar-se, ou seja, se o tempo que medeia entre cada frame for inferior ao tempo de latência do painel, então não há ganho rigorosamente nenhum.
EliminarUnderstanding Clear Motion Rate (CMR)
ResponderEliminarAUGUST 23, 2011
Though it might seem like an unfamiliar term, CMR — or Clear Motion Rate — is a concept that's nonetheless easy to understand and utilize. Samsung TV is proud to be the pioneer of CMR methodology, and we think it is a great way to get amazing picture quality through the simplest means available.
What is CMR?
Clear Motion Rate is a motion clarity standard put forth by Samsung Televisions in order to replace what is commonly known as the "refresh rate" associated with many televisions. This is especially helpful when watching quickly moving scenes or high action content, as standard TV is often inaccurate when measuring the resolution of a moving scene.
How does CMR work?
Refresh rate is a quality of your display's panel speed, but it isn't the only factor in producing a clear motion picture. So even though different televisions might have similar panel refresh rate speeds, Samsung TV adds factors to assure you'll get the best resolution from a moving scene. Here are the components that serve as the basis for Samsung CMR:
HyperReal Engine – This engine for Samsung Televisions processes moving images to reach the optimal image quality.
Advanced Backlight System – The advanced backlight of LED/LCD screens works in harmony with the HyperReal Engine to deliver crisp and reactive backlight to a moving scene.
Ultra Clear Panel – Samsung TV panel technology has over 20% higher contrast ratio compared to other HD panels, as well as faster processing time.
These factors, along with fine pixel detail and overall high product quality produce a high Clear Motion Rate. The higher the CMR, the clearer your motion picture quality will be.
Infelizmente são tudo termos que, mesmo tendo por base técnicas que poderão ser de interesse, acabam por ser "hiperbolizadas" pelo marketing ao ponto de serem autênticas "banha-da-cobra".
EliminarBastará pegar no "... crisp (...) backlight" como exemplo...