2016/02/02
Google quer controlo total sobre os Nexus (ao estilo Apple)
Parece que estamos prestes a entrar numa nova era para a linha Nexus, com a Google a querer total controlo sobre a concepção e design destes modelos, em vez de deixar que isso fique nas mãos dos seus parceiros associados.
Até custa relembrar que a revolução Android começou com um único smartphone Nexus, e que demorou vários meses até que se começasse a ter outros dispositivos no mercado. Mas, modelo após modelo, lá se foi criando uma enchente que agora inunda todo o mundo com milhares de milhões de dispositivos.
A produção dos Nexus é feita em estreita colaboração da Google com os parceiros seleccionados para cada um dos modelos (actualmente a LG e Huawei, no caso do 5X e 6P), mas isso significa que a Google também fica limitada pelo que esses fabricantes disponibilizam ou estão dispostos a fazer. Limitações das quais a Google se quer livrar, passando a ter total controlo sobre os dispositivos que quer fazer, e limitando-se a encomendar a sua produção a um fabricante - ao estilo do que a Apple faz com a Foxconn.
É algo que a Google já faz noutros produtos, como o Chromebook Pixel ou os Chromecast; e acaba por fazer sentido que tal aconteça também nos smartphones. O problema é que, ao contrário destes equipamentos, os smartphones tocam num ponto sensível da relação com os seus parceiros. Máquinas como os Nexus 7, Nexus 4 e Nexus 5 foram produtos de enorme sucesso devido a um preço bastante atractivo - mas onde cada unidade vendida representava menos uma unidade que um parceiro poderia ter vendido. Com o Nexus 6 (e os mais recentes 5X e 6P) a política de preços foi revista, e o resultado não tardou em se fazer sentir: a grande maioria dos fãs dos Nexus absteve-se, e em consequência modelos como o 5X e 6P já baixaram de preço repetidas vezes numa questão de meses.
Com o segmento económico dos Android a estar mais que tratado por dezenas de fabricantes, é de prever que a táctica da Google seja o segmento superior, para causar mossa na principal fonte de lucro da Apple: os iPhones. E para isso não será preciso muito. A Google já demonstrou com os Pixel que sabe fazer hardware em condições, e não seria complicado aplicar a mesma coisa aos smartphones. A diferença é que aqui a Google poderia dar-se ao luxo de vender estes smartphones Nexus a "preço de custo", pois o seu lucro seria conseguido indirectamente com cada utilizador "roubado" ao iOS.
Mas, claro que esta técnica não funcionaria apenas para roubar clientes à Apple, mas também à Samsung e outros fabricantes, pelo que... faltaria ver de que forma é que isto iria afectar a sua relação com eles (embora, nesta fase, não me parece que qualquer um deles se pudesse aventurar a abandonar o Android - nem mesmo a Samsung com o seu Tizen - afinal, até a Microsoft está a ter grande dificuldade em manter o seu Windows 10 mobile.)
... Teremos que esperar para ver, e sem dúvida que a próxima geração de Nexus já nos permitirá perceber melhor quais são as intenções da Google.
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Só me vem uma pergunta à cabeça: Porque se desfez da Motorola?!?!?
ResponderEliminarSe tinha em mãos um fabricante, com capacidade e provas dadas...
Ainda por cima, para ser condenada ao desaparecimento.
A Google comprou a Motorola pelas patentes. Foi tão simples quanto isso. A Lenovo quando levou a Motorola, levou o uso de varias por vários anos, mas foi isso.
EliminarCertamente a ideia da google não iria concorrer com quem lhes dá de comer, não naquela altura. Agora as coisas poderão ter mudado de figura, mas a ver vamos.
Isto para não falar que logisticamente é bem mais simples subcontratar uma empresa como a Foxconn que manter a Motorola...
É muito mais provável que esses Nexus by Google roubem clientes à Samsung, Motorola, LG, etc. que à Apple. Na verdade no mercado que interessa (o topo de linha) o Android está muito atrás do iOS em termos de mercado. Perder clientes para um cliente para o iOS e ganhar cinco que comprem telemóveis de 80 euros pode representar um ganho estatístico notável, mas em termos de mercado é um desastre. Seria como o grupo LVMH perdesse uma cliente de suas bolsas de 30 mil euros e ganhasse várias que compram porta-moedas de 400. Infelizmente para a concorrência o que vê são cada vez mais clientes de topo abandonarem o sistema do Google e irem para o da Maçã de Cupertino. Acontecerá com o Google nos móveis o que ocorre com a Microsoft nos PCs? Competir com seus parceiros de hardware, ao apresentar excelentes equipamentos com pouca penetração de mercado?
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