MAPINET não gostou que o SAPO usasse termo "Pirata da Criatividade"

A MAPINET tem estado em alta (leia-se: "baixa") no dia de hoje, e depois do seu site ter ficado offline vimos descobrir ao ponto a que chegam as suas manobras de bastidores, que parecem visar toda e qualquer referência a piratas, mesmo quando são feitas de forma positiva como aconteceu com os Prémio SAPO.

Nos Prémio SAPO faz-se a alusão a um tal Pirata da Criatividade, termo que parece estar a incomodar a MAPiNET ao ponto de os levar a contactar o SAPO no sentido de mudarem essa designação e referência:

"...imagem essa cuja semiótica contemporânea e localizada no meio em questão (informático e digital), remete com grande incidência o público para a imagem do utilizador de Internet que consome conteúdos protegidos por direito de autor ou disponibiliza-os de forma ilegal."

A verborreia de palavras caras sobe de nível no parágrafo seguinte:

"Acrescendo a estes desideratos, verifica-se ainda que no presente assiste-se a um momento charneira importante e exemplar, não somente a nível nacional mas também com repercussões a nível europeu, que consistiu na celebração de um memorando de entendimento, em Julho de 2015, alavancado pela Secretaria de Estado da Cultura, que coloca todas as associações nacionais relativas às indústrias culturais, com intermediação pelo MAPiNET, em estreita colaboração com os ISPs, na qual o grupo
SAPO faz parte, que permite um notice & takedown rápido e eficaz. "

E finalmente chegando ao ponto principal, de pedirem ao SAPO que mudasse a designação e mascote do temível e indesejável "pirata"!

"Assim, gostaríamos que V.Exas. pudessem atentar à comunicação que utilizaram aquando de referirem, e passamos a citar: “Procuram-se os Piratas da Criatividade mais corajosos”, bem como a mascote publicitário do evento, que demonstra um pirata com um sapo, transformando-a numa mensagem de respeito pelos direitos de autor de forma inequívoca e pedagógica."

... Imagino que até lhes deva dar "alergia" saber que existe um filme chamado "Pirates of Silicon Valley", e que aborda precisamente a história da génese de duas empresas sem as quais provavelmente hoje a pirataria ainda estaria apenas associada aos sete mares, a Microsoft e a Apple. Mas pronto, nada como se agarrem ao passado e se entreterem a chatear todos os que ousem usar a palavra pirata ou imagem alusiva, do que olharem para o futuro e se empenharem em medidas que realmente teriam efeito na redução da pirataria.

Por exemplo, poderiam começar por trabalhar no sentido de abolir as fronteiras regionais, que fazem com que muitos conteúdos só fiquem disponíveis em certos países e não noutros, para que - por exemplo, por cá se tivesse um catálogo do Netflix idêntico ao que existe nos EUA, sem ter que se recorrer a artimanhas para o fazer - isto, num serviço pelo qual se está a pagar, refira-se! Que tal isto como objectivo desiderato charneira?


Segue-se a carta enviada pela MAPiNET ao SAPO, divulgada por uma ex-colaboradora do SAPO.