Facebook perdeu o benefício da dúvida - e não será fácil reconquistá-lo

Os relatos sobre os abusos do Facebook têm surgido de forma regular, e deixando a empresa em maus lençóis - mas a pior parte é o efeito que isso vai tendo nos utilizadores do serviço, que lhe deixam de dar o benefício da dúvida de que poderia usufruir noutros tempos.

Uma das últimas investigações refere que o Facebook dava acesso privilegiado à informação dos utilizadores a alguns parceiros especiais, e que entre isso se incluía a capacidade para ler, enviar e eliminar mensagens privadas. Nesta fase, os utilizadores já nem estão preocupados em saber se cada serviço tinha apenas acesso às mensagens que fossem enviadas através das suas apps (como vários viram explicar) ou se tinham mesmo acesso a tudo... Chegamos a um ponto em que, em vez de assumir que as coisas possam não ser assim tão más como são reportadas, se assume que provavelmente são ainda piores faltando apenas descobrir até que ponto!

O Facebook também já perdeu o seu estatuto de ser uma das empresas mais desejadas para se ir trabalhar, com muitos dos seus colaboradores a aproveitarem toda e qualquer oportunidade de saírem para outras empresas; e mesmo as respostas e explicações que tenta ir dando - mesmo na eventualidade de serem sinceras - são prontamente catalogadas como fazendo parte da sua habitual táctica "3D" de controlo de danos: "Delay, Deny, Deflect".

Para uma empresa e fundador que até já andava a passear pelo mundo em "campanha", que mais parecia um ensaio de preparação para futuras aspirações políticas, o Facebook passou do topo para o piso térreo, e em risco de se ir afundando ainda mais. Claro que, tal como o Facebook foi veículo para campanhas de manipulação da opinião pública, agora também se poderá colocar a questão se não estará ele próprio a ser alvo de uma campanha rival... mas quanto a isso, já terá que ser cada um a tentar chegar às suas próprias conclusões.