2019/11/03

Cidade utópica da Google seria um pesadelo para a privacidade dos cidadãos


Os piores receios sobre a "cidade do futuro" planeada pelo Sidewalk Labs da Google (Alphabet) parecem ter sido confirmar-se, demonstrando que há mesmo motivos para ficar bastante preocupado com o caminho que está a ser seguido em Toronto.

O Sidewalk Labs é a divisão da Google dedicada às cidades do futuro, e promete coisas como uma gestão muito mais eficiente dos municípios utilizando todo o tipo de recolha de dados para optimizar esse funcionamento: saber por onde andam as pessoas, optimizar rotas de transportes públicos, detectar potenciais problemas antes de se tornarem "problemas, etc. Mas, vindo da Google, há também toda uma série de preocupações que parecem ter motivos para existir depois de se terem descobertos mais detalhes sobre os seus planos.

Esses planos incluem aquilo que se poderá considerar uma cidade sob total controlo de empresas privadas (incluindo a educação, transportes e até forças da autoridade), e onde seria mantida uma monitorização constante de todos os cidadãos. Quem não aceitasse partilhar essa informação seria penalizado, ficando sem acesso aos serviços de transportes, e no fundo da escala de um sistema de "pontuação social" atribuída a cada cidadão.

Considerando a remoção do "don't be evil" das regras da empresa, não me parece o tipo de planos que inspirem grande confiança para o futuro; e em último caso, podem até acabar por ser contraproducentes para a aceleração da utilização de dados para a optimização do funcionamento das cidades, mas sem componente de invasão do direito à privacidade dos cidadãos.

5 comentários:

  1. 1984 está cada vez mais perto...

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  2. O surgir de novos sistemas ditatoriais novas abordagens políticas e o fim da liberdade é para onde a humanidade caminha.

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  3. Carlos, este artigo parece descrever na perfeição o sistema de "gestão social" em algumas cidades chinesas.

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  4. Estou a 100% de acordo com o Victor Madeira.
    Só me pergunto qual será o melhor sistema. Porque aqui no Ocidente caminhamos para o "sem ordem".

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