2020/03/18

Análise ao Huawei Y6s

Enquanto se aguarda com ansiedade para ver a receptividade do mercado aos novos smartphones Huawei sem Play Store da Google, a marca chinesa vai relançando versões como este Y6s, que ainda mantêm o acesso às apps e serviços da Google.


Com a novela EUA-Huawei ainda sem fim à vista, a marca chinesa vai tirando partido de um vazio legal para lançar smartphones no mercado, apelidando os mesmos de novas versões dos equipamentos já disponíveis no mercado. Esta janela de oportunidade acaba no entanto por ser limitada, com a Huawei a não poder apresentar grandes alterações para conseguir lançar o smartphone como uma nova versão e não um novo modelo.

O Huawei Y6s



O Huawei Y6S é o mais recente exemplo desta política, com a Huawei a fazer chegar ao mercado um smartphone a correr aplicações e serviços da Google, algo que o seu Mate 30 Pro ainda não apresenta, pelo menos de forma oficial (e sem riscos de segurança envolvidos).



O design apresenta apenas uma alteração, com a traseira a exibir duas tonalidades à imagem dos topo de gama da marca, se bem que neste caso, em plástico em vez de vidro. Ao centro, no terço superior, o sensor de impressão digital. À sua esquerda, a câmara traseira e o flash, com o contorno da câmara a apresentar um formato diferente do utilizado no Y6.



Em cima, ao centro, um notch "gota de água", sobre o qual se encontra uma coluna para as chamadas de voz.



As margens do ecrã são relativamente reduzidas (com excepção da inferior), mas o formato arredondado das laterais acaba por dar a ideia que estas são maiores do que efectivamente são na realidade.



Nas laterais, em cima, temos um microfone e uma ficha de 3,5mm para headphones. Em baixo, duas grelhas para saída de som e uma já arcaica porta micro USB.



Na lateral direita, botões de volume e power. Na lateral esquerda, o slot para os cartões SIM e microSD, o qual tem a particularidade de permitir a instalação em simultâneo de dois cartões SIM e um micro SD, algo que poderá ser interessante, para colmatar o reduzido espaço de armazenamento (32GB).



Este Huawei Y6s mede 156.3 x 73.5 x 8 mm e pesa 150g. O ecrã IPS de 6,09" tem uma resolução 720 x 1560 pixels com 282ppp. A câmara traseira apresenta um sensor de 13 MP com uma abertura f/1.8, capaz de gravar vídeo a 1080p@30fps. A câmara frontal apresenta a mesma capacidade para gravação de vídeo, com um sensor de 8 MP f/2.0. Tem uma bateria de 3020mAh, a já referida porta microUSB, rádio FM, Wi-Fi 802.11 b/g/n e Bluetooth 4.2.



Duplo SIM e microSD em simultâneo

As diferenças de hardware face ao Y6 estão no CPU e RAM. O Huawei Y6s apresenta um processador Mediatek MT6765 Helio P35 Octa-core (4x2.3 GHz Cortex-A53 + 4x1.8 GHz Cortex-A53) e 3GB de RAM. De referir que a GPU se mantém inalterada (PowerVR GE8320), assim como o processo de fabrico (12nm).


Em utilização



Ponto prévio. Convém não esquecer que estamos na presença de um equipamento de gama de entrada, logo haverá que ajustar os requisitos para níveis bem inferiores aos que se exige a um topo de gama.


Carregador limitado a uns pouco expressivos 5V/1A


Numa altura em que se arrasta o diferendo com os EUA, é inevitável que a questão software não ganhe uma dimensão acrescida. A interface EMUI, transversal a todos os equipamentos da Huawei, acaba por ter um peso excessivo no comportamento do smartphone. É certo que a marca disponibiliza um conjunto alargado de funcionalidades, mas o seu impacto no desempenho do Y6s acaba por ser algo penalizador.

Sendo certo que o desempenho terá sempre de ser comedido, hoje em dia, não é admissível que um smartphone apresente atrasos no tempo de resposta. No caso deste Huawei Y6s, facilmente se denota alguma falta de rapidez na execução das tarefas mais simples. Para colmatar esta situação, o utilizador pode activar as opções de programador e desligar as animações e com esta alteração, o comportamento do smartphone passa a ser bastante mais agradável.



A EMUI apresenta-se na versão 9.1, assente no Android 9 Pie. Tendo em conta que já passaram 8 meses do lançamento do Android 10 e a EMUI 10 foi apresentada igualmente há vários meses, colocar um smartphone no mercado com uma versão desactualizada do Android, nunca poderá ser um bom cartão de visita, independentemente do segmento de mercado em que o equipamento se insira. Contactada a marca, não há nesta altura informações sobre uma possível actualização para Android 10, ficando este cenário em aberto, mas sem garantia que possa vir a acontecer.



Outra situação difícil de perceber, prende-se com a data do patch de segurança, que há altura desta análise, era datado de Outubro de 2019. A marca assegura que o mesmo será alvo de actualização, não avançando contudo com datas para este efeito.



Falar de EMUI leva a que se enalteça alguns dos pontos fortes desta interface da Huawei. Com o sistema de navegação por gestos a estar reservado para o Android 10, a EMUI 9.1 já disponibiliza uma opção muito bem conseguida para este fim, com o utilizador a poder esconder a barra de navegação na zona inferior do ecrã sem que o desempenho do smartphone seja afectado. A gestão das aplicações a correr em segundo plano e gestão do armazenamento, são outros exemplos da utilidade da interface EMUI, com o utilizador a ter acesso às mesmas funcionalidades disponibilizadas nos topo de gama da marca chinesa.




Há contudo aspectos que podem ser melhorados. O feed da Google está inexplicavelmente omisso e o facto de não se poder utilizar uma interface escura acaba por ser algo decepcionante, isto independentemente de o ecrã não ser AMOLED (não tirando por isso partido da poupança energética). Como alternativa, surge a possibilidade de se instalar o Huawei Assistant de forma manual. Este assistente da marca chinesa está ainda em fase beta, mas podem desde já experimentar as potencialidades disponíveis, sendo esta a alternativa mais simples em termos de assistente.



Outra possibilidade passa por instalar manualmente um launcher com suporte para esta tecnologia, havendo diversas opções (pagas e grátis) para este fim.


A aplicação temas é a porta de entrada num mundo cheio de variedade, com o utilizador a poder optar pelos fundos de ecrã, bloqueio e ícones que mais lhe interessar. Há contudo um aspecto a ter em conta, pois para o poderem fazer, é necessário criar uma conta Huawei, algo que não acontecia anteriormente. Esta mesma conta permitirá gerir o equipamento e aceder aos serviços que a marca disponibiliza para o nosso país.

A bateria de 3020mAh poderia apresentar uma capacidade mais generosa, mas não o fazendo, acaba por ser suficiente para um dia de utilização sem preocupações de maior. Os processadores MediaTek eram acompanhados de um elevado consumo energético, mas hoje em dia, como no caso deste MT6765 são já capazes de apresentar um comportamento que não penaliza a autonomia (com os núcleos Cortex-A53 a darem uma boa contribuição neste sentido).





O processador cumpre o mínimos aceitáveis para uma experiência de utilização que se possa considerar agradável. Quem pretender melhorar a mesma, pode sempre optar por desligar as animações no menu de opções de programador, que se encontra oculto nas definições.


As câmaras



O Huawei Y6s, como de resto seria expectável, está longe de apresentar um conjunto de câmaras que possa impressionar só pelos números. O sensor de 13 MP com uma abertura f/1.8 na câmara traseira e uma câmara frontal com um sensor de 8 MP f/2.0, têm por objectivo cumprir os serviços mínimos.




Para ajudar a cumprir esta missão, a Huawei apresenta uma interface na aplicação da câmara, que está em linha com os equipamentos de gama média e premium, com três zonas de interacção. À esquerda, apenas dois ícones, dando acesso ao controlo do flash e às definições, não disponibilizando funções mais refinadas, como são o caso da detecção automática de cenários (AI), o AI Lens com múltiplas utilidades e aplicação de filtros em tempo real. Do lado direito, duas secções, uma com os modos (limitados...) de fotografia e vídeo e outra com o botão de disparo, ladeado do acesso à galeria e à alternância de câmara.

Huawei Y6s

Em cenários com boa iluminação, os resultados são satisfatórios, com o software a conseguir inclusivamente uma boa definição de contornos, nas imagens com fundo desfocado. O tempo de focagem está longe de ser ultra rápido e as zonas com média luz já obrigam à utilização do flash, limitações que são compreensíveis, num equipamento low cost.


Apreciação final



Ainda limitada pelas restrições impostas pelo governo americano, a Huawei faz uso das ferramentas que tem ao seu dispor, para continuar a servir os consumidores. A reedição de smartphones com pequenos retoques no hardware é uma das opções que actualmente está a ser posta em prática.

Este Huawei Y6s poderia facilmente receber uma melhor classificação, não fosse o facto de ser um equipamento que, quando colocado lado a lado com os seus concorrentes directos, acabe por ver o peso do hardware com um ano de mercado a ter um impacto negativo na sua avaliação.

O software é também um dos pontos afectados, se bem que neste caso em menor escala. Apesar da EMUI 9.1 já desactualizada, apresenta um leque alargado de funcionalidades, muitas delas bastante úteis, como é o caso do sistema de navegação por gestos que agora é a opção preferencial no Android 10. Um patch de segurança já com alguns meses e a indefinição na actualização para uma versão do Android mais recente, são pontos que poderão desapontar os utilizadores que dão especial atenção a estas áreas.

Pelas razões acima expostas, o Huawei Y6s fica-se por um equilibrado "MORNO", havendo contudo a garantia que é um equipamento com alguns argumentos para se bater no segmento de mercado em que se insere, estado disponível com um PVP recomendado a começar nos 149,99€, para a versão de 3GB/32GB.




Huawei Y6s

Morno


Prós
  • Qualidade de construção
  • Funcionalidades da EMUI

Contras
  • Porta microUSB
  • Carregamento lento
  • Actualizações do Android



Huawei Y6s

Morno (3/5)

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